terça-feira, 13 de março de 2012

Keyhole (2011)

Quando vi que Keyhole figurava na lista de melhores filmes canadianos de 2011 da última edição do International Film Guide, não consegui evitar criar expectativas (demasiado) altas em relação à sua qualidade. Ainda para mais sendo uma obra de Guy Maddin, o realizador do formidável My Winnipeg (2007). Pois, mas não poderia estar mais enganado: Keyhole não só não correspondeu às minhas expectativas, como se revelou um dos piores filmes desta edição do Fantas (na nossa opinião, é claro, que há quem possa ter gostado da coisa).

Ulysses Pick (Jason Patric) é um gangster à antiga que decide regressar à casa onde deixou a mulher e os filhos, levando com ele a sua amante e o seu gang. O seu objectivo é simples: chegar ao quarto da mulher, Hyacinth (Isabella Rossellini), no andar de cima. Só que, para isso, terá de passar pelos restantes quartos da casa. Para complicar ainda mais a situação, o gang de Ulysses, descontente com a sua liderança, decide matá-lo. E não é que o diabo da casa está assombrada?

Para quem ainda se estiver a interrogar se leu a sinopse correctamente, é verdade: a casa de Ulysses está assombrada pelos espíritos e emoções das pessoas que lá viveram e, já agora, morreram. Se isto vos lembrar de alguma maneira American Horror Story acreditem que é coincidência: em termos de qualidade e compreensão, os dois produtos não têm nada a ver um com o outro. Além do mais, as assombrações da casa de Ulysses chegam a roçar o ridículo: entre o sogro acorrentado à cama de Hyacinth e a filha envolvida em colares e correntes, passando pelo fantasma masturbador de um dos seus filhos, há motivos de sobra para nos rirmos das assombrações da família Pick. E, caso não bastassem todos estes espíritos para o tirar do sério, Ulysses tem ainda de pedir permissão a Hyacinth sempre que pretende avançar na sua demanda pela casa; parece irritante, não é?

Keyhole tem pouco mais do que o mérito de não se limitar a ser um filme de gangsters. De resto, é tão tremendamente confuso que o seu entendimento será o maior desafio para quem o vê. As interpretações roçam o sofrível, valendo, em parte, pelos demais aspectos técnicos, com direcção artística e trabalho de edição de boa qualidade. A cinematografia também está interessante, mas no meio de tanta assombração perde-se facilmente parte da atmosfera de film noir que a película, provavelmente, almejava alcançar.

Quem gostar de cinema Fantástico e de thrillers sobrenaturais não perderá nada em vê-lo. Para os restantes, Keyhole será como levar um murro na genitália: embora haja a possibilidade de algumas pessoas gostarem, a grande maioria passará bem sem ele.


Título Original: Keyhole (Canadá, 2011)
Realização: Guy Maddin
Argumento: Guy Maddin, George Toles
Intérpretes: Jason Patric, Isabella Rossellini, Udo Kier,
David Wontner, Brooke Palsson, Kevin McDonald
Música: Jason Staczek
Fotografia: Benjamin Kasulke
Género: Drama, Fantasia, Thriller
Duração: 93 minutos



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