quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Lo imposible (2012)

Não são raros os casos em que um trailer é capaz de tirar ao espectador a vontade de ver o filme. Principalmente os que revelam toda a narrativa assim de chofre, manchando a necessidade de descoberta geralmente associada ao Cinema. Quem tivesse visto o material promocional de LO IMPOSIBLE saberia à partida que a família da história seria separada pelo tsunami do sudeste asiático e que andariam durante o filme todo uns à procura dos outros, apenas para se reencontrarem no final. E seriam todos mais felizes e humildes pela experiência vivida, não fosse essa a habitual formulação do género. E, efectivamente, é isso que ali se passa, sem tirar nem pôr. Há, contudo, algo mais a escrever sobre a nova fita de Juan Antonio Bayona.


O espanhol guia o seu segundo filme - depois do curioso El orfanato, que versava também a separação de uma família - com segurança, apesar da dimensão do projecto; toma-lhe as rédeas e confirma o talento que se lhe tinha detectado no título anterior. De forma mais ou menos surpreendente, faz das melhores utilizações recentes da câmara trémula - cuja utilização encontra em Lo imposible o sentido que normalmente lhe falta -, alternando-a eficazmente com planos estáveis e travellings bem encaixados. A direcção fluída de Bayona retira o melhor dos actores - Naomi Watts e Tom Holland misturam quase na perfeição vulnerabilidade e força; Ewan McGregor tem uma das suas interpretações mais sólidas dos últimos anos, capaz de tornar uma simples chamada para casa num dos momentos cinematográficos mais tocantes do ano -, que se superiorizam à banalidade do enredo.

O talento envolvido na recriação do desastre - e daquela sequência em que Watts e Holland navegam à deriva pelas ruas alagadas da cidade - justifica a inclusão de Lo imposible na lista dos filmes visualmente mais impressionantes de 2012. E mesmo que Bayona nem sempre consiga resistir às tentações do melodrama excessivo - que o leva a prolongar interminavelmente os desencontros entre os membros da família - e da universalização da história, o catalão revela-se cada vez menos uma promessa e mais uma certeza. Do based on a true story às vulgares convenções do género, transforma-se uma obra de potencial comezinho num dos filmes-catástrofe mais ambiciosos da última década. Aposta segura.


Título Original: Lo imposible (Espanha, 2012)
Realizador: Juan Antonio Bayona
Argumento: Sergio G. Sánchez, María Belón
Intérpretes: Naomi Watts, Ewan McGregor, Tom Holland, Geraldine Chaplin, Marta Etura, Sönke Möhring
Música: Fernando Velázquez
Fotografia: Óscar Faura
Género: Drama, Thriller
Duração: 114 minutos



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