quinta-feira, 31 de maio de 2012

Drive (2011)

Bastam poucos minutos (e os créditos inciais, dos melhores que têm aparecido nos últimos anos) para perceber que este Drive se encontra demasiado longe dos blockbusters de carros lançados na última década para ser confundido com eles. Esqueçam as corridas ilegais e os carros modificados para lá do razoável. Drive assemelha-se mais a um bom velho filme dos anos 80, às velhas fitas de golpadas que correm mal, a um road movie numa Los Angeles que dificilmente reconheceremos de outras produções.

Ryan Gosling é o Condutor. Mecânico e duplo de cinema durante o dia, à noite vai ganhando a vida como motorista de ladrões e criminosos. Não tem nome, não participa nos golpes, não anda armado. Só conduz. Rodeado por gente de moralidade duvidosa, vive isolado no seu próprio mundo, marginalizado por escolha própria. Até que conhece a sua vizinha, Irene (Carey Mulligan), e o filho dela, Benicio. A aproximação entre os três é quase instântanea, e, por breves momentos, o Condutor chega mesmo a considerar mudar de vida. Só que o marido de Irene, Standard (Oscar Isaac), sai da prisão e volta para junto da sua família. Endividado, Standard é obrigado por um grupo de rufias a assaltar uma casa de penhores. Com a segurança de Irene e Benicio em risco, o Condutor decide ajudá-lo. Só que o golpe não corre como o esperado, colocando a máfia no encalço do Condutor e daqueles que lhe são próximos.

Não vale a pena negar, Gosling é a grande estrela do filme. O que, tendo em conta o seu percurso nos últimos anos, já não deverá surpreender ninguém. A sua figura de justiceiro implacável imerso numa mitologia hollywoodesca que ele próprio criou funde-se facilmente com a da cidade onde a fita se passa, coberta de escuridão e violência. O actor canadiano junta à sua versatilidade como intérprete uma boa dose de carisma, tornando fácil esquecer o exagero ocasional na caracterização da aura de mistério que rodeia o seu Condutor. Curiosamente, é o segundo filme consecutivo realizado por Refn em que a personagem principal pouco ou nada fala. Será coincidência? O resto do elenco vai aparecendo bem, quando pode, e, sobretudo, quando Refn e Gosling deixam. Carey Mulligan, que à semelhança de Gosling vem consolidando a sua carreira de actriz nos últimos tempos, aparece em bom plano, leve e inocente como de costume. Bryan Cranston (cara facilmente reconhecível de séries televisivas como Malcolm in the Middle e Breaking Bad) mostra toda a vulnerabilidade da sua personagem, também ele encantado com os talentos do seu Condutor. Albert Brooks e Ron Perlman têm o mérito de interpretar quase na perfeição um par de vilões sem moral, capazes de tudo para apagar os seus erros. O primeiro vai-se tornando cada vez mais sombrio ao longo da obra, o segundo, ressentido com a chefia da máfia, sádico e vingativo desde a primeira vez que lhe pomos a vista em cima.

Primeiro Cannes. Depois o Mundo. Por último, Hollywood. Drive é uma fita atípica, quase à imagem do seu realizador, Nicolas Winding Refn. O dinamarquês realiza como poucos, trabalhando minuciosamente o posicionamento das câmaras, criando planos e enquadramentos duradouros, capazes de persistir na memória de quem vê as suas obras. É também um dos melhores a representar emoções sem recorrer a diálogos. Bom exemplo disso mesmo será a cena do beijo no elevador, com as luzes a aumentarem de intensidade, varrendo as sombras dos protagonistas da imagem (terá sido o exorcizar dos demónios pessoais do Condutor?). A fotografia de Newton Thomas Sigel é deslumbrante, rica em cores fortes e saturadas, ajudando a construir a iconografia da fita, alicerçada na estética cinematográica de outros tempos devidamente transportada para a tela contemporânea. Tudo servido com excepcional banda sonora da autoria de Cliff Martinez, colaborador frequente de Steven Soderbergh e antigo baterista dos Red Hot Chili Peppers, dominada por sonoridades electrónicas a remeterem para outras décadas, perfeitas para o ambiente nocturno do filme.

É fácil estabelecer paralelos entre Drive e obras como Taxi Driver ou até mesmo Pulp Fiction. Traços de Lynch e de De Palma também não serão complicados de encontrar no trabalho de Refn. O cineasta dinamarquês foi beber a várias fontes em busca de inspiração, sendo notável o resultado alcançado. Mesmo com todas as referências a outros grandes nomes da sétima arte, Drive consegue manter a sua própria identidade, dificilmente quedando em segundo para qualquer outra fita do género. Pelo caminho Refn recebeu o prémio de melhor realizador em Cannes e a fita uma nomeação para Oscar (Melhor Edição de Som). Mais do que as dezenas de fotogramas belíssimos e as quatro ou cinco cenas memoráveis, Drive vale pela sua hora e meia na íntegra. Não será de estranhar que ganhe estatuto de culto num futuro próximo. Por agora, chegará dizer que é do melhor cinema produzido em 2011.


Título Original: Drive (EUA, 2011)
Realizador: Nicolas Winding Refn
Argumento: Hossein Amini (baseado no livro de James Sallis)
Intérpretes: Ryan Gosling, Carey Mulligan, Bryan Cranston, Albert Brooks, Ron Perlman, Oscar Isaac, Christina Hendricks
Música: Cliff Martinez
Fotografia: Newton Thomas Sigel
Género: Acção, Crime, Drama, Thriller
Duração: 100 minutos



Trailer de "The Expendables 2"

Se o primeiro já era explosivo, o segundo será ainda mais! The Expendables 2 tem estreia Mundial marcada para 16 de Agosto, Portugal incluído. Nunca antes tantas estrelas de acção dos anos 80 e 90 estiveram reunidas na mesma fita. É Norris. É Van Damme. É Willis. É Stallone. É Schwarzenegger. E muito mais. Explosões, lutas e muita testosterona! Que mais se pode querer?


quarta-feira, 30 de maio de 2012

Trailer de "Snow White and the Huntsman"

31 de Maio (amanhã) chega às salas de cinema nacionais Snow White and the Huntsman, a mais recente adaptação do conto-de-fadas alemão. Num ano que já contou com outro filme baseado na mesma história (Mirror Mirror), o estreante Rupert Sanders dirige um elenco encabeçado por Kristen Stewart, Chris Hemsworth e Charlize Theron. A produção ficou a cargo dos responsáveis por Alice in Wonderland.


Trailer "Rock of Ages"

Estreia 15 de Junho nos EUA (e em grande parte do resto do Mundo anglófono) Rock of Ages, o mais recente musical de Adam Shankman, realizador do remake de Hairspray e júri habitual do programa So You Think You Can Dance. Contudo, por cá vai ter de se esperar mais de um mês para ver o elenco recheado de estrelas (Tom Cruise, Alec Baldwin e Malin Akerman são só alguns dos nomes mais sonantes) cantar algumas das canções mais emblemáticas do rock dos anos 80: a fita só tem estreia marcada em Portugal para 19 de Julho.


Limitless (2011)

Uma abordagem interessante, às vezes não muito clara, ao potencial cerebral e ao uso descontrolado de narcóticos perigosos, a isso se resume Limitless (2011), de Neil Burger, baseado no romance The Dark Fields, de Alan Glynn. Não é fácil arranjar ideias inovadoras no cinema hoje em dia, no entanto este filme mostra que ainda é possível e mesmo com algumas falhas de argumento consegue incitar a curiosidade de muitos.

 Eddie Morra (Bradley Cooper) é um escritor sem sucesso e desempregado a quem oferecem a oportunidade de mudar a sua vida para melhor, NZT-48, uma droga experimental que permite ao consumidor aumentar exponencialmente o potencial cerebral, consequentemente o seu Q.I. No entanto, quando começa a subir na vida financeira com o mercado das bolsas de valores e a socializar com magnatas como Carl Van Loom (Robert De Niro) torna-se num alvo a abater por entidades desconhecidas que buscam obter o NZT.

Primeira coisa a notar será o método de filmagem e os efeitos visuais que acentuam de maneira criativa o estado de espírito da personagem, quer esteja no estado normal de completa melancolia quer no estado alterado devido a narcóticos, o que transmite ao público tudo aquilo que a personagem está a sentir no momento. Isto também se reflecte no trabalho de realização de Neil Burger, também responsável pelo The Illusionist (2006), que mostra grande criatividade e profissionalismo. Todo o elenco teve um óptimo desempenho, uns mais que outros mas um bom geral. O argumento é várias vezes vitima de falhas em certos e determinados pontos do raciocínio que por vezes atrapalham e evitam que todo o filme se torne mais credível e, mas mantém o factor de originalidade e o factor de questões morais que o tornam interessante e cativante.

No final é um filme que é visualmente apelativo e com um conceito interessante, seria melhor se houvesse a exploração em profundidade do tema central, que acaba por ser um pouco vago. Escusado será dizer, é um filme que recomendo, provavelmente é algo merecedor de duas ou três visualizações, de longe a longe, e será algo que grande parte do público irá apreciar e para os que não gostarem talvez um pouco de NZT faça bem.


Título Original: Limitless (EUA, 2011)
Realizador: Neil Burger
Argumento: Lesley Dixon; Alan Glynn (baseado no livro The Dark Fields)
Intérpretes: Bradley Cooper; Robert De Niro; Abbie Cornish; Andrew Howard; Anna Friel; Johnny Whitworth
Música: Paul Leonard-Morgan
Fotografia: Jo Willems
Género: Acção, Ficção-Científica, Mistério, Thriller
Duração: 105 minutos


terça-feira, 29 de maio de 2012

Posters e Trailer de "Amour"

O vencedor da Palme d'Or na edição de 2012 do Festival de Cinema de Cannes, Amour, de Michael Haneke, só tem estreia comercial prevista em solo nacional para 29 de Novembro deste ano. Até lá, sempre há os posters e o trailer para saciar a curiosidade. Por cá aguarda-se ansiosamente a possibilidade de ver aquele que poderá muito bem ser um dos melhores filmes do ano.




Trailer de "The Great Gatsby"

Já está disponível o primeiro trailer oficial de The Great Gatsby, a mais recente adaptação cinematográfica do Grande Romance Americano da autoria de F. Scott Fitzgerald. Com realização de Baz Luhrmann, a fita conta com nomes como Leonardo DiCaprio, Tobey Maguire, Joel Edgerton e Carey Mulligan nos principais papéis da obra. Com estreia marcada para 25 de Dezembro nos EUA, aguarda-se ainda que seja avançada uma data para Portugal.


segunda-feira, 28 de maio de 2012

Trailer de "The Dark Knight Rises"

Tudo o que é bom tem um fim. O Batman de Nolan não será diferente, com o último capítulo da série, The Dark Knight Rises, a ter estreia agendada em Portugal para 2 de Agosto. 8 anos depois de ter assumido as culpas pelos crimes de Harvey Dent, Bruce Wayne volta a Gotham para enfrentar uma nova geração de vilões. Christian Bale volta a vestir o fato de Batman, com Morgan Freeman, Michael Caine, Gary Oldman e Liam Neeson a regressarem também. Entre as caras novas na franquia destacam-se Anne Hathaway (Catwoman), Joseph Gordon-Levitt (John Blake), Marion Cotillard (Miranda Tate) e Tom Hardy (Bane).


Trailer de "Balas & Bolinhos - o último capítulo"

Dia 6 de Setembro a saga chega ao fim! A última aventura de Tone, Rato, Quim e Bino demorou, mas finalmente foi concluída, com Luís Ismael a ser, mais uma vez, o responsável pelo argumento e realização. Até lá, já existe o trailer de Balas & Bolinhos 3 para matar as saudades do grupo. Como diz Tone, «quem não acredita, vai ter que ver».


domingo, 27 de maio de 2012

Anaconda III (2008)

Anaconda III (3), Offspring, dirigido por Don E.FauntLeRoy e com o argumento de Nicholas Davidoff e David C. Olson, trata-se duma produção simplesmente má, que se torna insuportável pouco tempo após o seu início. A história é sempre acerca do mesmo: uma anaconda de dimensões extremas de alguma forma liberta-se dum laboratório qualquer, começando a atacar pessoas totalmente inocentes por onde quer que passe. As actuações são aborrecidas  e de muito baixo nível. Um tijolo conseguiria demonstrar emoções duma forma bastante mais realista que os intervenientes deste fracasso.

E, como se o argumento e as actuações já não fossem más o suficiente, os efeitos especiais são simplesmente miseráveis. Num filme que foi realizado em 2008 seria de esperar algo com aspectos técnicos muito mais avançados, mas nesta longa-metragem simplesmente desleixaram-se. Qualquer um sabe distinguir as cenas que foram filmadas num cenário real daquelas que foram gravadas em frente a um ecrã verde. Tentaram fazer um filme de acção fascinante que nos prendesse ao sofá de casa, mas o único efeito que a fita teve em mim foi fazer-me levantar para desligar o aparelho.

Não aconselho esta longa-metragem a ninguém, pois trata-se de um puro desperdício de tempo e de dinheiro. Ao saber da existência de mais um filme da franquia Anaconda as minhas expectativas já eram baixíssimas mas, apesar disto tudo, este filme conseguiu desapontar-me, e de que maneira. Resumindo e concluindo, um dos piores filmes do ano de 2008, senão o pior mesmo.


Título Original: Anaconda III (EUA/Roménia, 2008)
Realizador: Don E. FauntLeRoy
Argumento: Nicholas Davidoff, David C. Olson
Intérpretes: David Hasselhoff, Crystal Allen, Ryan McCluskey, Patrick Regis, Anthony Green, John Rhys-Davies
Música: Peter Meisner
Fotografia: Don E. FauntLeRoy
Género: Acção, Ficção-Científica, Terror, Thriller
Duração: 91 minutos



The Tree of Life (2011)

Seria difícil para The Tree of Life usufruir de uma passagem pelas salas de cinema livre de controvérsia. Primeiro, porque o trailer já dava para perceber, pelo menos em parte, o que estava para vir. Segundo, porque apesar de ter ganhado a Palme d'Or em Cannes, metade do público vaiou a decisão do júri em lhe conceder o prémio. Em Itália um cinema projectou o filme na ordem errada durante uma semana, embora sem queixas por parte do público, que julgava tratar-se apenas do estilo de edição vanguardista escolhido por Malick. Nos EUA alguns cinemas viram-se obrigados a colocar avisos sobre a narrativa não-linear da fita quando demasiados clientes confusos começaram a sair a meio e a exigir o reembolso dos bilhetes. Sean Penn, numa entrevista ao periódico francês Le Figaro, admitiu não ter percebido o rumo que Malick pretendeu dar à sua personagem. É assim The Tree of Life, tão fácil de gostar quanto de odiar.

Alguns filmes são assim. Ponto final, parágrafo. No caso de Terrence Malick, tem sido assim a sua carreira. Ave rara numa indústria onde todos os outros ganham a vida a dar a cara e a posar para as objectivas dos fotógrafos, por esta altura o cineasta norte-americano assume-se como um dos últimos verdadeiros perfeccionistas numa arte que cedo se rendeu ao dinheiro e à fama. Malick é um génio, amiúde incompreendido por quem não se quer ao trabalho de tentar entender a sua visão. E The Tree of Life não passa disso mesmo: a sua visão espiritual, a espaços até mesmo religiosa, sobre a vida, a criação, a morte e a (sua) infância.

Pelos olhos de Jack, ora jovem, ora envelhecido, vai-nos sendo mostrado o Mundo de Malick. A sua crença. A sua descrença. A sua família. Criado numa pequena cidade rural no Texas dos anos 50, Jack é o mais velho de três irmãos. Nos seus pais vê as duas facetas de um Deus habituado a adorar: na mãe, o Deus benevolente, no pai, o Deus austero. É nesse ambiente de eterno conflito, tanto interno, como externo, que a inocência de Jack é perdida em actos cada vez maiores e mais graves.

Brad Pitt tem em Mr.O'Brien, o pai, um dos papéis mais interessantes da sua preenchida carreira. Agressivo e austero, pensa que nada na vida é livre de custo e que os bons não estão talhados para ter sucesso. O que não significa que seja mau pai. Jack é interpretado por Sean Penn e por Hunter McCracken, como adulto e jovem, respectivamente. O primeiro tem insuficiente tempo de ecrã para causar qualquer impressão que seja no espectador, o segundo é absolutamente espantoso na pele da sua personagem. E depois há Jessica Chastain. Deslumbrante, a actriz californiana vai roubando todas as atenções para si, tornando impossível ignorá-la sempre que aparece em cena. Dos protagonistas adultos, é ela a que mais se destaca. Tecnicamente, a fita é um manual de cinema, um prodígio dos tempos modernos. A fotografia de Emmanuel Lubezki, nomeada para o Oscar, é simplesmente incrível. Os efeitos visuais utilizados seguem a mesma linha (Malick pediu ajuda a Douglas para os idealizar). A música capaz de conferir à película o carácter épico, quase operático, pretendido. Tudo unido por uma realização que surge próxima da perfeição, com Malick a conseguir de alguma forma impor ordem na sucessão caótica de imagens e planos.

A criação do Universo. O aparecimento da Terra. O nascimento da compaixão. A crença. A descrença. A vida no Texas rural dos anos 50. Tudo em pouco mais de 2 horas de filme. The Tree of Life é a magnum opus de Terrence Malick, simultâneamente simples e complexa na sua essência, incapaz de deixar quem quer seja indiferente depois de a ver. O director de fotografia diz que Malick tem mais seis horas de filmagem, e que pode editar um Director's Cut de quase seis horas que explore melhor a história do filme. O principal problema que se coloca é se haverá alguém com paciência para o ver. Acho que sim. À partida, já se sabia que a Academia dificilmente lhe entregaria qualquer prémio, preferindo de longe escolhas mais seguras e consensuais entre o grande público. «Onde estavas Tu?» - a frase que abre o filme é também a ideal para o fechar. Merece ser recordado? Sim! Porque o Cinema não se faz só de bilheteiras e prémios.


Título Original: The Tree of Life (EUA, 2011)
Realizador: Terrence Malick
Argumento: Terrence Malick
Intérpretes: Brad Pitt, Sean Penn, Jessica Chastain, Hunter McCracken, Laramie Eppler, Tye Sheridan
Música: Alexandre Desplat
Fotografia: Emmanuel Lubezki
Género: Drama
Duração: 139 minutos



Trailer de "Prometheus"

7 de Junho marca a estreia em Portugal de Prometheus, o mais recente filme de Ridley Scott. Com pouca informação disponível sobre a história, a discussão internacional tem-se centrado na relação desta fita com Alien, um dos clássicos da Ficção-Científica realizado por Scott. Com um elenco internacional verdadeiramente espantoso (Fassbender, Noomi Rapace, Idris Elba, Guy Pearce, Patrick Wilson e Charlize Theron reunidos na mesma fita é obra!), Prometheus promete ser um dos filmes mais falados deste Verão.


Trailer de "Brave"

Filme que tenha etiqueta da Pixar será sempre algo em grande. Brave é exemplo disso mesmo, contando com vozes de Kelly Macdonald, Emma Thompson, Billy Connolly, Julie Walters, Kevin McKidd, Craig Ferguson e Robbie Coltrane. O trailer, com narração de Kevin McKidd (o Owen de Grey's Anatomy), serve de amostra para o que aí vem. A estreia está marcada para 16 de Agosto em Portugal.


sábado, 26 de maio de 2012

Bad Teacher (2011)

Elizabeth Halsey (Cameron Diaz) não gosta de crianças. No entanto, como é professora, tem de as aturar o melhor que sabe e pode. O seu objectivo é simples: casar com um homem rico para nunca mais ter de trabalhar. Só que tudo se complica quando o seu noivo (acompanhado pela mãe) descobre as liberdades que Elizabeth toma com a fortuna que ainda não é dela, e cancela o casamento. Falida, Elizabeth concentra toda a sua atenção em encontrar outro homem que a possa sustentar, nem que para isso tenha de arranjar um par de mamas maior.

Quando um filme como Bad Teacher, que se prevê mau, surge é necessário procurar razões para o ver. Nem que seja para depois o podermos criticar. Cameron Diaz é, sem dúvida, a principal razão para esta fita não passar completamente despercebido nos radares cinéfilos, pelo menos nos dos homens. Sex symbol dos últimos anos, Diaz prova que, após uma razoável carreira em dramas, ainda consegue fazer comédias, carregando esta produção ao colo do início ao fim. O resto do elenco também é bom. Justin Timberlake e Jason Segel surgem como faces opostas de uma moeda muito cara a Elizabeth: o companheiro ideal. Lucy Punch é a rival da protagonista e interesse amoroso da personagem interpretada por Timberlake. Já Phyllis Smith aparece como a única amiga de Elizabeth na escola, submissa a quem a trata como um capacho. Mas acaba sempre por voltar tudo a Cameron Diaz, de uma forma ou de outra, reinando a loira sobre os demais, fruto de um star power conquistado através de anos e anos de sucesso acumulado.

Quem decidir ver Bad Teacher que se prepare para um filme leve e com pouco conteúdo. E para uma Cameron Diaz que bebe, pragueja e fuma erva a bel-prazer. Mais do que isso é já exagerar nas expectativas e arriscar uma desilusão. Depois não digam que ninguém vos avisou.


Título Original: Bad Teacher (EUA, 2011)
Realizador: Jake Kasdan
Argumento: Gene Stupnitsky, Lee Eisenberg
Intérpretes: Cameron Diaz, Lucy Punch, Jason Segel, Justin Timberlake, Phyllis Smith
Música: Michael Andrews
Fotografia: Alar Kivilo
Género: Comédia
Duração: 92 minutos



Trailer de "Cosmopolis"

Pode até já ter estreado em Cannes, mas Cosmopolis, o novo filme de David Cronenberg, só chega a Portugal dia 31 de Maio. Baseado no livro de Don DeLillo, esta história claustrofóbica de um homem preso no seu próprio universo conta com nomes como Robert Pattinson (Twilight), Samantha Morton (In America, Control), Jay Baruchel (The Sorcerer's Apprentice), Juliette Binoche (Trois couleurs: Bleu, The English Patient) e Paul Giamatti (Sideways). A produção ficou a cargo do português Paulo Branco.


quinta-feira, 24 de maio de 2012

Trailer de "Total Recall"

Num ano particularmente preenchido no que toca ao cinema Fantástico, estreia 30 de Agosto em Portugal o remake de Total Recall. Realizado por Len Wiseman (responsável por grande parte da saga Underworld, quer como escritor, quer como realizador), a fita conta com Colin Farrell, Kate Beckinsale e Jessica Biel nos papeis principais. A não perder, esta nova adaptação de um dos contos de Philip K. Dick.


quarta-feira, 23 de maio de 2012

Trailer de "Skyfall"

Já foi divulgado o teaser trailer oficial de Skyfall, o mais recente filme de James Bond, desta feita realizado por Sam Mendes (American Beauty, Revolutionary Road). Daniel Craig volta a vestir a pele do agente secreto mais famoso do Mundo, naquele que promete ser um dos filmes mais falados do ano. A estreia em Portugal está prevista para 25 de Outubro deste ano.


Hanna (2011)

Hanna: «Can we still be friends?»
Sophie: «I don't know. I mean, I don't really know who you are, do I?»
Hanna: «That's just it. Neither do I.»

Cedo se percebe que Hanna está longe de ser uma inocente menina. Matar alces não é para todos, muito menos lutar com homens com o dobro do seu tamanho. Viver no Árctico sem electricidade também não é pêra doce. É, Hanna está longe do arquétipo da adolescente indefesa ou da donzela em apuros. Ou, também nunca será demais mencionar, das anteriores personagens interpretadas por Saoirse Ronan. Pormenores demasiado pequenos para não serem facilmente contornados por uma das melhores actrizes da sua geração. O seu pai (Eric Bana) treinou-a para assassinar a mulher que lhe matou a mãe. Só que falar é mais fácil do que fazer, e Marissa Wiegler (Cate Blanchett) vai-se revelar um osso duro de roer. Pelo meio há ainda uma família britânica de férias em Marrocos que acolhe Hanna, um esquadrão de sádicos assassinos alemães e um estranho homem que vive num parque de diversões dedicado aos Irmãos Grimm. E tudo serve para perguntar: afinal, quem é Hanna?

Será Hanna uma pobre rapariga que teve o azar de crescer longe das comodidades do Mundo moderno, educada por um homem com uma agenda demasiado negra, ou uma assassina de sangue frio, com a morte a correr-lhe nas veias? A aura de fantasia, semelhante à de um conto de fadas negro, domina quase completamente a película, com referências aos contos dos Irmãos Grimm a multiplicarem-se ao longo da obra. A banda sonora dos The Chemical Brothers também aponta nessa direcção (é complicado conseguir deixar de assobiar a melodia da deliciosa The Devil Is In The Details), remetendo o espectador para um ambiente próximo da possível fusão entre A Clockwork Orange e as histórias de embalar. Conceitos que, embora ao início possam parecer distantes entre si, combinam quase na perfeição, dando espaço a Hanna para evoluir dentro do seu próprio universo retro-futurista. Assim como se Kubrick de repente fosse um dos Grimm, e Alex DeLarge Rumpelstiltskin.

Este Hanna apresenta-se como um falso filme de acção. Do trio de estrelas só uma está habituada, mesmo que pouco, a entrar em filmes do género (merecedor da dúbia distinção de quase ter assassinado Hulk como personagem), e o próprio realizador claramente prefere as produções de época a estas incursões pelo cinema mais contemporâneo. Contudo, Hanna (filme e personagem) não fica a dever nada a ninguém, afirmando-se como uma alternativa válida dentro de um género sobrelotado na sua maioria por filmes de medíocre qualidade. Mesmo não sendo esta a sua praia, de Joe Wright já sabia ser um dos melhores realizadores da actualidade, e o britânico esforça-se por não desiludir quem nele confiou para timoneiro deste barco (piscadela de olho a Saoirse Ronan, que o requisitou quando o projecto estava ainda sem direcção). Mais: foi capaz de se rodear de uma equipa bastante competente, da fotografia à edição, acabando, inevitavelmente, na banda sonora da autoria dos The Chemical Brothers. Provas do talento de alguém que, por esta altura da sua carreira, já pouco ou nada terá a provar a quem acompanha a sua evolução.

Um elenco fabuloso e uma realização competente mantiveram à tona aquele que poderia muito bem ter sido o naufrágio do ano. Da fita, a tempos demasiado linear e previsível, é possível salvar alguns momentos de enorme qualidade cinematográfica, como as sequências na base subterrânea, a cena da chegada da personagem de Bana a Berlim, ou até mesmo a cena final, carregada de simbolismo e força. E será que já referi a banda sonora? O resultado final podia ter sido melhor, mas Hanna está longe de ser um mau filme. Na fronteira entre o razoável e o bom, talvez. No fim fica ainda por responder: afinal, quem é Hanna?


Título Original: Hanna (Alemanha/EUA/Reino Unido, 2011)
Realizador: Joe Wright
Argumento: Seth Lochhead, David Farr
Intérpretes: Saoirse Ronan, Cate Blanchett, Eric Bana, Olivia Williams, Jason Flemyng, Jessica Barden
Música: The Chemical Brothers
Fotografia: Alwin H. Kuchler
Género: Acção, Crime, Mistério, Thriller
Duração: 111 minutos



terça-feira, 22 de maio de 2012

Push (2009)

Push, realizado em 2009 por Paul McGuigan com argumento de David Bourla, retrata a história de algumas pessoas que se destacam dos comuns mortais devido às suas invulgares capacidades mentais. Uma empresa governamental com o nome de Division tem dedicado o seu tempo a realizar inúmeros testes laboratoriais a este pequeno grupo de pessoas com o intuito de aumentar as suas capacidades, podendo assim criar um exército perfeito. E, para cumprir tal objectivo eles recorrem a uma droga que para além de potenciar as capacidades destas pessoas também as mata lentamente. Todavia, houve uma paciente , por assim dizer, que conseguiu resistir ao medicamento. Mas infelizmente para a Division ela consegue fugir com a tal droga e o filme praticamente gira sempre à volta sua desenfreada fuga.

Apesar do argumento ser algo cliché, algo bastante usual nos dias que correm, o filme está bem conseguido com boas actuações, a salientar a de Dakota Fanning que interpreta o papel de uma rapariga algo incomum e complexa, Cassie Holmes, que perdeu a sua mãe para a Division para ser estudada devido às suas capacidades mentais. Na minha opinião uma actriz bastante versátil e jovem, com um já longo histórico de participações em longas-metragens, que mais uma vez não desilude.

Falando agora na vertente mais técnica os efeitos especiais estão bons sem muitos reparos a serem feitos, uma banda sonora aceitável. O filme em si é interessante, conta com boas representações tendo como único defeito o facto da história ser algo confusa durante o desenrolar da acção. Felizmente para a audiência, o final é bastante inesperado e acaba por esclarecer todas as dúvidas que foram se foram criando durante o filme. Na minha opinião, um filme a não perder que prevejo ter continuação no futuro pois ficaram algumas questões no ar.


Título Original: Push (Canadá/EUA, 2009)
Realizador: Paul McGuigan
Argumento: David Bourla
Intérpretes: Colin Ford, Joel Gretsch, Djimon Hounsou, Dakota Fanning, Camilla Belle, Chris Evans
Música: Neil Davidge
Fotografia: Peter Sova
Género: Acçao, Ficção-Científica, Thriller
Duração: 111 minutos



MacGruber (2010)

Originalmente um pequeno sketch de Saturday Night Live, MacGruber, de Jorma Taccone, traz-nos a paródia que faltava juntar à lista, a paródia a MacGyver que apesar do sucesso nos anos 80 já estava a pedir algo do género. Dificilmente um filme com que muitos realizadores aceitassem trabalhar, no entanto Jorma Taccone, mais conhecido como escritor/realizador de longa data no SNL, decide avançar com o projecto e o resultado é tudo menos desapontante.

MacGruber (Will Forte), um ex-militar condecorado, é chamado de volta ao serviço para evitar uma ameaça terrorista liderada por Dieter Von Cunth (Val Kilmer), responsável pela morte da mulher de MacGruber. Como não poderia deixar de ser, MacGruber é o único capaz de deter a ameaça, com uma equipa escolhida a dedo e técnicas de combate corpo-a-corpo pouco ortodoxas, acompanhadas por grande destreza e grande talento.

Como qualquer paródia, não algo para levar a sério, nem seria de esperar algo muito elaborado e espectacular mas consegue ser uma comédia de acção bastante apelativa. Mantém-se fiel a certos aspectos de MacGyver, nomeadamente o seu talento para pegar num grupo de objectos e transforma-los num engenho para qualquer situação, levando isto a extremos completamente ridículos mas com momentos hilariantes. Jorma parece ter um bom desempenho como realizador para este tipo de paródia, não são muitos os que consigam alargar um sketch de 2 minutos para um filme de 90 mas até saiu melhor do que esperava. As actuações são tipicamente exageradas e caricatas, à que notar a participação de Val Kilmer, que apesar de parecer que faz a mesma personagem em todos os filmes que entra, até foi mediana.

MacGruber é uma daquelas comédias extremistas que uma pessoa dificilmente não gosta, por muito má que seja, e consegue nem que seja só um sorriso. Não é algo digno de grandes menções honrosas mas é um pedaço de filme que diverte e serve para passar um bom tempo.


Título Original: MacGruber (EUA, 2010)
Realizador: Jorma Taccone
Argumento: Jorma Taccone; Will Forte; John Solomon
Intérpretes: Will Forte; Kristen Wig; Ryan Phillipe; Val Kilmer; Powers Boothe
Música: Mathew Compton
Fotografia: Brandon Trost
Género: Comédia; Acção
Duração: 90 minutos



sexta-feira, 18 de maio de 2012

El Artificio (2011), por António Tavares de Figueiredo e Wladimir Jr. Ribeiro

«El cine es (...) el artificio.»

Numa rara ocasião em que duas cabeças pensam mesmo melhor do que uma, os editores do Matinée Portuense decidiram juntar esforços para vos falar de El Artificio, a grande revelação do Fantasporto 2012. O filme que para muitos poderá ter passado despercebido revelou-se uma das mais recentes pérolas do cinema europeu, capaz de entreter, maravilhar e arrebatar quem o decidiu ver.

Quique (Enrique Belloch num papel semi-biográfico) é um realizador que se vê incapaz de realizar. Temendo estar a perder a sua sanidade, Quique pede ajuda a Marta (Maria Josep Peris), sua irmã, numa tentativa de se agarrar ao que lhe ainda é familiar. Marta aceita, na condição de contratarem um enfermeiro para a ajudar a cuidar de Quique. O escolhido é Amador (Paco Martínez Novell), um jovem enfermeiro pouco ligado ao mundo das artes, mas bem intencionado.  O trio de protagonistas vai ter de aprender a viver junto, num convívio nem sempre fácil, mas benéfico para todas as partes envolvidas,

Desengane-se quem pensa que El Artificio se fica pela sua camada superficial. O filme tem muito mais para oferecer do que aquilo que pode parecer à primeira vista. As referências cinematográficas, que vão aparecendo com alguma frequência na fita, e a exploração das várias dicotomias abordadas (cinema/teatro, irmão/irmã, loucura/lucidez) conferem à fita uma riqueza conceptual que se estende por várias camadas de filme. Contudo, o que torna este filme interessante torna-o também pesado e inacessível a grande parte do grande público: não é certo que toda a gente que o veja seja capaz de ultrapassar a superficialidade inicial da película, como também não é certo que todos consigam captar todas as referências cinematográficas presentes em El Artificio.

Filme que preste homenagem a All About Eve, Howard Hawks e Humphrey Bogart será quase sempre capaz de ganhar o coração dos membros desta humilde redacção. El Artificio é capaz de juntar a essas virtudes uma realização arrojada da parte de Jose Enrique March, um meticuloso trabalho de edição e uma fotografia com qualidade bem acima da média. Curiosamente, parte o elenco, com o próprio Belloch à cabeça, é constituída por actores com formação em teatro, o que se vai notando na maneira de abordarem o espaço e os diálogos. Nada de muito preocupante, mas mais um elemento estranho num filme já por si pouco convencional.

De filmes todos nós gostamos, de cinema já não será tanto assim. El Artificio aborda exactamente esse amor do realizador March, do actor Belloch e da personagem Quique pela 7ª arte, transformando-o em algo quase contagiante. Belloch, que à esporádica carreira de actor junta as de encenador teatral e realizador de cinema, diz que este é o seu projecto mais pessoal dentro do seu próprio universo cinematográfico. O resultado final traduz essa sua visão bastante pessoal sobre El Artificio, tornando-o um exercício de cinema muito especial. Mais do que cinema, esta é uma fita que almeja ao estatuto de cinema sobre cinema, honra reservada apenas aos melhores. A perfeição não é alcançada por pouco, talvez devido ao peso conferido à obra, mas no final isso pouco interessará: 30 anos depois de Pestañas Postizas, Enrique Belloch volta a ter um filme digno de culto dentro do panorama do cinema europeu, este por razões mais honrosas.


Título Original: El Artificio (Espanha, 2011)
Realizador: Jose Enrique March
Argumento: Pablo Peris
Intérpretes: Enrique Belloch, Paco Martínez Novell, Maria Josep Peris
Fotografia: Paco Belda
Género: Drama
Duração: 91 minutos




terça-feira, 8 de maio de 2012

Citações: "The Help"

«You is kind. You is smart. You is important.»
Aibileen Clark

«If you can love your enemy, you already have victory.»
Preacher Green

«You my real mama, Aibi.»
Mae Mobley

Bryce Dallas Howard, Emma Stone e Viola Davis em The Help.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

The Help (2011)

Tartes de chocolate e casas-de-banho separadas.

Nos primeiros minutos da fita é complicado perceber se a vitória do Norte na Guerra da Secessão chegou à Jackson de The Help. Lá, as empregadas domésticas, negras, são tratadas pouco melhor do que escravas, e se Lincoln libertou os escravos cem anos antes a palavra não terá chegado a todas as patroas daquela cidadela do Mississipi. A fita começa com o regresso de Skeeter (Emma Stone, num dos seus melhores papeis até à data) a Jackson. Por ter estudado fora, a sua mentalidade desenvolveu-se de forma diferente à das suas amigas, e Skeeter sonha tornar-se escritora e fazer a diferença numa sociedade marcada pela desigualdade social. Decidida a tomar uma posição, vai começar a recolher depoimentos das empregadas domésticas e escrever um livro com base neles. E se ao início ninguém quer falar, cedo a maré muda.

O grande trunfo de The Help é, sem dúvida, o elenco. Viola Davis, Octavia Spencer, Bryce Dallas Howard, Jessica Chastain e Emma Stone estão soberbas cada qual no seu papel. As três nomeações para Oscars recolhidas entre si, com uma das estatuetas (a de Melhor Actriz Secundária) a ir para casa com Octavia Spencer, comprovam a qualidade do que para muitos foi o melhor elenco de 2011. O Oscar de Melhor Actriz também não seria mal entregue a Viola Davis, não concorresse a Aibileen do filme com nomes como Glenn Close e Meryl Streep. A destacar ainda a realização de Tate Taylor, amigo de infância da autora do livro que deu origem à fita, que, talvez por ser de Jackson, conseguiu imprimir na obra um toque bastante pessoal.

Como filme, The Help é razoável. Como alerta social contra os problemas do racismo, é muito mais do que isso. As grilhetas da antiga escravatura não serão exactamente as mesmas da do século passado ou da dos tempos que correm, mas ainda existem. É essa a mensagem de The Help: não voltar a cair nos erros cometidos no passado.


Título Original: The Help (Emiratos Árabes Unidos/EUA/Índia, 2011)
Realizador: Tate Taylor
Argumento: Tate Taylor (baseado no romance de Kathryn Stockett)
Intérpretes: Viola Davis, Emma Stone, Octavia Spencer, Bryce Dallas Howard, Jessica Chastain, Ahna O'Reilly, Chris Lowell
Música: Thomas Newman
Fotografia: Stephen Goldblatt
Género: Drama
Duração: 146 minutos



domingo, 6 de maio de 2012

In Time (2011)

Num futuro em que tempo é, literalmente, dinheiro, os seres humanos foram geneticamente modificados para pararem de envelhecer aos 25 anos. O problema é que a partir dessa altura só lhes é dado mais um ano de vida. Se a quiserem estender, têm de trabalhar. O problema é particularmente grave nos distritos mais pobres, onde a vida é vivida um dia de cada vez.

Will (Justin Timberlake) vive com a sua mãe em Peyton, um dos distritos pobres. Têm conseguido aguentar, mas com os preços a aumentar e os salários a seguirem a direcção oposta têm-lhes sido cada vez mais difícil sobreviver. Até que chega a Peyton um forasteiro com mais de um século para gastar, mudando para sempre a vida de Will. Com o tempo do estranho que acabou de ajudar, Will ascende na hierarquia dos distritos, e cedo dá por si em New Greenwich, lar de gente rica e com demasiado tempo para gastar. É aí que Will conhece Sylvia Weis (Amanda Seyfried), herdeira de um império de casas de empréstimo. Com os Guardiões do Tempo, a polícia lá do sítio, no seu encalço, Will vai iniciar uma luta contra a injustiça e uma sociedade dividida em classes sociais.

A ideia de Ficção-Científica com consciência social não é nova. Aliás, nem é a primeira vez que Andrew Niccol faz uso dela. Esta sua nova empreitada não tem a qualidade de The Truman Show ou de Gattaca, nem seria esse o seu objectivo, mas não saiu tão mal quanto alguns poderiam esperar. Justin Timberlake não pára de me surpreender como actor, mostrando muita mais competência do que esperaria da sua parte, e Amanda Seyfried, mesmo num papel diferente dos seus habituais, continua a mostrar o porquê de ser uma das estrelas mais requisitadas da sua geração. Cillian Murphy volta a fazer de vilão, desta feita menor em comparação com quem o controla. Três boas interpretações a compensarem personagens demasiado pobres para o que se pedia.

In Time é curioso sem ser pretensioso. Não será o melhor dentro do género, mas também estará longe de ser um dos piores. A moralidade gasta um pouco a história, mas, no fundo, era necessária para alcançar o objectivo que Niccol pretendia. Para ver numa tarde de fim-de-semana em que não haja nada de melhor para fazer.


Título Original: In Time (EUA, 2011)
Realizador: Andrew Niccol
Argumento: Andrew Niccol
Intérpretes: Justin Timberlake, Amanda Seyfried, Cillian Murphy, Alex Pettyfer, Matt Bomer, Olivia Wilde, Vincent Kartheiser
Música: Craig Armstrong
Fotografia: Roger Deakins
Género: Acção, Ficção-Científica, Thriller
Duração: 109 minutos



Silent Hill (2006)

A adaptação cinematográfica de um dos franchises de jogos de terror mais populares dos últimos 15 anos, Silent Hill, é nos trazido por Christophe Gans. Sabendo que geralmente as adaptações deste género não costumam transpirar qualidade é muito difícil criar qualquer tipo de expectativa positiva para este filme, felizmente o filme não acaba por cair completamente nas garras da desgraça como outros antecessores.

Sharon (Jodelle Ferland) é victima de vários episódios de sonambulismo durante os quais sonha constantemente com um lugar chamado Silent Hill. Rose Da Silva (Radha Mitchell), a mãe de Sharon, decide levar a filha em busca de Silent Hill numa tentativa de curar a filha do seu sonambulismo. Infelizmente, o caminho para Silent Hill é tudo menos simples e um despiste faz com que Sharon desapareça e Rose acaba presa naquela aldeia amaldiçoada. Enquanto Rose procura a filha, cada vez mais fica a conhecer a história terrível daquela aldeia, que surpreendentemente se entrelaça com a dela.

Provavelmente uma das adaptações de um jogo mais bem conseguida, todo o filme capta a essência que os jogos de Silent Hill costumam transmitir e toda aquela tensão de que qualquer coisa má pode acontecer a qualquer momento. Os efeitos especiais e a caracterização dos monstros é genial e muito bem feito, assim como todo ambiente de thriller psicológico típico dos jogos, no entanto fica-se por aí. As actuações não são nada de especial, às vezes um pouco exageradas, e certas partes do argumento são completamente desnecessárias e confusas para toda a explicação dos acontecimentos, assim como alguns diálogos simplesmente estranhos. 

Qualquer fã dos jogos irá apreciar o filme e sentirá um certo gostinho nostálgico depois de o ver. Para quem não conhece os jogos, continua a ser um filme de terror bastante engraçado, que mesmo com alguns defeitos consegue ser melhor que muitos dos que circulam hoje em dia.


Título Original: Silent Hill (EUA, 2006)
Realizador: Christophe Gans
Argumento: Roger Avary
Intérpretes: Jodelle Ferland;  Radha Mitchell; Sean Bean; Deborah Kara Unger; Laurie Holden; Tanya Allen; Alice Kringe
Música: Jeff Dana; Akira Yamaoka
Fotografia: Dan Laustsen
Género: Thriller; Terror
Duração: 125 minutos



Citações: "Sucker Punch"

«If you don't stand for something, you'll fall for anything.»
Wiseman

«For those who fight for it, life has a flavor the sheltered will never know.» 
Wiseman

E a melhor:

«Don't ever write a check with your mouth you can't cash with your ass.» 
Wiseman

Scott Glenn como Wiseman, o grilo falante de Babydoll em Sucker Punch.

Sucker Punch (2011)

Sucker Punch foi, antes de tudo, um prodígio do marketing. Meses antes de ter estreado já tinha conquistado a sua própria legião de fãs e à data da sua estreia, no final de Março, já era apelidado de «o filme mais esperado do ano». Com tanto trailer, poster e curta-metragem (sim, até curtas-metragens relacionadas com o filme foram disponibilizadas ao público antes do produto principal) era difícil não ficar com as expectativas em alta em relação à película. O pior é que as expectativas elevadas normalmente andam de mãos dadas com uma monumental desilusão, e Sucker Punch não conseguiu escapar a esse triste fado.

Não é a primeira vez que Snyder aproveita mal um dos seus filmes, ou, pelo menos, o seu conceito. Em Sucker Punch o principal problema é o quinteto de protagonistas. Na sua maioria composto por fracas actrizes de poucos recursos dramáticos, a sua interpretação nunca chega a convencer. Emily Browning e Jena Malone ainda se vão safando, já Vanessa Hudgens, longe do seu público habitual, é, discutivelmente, a pior das cinco. Os restantes vão aparecendo quando precisam de aparecer, e tentam, acima de tudo, não interferir em demasia com o filme.

No pólo oposto, os aspectos técnicos da película. A mistura entre fotografia e CGI é deslumbrante, ao ponto de quase fazer esquecer as lacunas da fita. O mesmo se aplica à banda sonora. Com enorme ênfase em "quase". Quase. Snyder teve mais olhos do que barriga, e tentou fazer mais do que a sua capacidade e talento lhe permitem. Na memória ficam as sequências de acção, as fantasias de Babydoll e pouco mais. O que sobra é facilmente olvidável.


Título Original: Sucker Punch (EUA/Canadá, 2011)
Realizador: Zack Snyder
Argumento: Zack Snyder, Steve Shibuya
Intérpretes: Emily Browning, Abbie Cornish, Jena Malone, Vanessa Hudgens, Jamie Chung, Carla Gugino, Oscar Isaac, Scott Glenn, Jon Hamm
Música: Tyler Bates, Marius De Vries
Fotografia: Larry Fong
Género: Acção, Fantasia, Thriller
Duração: 110 minutos


sábado, 5 de maio de 2012

Matinée no Facebook

Para os mais distraídos, o Matinée Portuense já tem página no Facebook. Agora podem-nos seguir mais de perto e estar a par das últimas novidades do Mundo do cinema sem nunca saírem da vossa rede social favorita. É só clicar em "gosto", pessoal.

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Para os utilizadores do Twitter também há solução.

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quinta-feira, 3 de maio de 2012

Protejam os pescoços!

Já falta pouco para os vampiros voltarem a cair nas boas graças do cinema. Pelo menos é o que por aqui se espera. Dark Shadows, de Tim Burton, estreia dia 10 de Maio.

Insidious (2010)

Cresci com filmes de terror. Também é verdade que, salvo raras excepções, cresci a vê-los tornarem-se cada vez piores com o passar do tempo. Longe vão os tempos do terror puro e duro, capaz de tirar o sono aos mais novos durante semanas e fazer os mais corajosos pensar duas vezes antes de decidirem ver outra produção do género. O que a malta quer hoje em dia é terror leve e inconsequente, sem grandes sobressaltos nem sustos.

Insidious não foge muito a essa norma. Nem seria esse o seu objectivo, a avaliar pela forma que foi pensado. Estórias sobre assombrações há muito que não são novidade, e, infelizmente, o tratamento dado a esta não foi o melhor possível. A realização de James Wan também terá ficado longe da ideal, juntando a um início pouco cativante um desenvolvimento frouxo, com uma acção demasiado linear e previsível. No capítulo artístico a conversa não é muito diferente. Patrick Wilson e Rose Byrne por esta altura dispensarão quaisquer apresentações (mais ele do que ela), mas não foram talhados para estas andanças. Se a um argumento fraco somarmos uma realização inadequada e um par de protagonistas incapazes de agarrar a fita sobra pouco do filme para se gostar. É esse o maior problema de Insidious.

A sensação que fica é que Insidious poderia ter resultado melhor como um filme de terror independente, longe dos grandes estúdios e orçamentos. É irónico que um filme de terror sobre o sono seja incapaz de me tirar o meu. Mas parece que é esse o caminho deste novo cinema de terror. As insónias, essas, guardo para Tim Curry e a sua maquilhagem de palhaço - isso sim, meus caros, é terror!


Título Original: Insidious (EUA/Canadá, 2010)
Realizador: James Wan
Argumento: Leigh Whannell
Intérpretes: Patrick Wilson, Rose Byrne, Ty Simpkins,
Lin Shaye, Leigh Whannell, Angus Sampson
Música: Joseph Bishara
Fotografia: David M. Brewer, John R. Leonetti
Género: Terror, Thriller
Duração: 103 minutos