Escrever estas linhas significa que sobrevivi a mais uma edição do Iberanime. Aliás, que sobrevivemos - já é tradição os editores deste espaço marcarem presença naquela que é a maior (e única, até ver) convenção de cultura japonesa e anime em Portugal. Para quem é geek, passe a expressão, ou gosta de animação nipónica o Iberanime representa um dos fins-de-semana mais libertadores do ano; o mesmo se aplica a quem se veste como as suas personagens preferidas de desenhos animados (peço desculpa aos mais sensíveis, mas não me apanham a dizer que anime não é desenho animado) e bandas desenhadas. O evento apresenta-se como uma oportunidade única, uma ou duas vezes por ano, conforme os casos, para se explorar o universo pop japonês e entrar em práticas pouco comuns por cá. Não é todos os dias que se pode sair à rua mascarado de ninja ou pokémon - chamam-lhe cosplay - sem ser gozado, ou pior. Também não é todos os dias que se conhece quem goste de fazer o mesmo. Quem vai ao Iberanime sabe ao que vai; quem não sabe, depressa descobre.
Mas a verdade é que o Iberanime, apesar do conceito inovador num país com um consumo crescente de animes e mangas, continua a não parecer uma convenção. Falta-lhe o tamanho e a tradição. Não que se alimentem ilusões de podermos vir a ter uma espécie de Comic-Con em Portugal, mas daqui a umas edições (e já estão confirmadas, pelo menos, mais quatro, segundo as minhas contas) pode-se aspirar a algo mais. Por agora, e não sendo de todo negativo, o Iberanime assemelha-se mais a uma reunião de gente conhecida, amiga, que calha gostar de coisas parecidas. O que falta em bancas e expositores é compensado em familiaridade e energia. Como me dizia o nosso outro editor (Wladimir Jr. Ribeiro) no sábado, «não falta o que fazer, faltam é actividades interessantes». Explicando, conclui-se que cedo se esgota o que fazer longe do palco principal: percorre-se o recinto em dez minutos, gasta-se meia hora a passar revista às bancas, completam-se as actividades em pouco menos de duas horas, esticando-as ao máximo, e pouco mais. Um dia dá bem para tudo; dois só será ideal para os verdadeiros aficionados.
Estas linhas, em jeito de resenha, começaram a ser esboçadas no próprio evento, num desses tempos mortos. Metralhado com um hit musical sul-coreano, a tarefa não viria a revelar-se fácil e rapidamente foi abandonada. Achei por bem chegar primeiro a casa e colocar as ideias em ordem, longe da excitação e do rebuliço, antes de escrever o que quer que fosse sobre o evento. É que eu, que nem sou dos maiores entusiastas, também gosto daquilo. Falta é uma banca ligada ao Cinema. Fora isso - e as limitações já assinaladas -, tudo porreiro. Nunca imaginei foi encontrar tanta gente que soubesse coreografrar de forma tão exímia a tal batida que dá pelo nome de Gangnam Style. Valha-nos Psy!
António Tavares de Figueiredo
(Fonte da imagem: http://www.demotix.com/)
António Tavares de Figueiredo
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