segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Horns (2014)

HORNS, de Alexandre Aja, promete surpreender com humor e verdadeiros momentos alucinantes, não  fosse a falta de organização e coerência este seria o filme do ano. O filme, adaptado do romance de Joe Hill King com o mesmo nome, com duas horas, prolonga-se demasiado mesmo não tendo tempo suficiente para tudo.


Quando a sua namorada, Merrin (Juno Temple), é violada e assassinada, Ig Perrish (Daniel Radcliffe) é defrontado com acusações de toda a comunidade. Sem provas para determinar o que realmente aconteceu, apenas existem especulações e Ig é forçado a viver atormentado. Após uma das suas piores noites, Ig cresce um par de cornos. Um par de cornos que fazem com que todos sucumbam aos seus desejos mais íntimos e confessem os seus maiores segredos. Ig apercebe-se do poder que possui e parte a procura do verdadeiro culpado pela morte de Merrin, mesmo que pelo caminho cause algum caos.

Daniel Radcliffe volta em grande com mais um desempenho interessante, no papel de Ig Perrish consegue dar dinâmica a uma personagem com muita inconsistência. Juntamente com Alexandre Aja, Horns estaria bem encaminhado para se tornar num favorito, uma boa mistura de comédia negra com a quantidade certa de drama trágico. Infelizmente não há coerência suficiente no enredo e o desenvolvimento é muito  indeciso. As personagens giram a volta de um tornado confuso de emoções, que nem o talento dos actores consegue apaziguar e ficamos com alguns momentos pouco convincentes e estranhos. Um argumento com uma das tentativas mais fracas a causar algum tipo mistério, o que imediatamente cortou muito do interesse. Felizmente, Radcliffe e Juno Temple surpreendem pela positiva ao criar alguma química como casal com o pouco que lhes é dado, colocados entre a espada e a parede (neste caso o argumento confuso e as personagens instáveis), conseguem dar algum sentido a muita da desorganização. 

Talvez o melhor aspecto desta visão fantasiosa sejam os seus ocasionais momentos de loucura e prazeres caóticos, Alexandre Aja apenas triunfa na execução destes, deixando muito a desejar no resto do filme. Quando não somos entretidos pelos devaneios, somos aborrecidos pelos momentos mais melodramáticos que nem convencem nem comovem. Este vaivém entorpecido acaba por se tornar cansativo até ao momento que decide esquecer o seu rumo e despenhar-se. Apenas resta o sentimento de que falta mais qualquer coisa e no entanto parece ter coisas a mais.

Horns acaba por agradar ou enfastiar em intervalos, talvez o suficiente para dividir muitas opiniões. O desempenho do elenco e o esforço na realização são os botes salva-vidas, sem os quais esta fantasia diabólica seria mais um trágico naufrágio. 


Título Original: Horns (EUA/Canadá, 2014)
Realizador: Alexandre Aja
Argumento: Keith Bunin, Joe Hill (romance)
Intérpretes: Daniel Radcliffe, Max Minghella, Joe Anderson, Juno Temple, James Remar, David Morse, Heather Graham
Música: Robin Coudert
Fotografia: Frederick Elmes
Género: Drama, Fantasia
Duração: 120 minutos


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