Captain Louis Renault: «In Casablanca I am master of my fate!»
(apenas para não escolher uma das frases memoráveis que já todos conhecem)
(apenas para não escolher uma das frases memoráveis que já todos conhecem)
Escrever sobre Casablanca é escrever sobre cinema a sério - não há volta a dar, e toda esta crítica podia ser resumida nesta simples, e, no entanto, tão verdadeira frase. Casablanca é o grande clássico do cinema norte-americano, o filme que melhor sintetiza o espírito de quem habita no burgo do Tio Sam.
Numa época dourada para o cinema norte-americano, em que os maiores estúdios de cinema emprestavam as suas estrelas entre si, e em que os filmes lançados eram em muito menor quantidade do que hoje em dia, os filmes tinham o seu grande atractivo no argumento e na história que escolhiam apresentar aos seus espectadores, que, sem televisão, viam no cinema e na rádio as suas maiores fontes de entretenimento.
Em 1942, em plena IIª Guerra Mundial, a Warner Bros., gigante do entretenimento americano, conhecida na época pelas suas posições marcadamente anti-germânicas, decidiu apostar, e bem, em Casablanca, um filme com um argumento adaptado de uma peça de teatro (um musical) que nunca chegou a estrear. Rick Blaine (Humphrey Bogart) é um americano expatriado a residir em Casablanca, ponto obrigatório de passagem para quem queria voar para Lisboa e, consequentemente, para o Novo Mundo; dono do café da moda, onde se joga a dinheiro, se conquistam mulheres, e, ainda mais importante, se compram e vendem vistos (as Letters of Transit), indispensáveis para quem quisesse viajar para a América e escapar à guerra que assolava a Europa, Rick, que se mantém à margem da política, mesmo quando ela é discutida no seu café e pelos seus empregados, vê-se obrigado a enfrentar um passado que julgava já ter esquecido quando entram no seu café Victor Laszlo (Paul Henreid), figura do movimento de resistência clandestino à opressão alemã, e Ilsa Lund (Ingrid Bergman), a mulher que abandonou Rick em Paris.
Num elenco recheado de actores de enorme qualidade, entre os quais se contam Claude Rains (discutivelmente, e para mim, o melhor actor secundário alguma vez projectado num grande ecrã), Paul Henreid, Peter Lorre, Dooley Wilson (o Sam) e Ingrid Bergman, Casablanca vive sobretudo, mas não só, da interpretação inesquecível de Humphrey Bogart como Rick Blaine, o derradeiro herói dos anti-heróis. Bogart, que não se assumia como o habitual galã do cinema americano, correspondendo mais ao estereótipo de bêbedo briguento, deu vida como nenhum outro actor o conseguiria fazer a Rick - e Rick Blaine, o solitário que tinha como destino ajudar os oprimidos, deu vida como nenhuma outra personagem o conseguiu fazer à carreira de Bogart. O Oscar de Melhor Actor escapou-lhe, mas a fama, essa, nunca ninguém lha conseguiria tirar.
Casablanca é o filme que mais se aproxima da perfeição, pelo seu argumento, pelo seu elenco, e, sobretudo, pelo contexto em que foi produzido e originalmente lançado. O seu humor quase negro, a sua miríade de frases repetidas até à quase exaustão em todas as situações possíveis e imagináveis, a sua As Time Goes By, tocada por Sam no seu piano, o seu clímax na cena final, tudo contribui para a mitificação deste belíssimo filme. O momento em que vemos Casablanca é o momento em que começamos a ver, verdadeiramente, cinema - depois de o vermos, nada mais é igual ao que era antes: a água sabe-nos ao mesmo, o Sol brilha como de costume, mas nós, mudados pelo que vimos, queremos, sempre, e para sempre, retornar àquela magnífica cidade aportada na costa africana, símbolo de sonhos concretizados e de liberdade.
Casablanca não é um filme normal. É algo de incomensuravelmente belo, que merece ser revisto sempre que nos apeteça. E, quer queiramos, quer não, a frase que melhor o descreve é aquela que nunca chegou a ser dita: Play it again, Sam.
Numa época dourada para o cinema norte-americano, em que os maiores estúdios de cinema emprestavam as suas estrelas entre si, e em que os filmes lançados eram em muito menor quantidade do que hoje em dia, os filmes tinham o seu grande atractivo no argumento e na história que escolhiam apresentar aos seus espectadores, que, sem televisão, viam no cinema e na rádio as suas maiores fontes de entretenimento.
Em 1942, em plena IIª Guerra Mundial, a Warner Bros., gigante do entretenimento americano, conhecida na época pelas suas posições marcadamente anti-germânicas, decidiu apostar, e bem, em Casablanca, um filme com um argumento adaptado de uma peça de teatro (um musical) que nunca chegou a estrear. Rick Blaine (Humphrey Bogart) é um americano expatriado a residir em Casablanca, ponto obrigatório de passagem para quem queria voar para Lisboa e, consequentemente, para o Novo Mundo; dono do café da moda, onde se joga a dinheiro, se conquistam mulheres, e, ainda mais importante, se compram e vendem vistos (as Letters of Transit), indispensáveis para quem quisesse viajar para a América e escapar à guerra que assolava a Europa, Rick, que se mantém à margem da política, mesmo quando ela é discutida no seu café e pelos seus empregados, vê-se obrigado a enfrentar um passado que julgava já ter esquecido quando entram no seu café Victor Laszlo (Paul Henreid), figura do movimento de resistência clandestino à opressão alemã, e Ilsa Lund (Ingrid Bergman), a mulher que abandonou Rick em Paris.
Num elenco recheado de actores de enorme qualidade, entre os quais se contam Claude Rains (discutivelmente, e para mim, o melhor actor secundário alguma vez projectado num grande ecrã), Paul Henreid, Peter Lorre, Dooley Wilson (o Sam) e Ingrid Bergman, Casablanca vive sobretudo, mas não só, da interpretação inesquecível de Humphrey Bogart como Rick Blaine, o derradeiro herói dos anti-heróis. Bogart, que não se assumia como o habitual galã do cinema americano, correspondendo mais ao estereótipo de bêbedo briguento, deu vida como nenhum outro actor o conseguiria fazer a Rick - e Rick Blaine, o solitário que tinha como destino ajudar os oprimidos, deu vida como nenhuma outra personagem o conseguiu fazer à carreira de Bogart. O Oscar de Melhor Actor escapou-lhe, mas a fama, essa, nunca ninguém lha conseguiria tirar.
Casablanca é o filme que mais se aproxima da perfeição, pelo seu argumento, pelo seu elenco, e, sobretudo, pelo contexto em que foi produzido e originalmente lançado. O seu humor quase negro, a sua miríade de frases repetidas até à quase exaustão em todas as situações possíveis e imagináveis, a sua As Time Goes By, tocada por Sam no seu piano, o seu clímax na cena final, tudo contribui para a mitificação deste belíssimo filme. O momento em que vemos Casablanca é o momento em que começamos a ver, verdadeiramente, cinema - depois de o vermos, nada mais é igual ao que era antes: a água sabe-nos ao mesmo, o Sol brilha como de costume, mas nós, mudados pelo que vimos, queremos, sempre, e para sempre, retornar àquela magnífica cidade aportada na costa africana, símbolo de sonhos concretizados e de liberdade.
Casablanca não é um filme normal. É algo de incomensuravelmente belo, que merece ser revisto sempre que nos apeteça. E, quer queiramos, quer não, a frase que melhor o descreve é aquela que nunca chegou a ser dita: Play it again, Sam.
Ilsa: Play it once, Sam. For old times' sake.
Sam: [lying] I don't know what you mean, Miss Ilsa.
Ilsa: Play it, Sam. Play "As Time Goes By".
Título Original: Casablanca
Realização: Michael Curtiz
Argumento: Julius J. Epstein, Philip G. Epstein, Howard Koch & Murray Burnett e Joan Alison (peça Everybody Comes to Rick's)
Intérpretes: Humphrey Bogart, Ingrid Bergman, Paul Henreid, Claude Rains, Dooley Wilson, Peter Lorre, Conrad Veidt
Música: Max Steiner
Fotografia: Arthur Edeson
Género: Drama, Guerra, Romance
Duração: 102 minutosRealização: Michael Curtiz
Argumento: Julius J. Epstein, Philip G. Epstein, Howard Koch & Murray Burnett e Joan Alison (peça Everybody Comes to Rick's)
Intérpretes: Humphrey Bogart, Ingrid Bergman, Paul Henreid, Claude Rains, Dooley Wilson, Peter Lorre, Conrad Veidt
Música: Max Steiner
Fotografia: Arthur Edeson
Género: Drama, Guerra, Romance
IMDb: 8.8/10
Rotten Tomatoes: 97% (9/10 average rating)
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