terça-feira, 30 de abril de 2013

Nos Bragas #3

Quinta-feira, dia 2 de Maio, o Cineclube FDUP apresenta THE GODDESS OF 1967, de Clara Law.

Design por Teresa Chow

The Goddess of 1967 (2000) é o filme que nos traz Clara Law, nome-charneira da chamada "Segunda Vaga" do cinema de Hong-Kong (anos 80), a mesma em que se integra, por exemplo, Wong Kar-wai, um realizador que o Cineclube já teve oportunidade de exibir. Cineasta focada no tema da diáspora chinesa e dos resultados que essa interculturalidade origina (o amor, a solidão, o choque), é mais uma ambiciosa aposta do Cineclube na divulgação do cinema asiático menos conhecido entre nós.

em Cineclube FDUP

Às 18h15, na sala 0.01 (piso do bar). Entrada gratuita.

Visions du Réel no Doc Alliance

site oficial do Doc Alliance Films disponibiliza gratuitamente até 5 de Maio três filmes da secção Etat d'Esprit do Visions du Réel, um dos mais importantes festivais dedicados a documentários. Oportunidade para ver, entre outros, VATERS GARTEN – DIE LIEBE MEINER ELTERN, de Peter Liechti, presente na edição deste ano do Festival de Berlim.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

8 ½ Festa do Cinema Italiano 2013: depois do aperitivo, os amuse-bouches?

Continuando o tema gastronómico, se os primeiros filmes de um festival podem ser considerados o seu aperitivo, as curtas-metragens serão amuse-bouches. Fitas para ver de um só trago e ir digerindo à medida que vão surgindo. Mas, como na culinária, também no Cinema a mão que mexe a panela tem a sua importância no resultado final. E se pudemos provar uma ou outra pérola gourmet - confeccionadas com os melhores ingredientes e a técnica mais apurada - entre os pratos seleccionados pelo 8 ½ Festa do Cinema Italiano, encontrou-se, igualmente, na ementa uns quantos menos comestíveis, faltos do cuidado exigido à cozinha deste calibre. Outro houve, ainda, que se revelou simplesmente estranho, inesperada iguaria, recomendável para gastrónomos de palato treinado e espírito aberto.

Perdoe-nos, o caro leitor, o anacronismo na habitual ordem da refeição - sobre isso, só podemos acrescentar que a ocasião faz o ladrão -, e desfrute do banquete preparado. Para ler - e comer - numa só dentada.

O bom.

Sempre me disseram que devia reservar no prato o melhor para o fim da refeição. Não fosse, no entanto, o apetite - o meu e o do leitor - perder-se nas espinhas encravadas na garganta, é exactamente por aí que me proponho começar. E logo com CARGO (2012), de Carlo Sironi, filme sobre as redes de tráfico de mulheres que operam na Europa. Ou, melhor, sobre uma dessas mulheres traficadas - a carga -, forçada a prostituir-se numa autoestrada. Se a temática tem sido recorrente nas vagas mais recentes do realismo social, Sironi surpreende, no entanto, pela forma como a filma, afastando-se do acto em si para se concentrar noutros problemas relacionados. Por isso não me admiro que o melhor do filme se encontre num momento de rara cumplicidade entre a prostituta grávida e o chulo/moço-de-recados que julga ser o pai da criança - e que belas interpretações de Lidiya Liberman e Flavius Gordea -, no qual ela lhe confessa que momentos antes lhe chamara stronzo em ucraniano. O melhor da selecção.

Não é difícil imaginar TERRA (2012), de Piero Messina, a ter sucesso em festivais. Pelo menos foi essa a sensação com que fiquei após o ver. O que pode indicar uma de duas coisas - e porque não um pouco de ambas? -: ou é, de facto, um filme muito bem feito, com valores de produção sólidos, ou deixa-se cair num pretensiosismo tal, que às tantas já ninguém percebe o que por lá se passa. Mesmo admitindo que Terra possa sucumbir ao peso da sua própria ambiguidade, é de louvar a inteligência de Messina na construção deste purgatório marítimo e a direcção de fotografia de Diana G. Palombaro, absolutamente deslumbrante. E esperar que a próxima obra do realizador se concretize em algo mais inteligível.

Menos conseguido do que os filmes anteriores - até pela maneira como foi filmado -, mas igualmente interessante, é LA COLPA (2011), de Francesco Prisco. Partindo da ideia de discriminação - com dois polícias a quererem revistar a mala de um indivíduo árabe - para a de preconceito inconsciente, com o advogado que defendeu o árabe a ser também ele levado por comportamentos semelhantes, Prisco explora de forma eficaz o medo irracional associado aos traumas de uma sociedade pós-9/11. Falha, contudo, na construção coerente da sua mensagem, ora negando a utilidade da estereotipagem, ora validando-a. Ultrapassando a condescendência - que tenta esconder sem sucesso -, revela-se uma obra curiosa, embora nem por isso mais necessária. Para mim, um bom menos, daqueles quase a passar para a negativa.

O mau.

CUSUTU ‘N CODDU (2012), de Giovanni La Parola, lembrou-me, pela paleta de cores de que dispõe, os acid westerns de Jodorowsky. Sirva a comparação como uma espécie de elogio - o único possível -, com as cores a dançarem nos limites do contraste e saturação. Pouco sobra desse exercício estético, propositado ou não, resumindo-se o filme a um chorrilho de disparates incapaz de o sustentar. O pior da sessão, e um dos mais indigestos do festival.

TRAINING AUTO GENO (2011), de Astutillo Smeriglia, peca, sobretudo, pelo seu humor brejeiro. Fora isso, funciona como uma engraçada abordagem à questão homens versus mulheres, embora nem por isso mais correcta - as mulheres querem todas casar-se, os homens só pensam em sexo -, tentando colocar em evidência algumas das diferenças entre os géneros. Não sendo bem sucedido no seu objectivo, essa ligeireza que assume logo à partida permite-lhe, pelo menos, parecer menos mau do que Cusutu 'n coddu.

O estranho.

Resistindo à tentação de incluir Terra nesta secção, não consegui o mesmo em relação a DELL' AMMAZZARE IL MAIALE (2011), de Simone Massi. Não que o filme seja péssimo, mas a imagética que manipula torna-o um exercício, no mínimo, bizarro e algo confuso. Personagens que se transformam noutras personagens, saindo do seu corpo, existindo nas suas sombras, espaços que são cães, travellings por camadas de estória - do mais desorientador que já experimentei em animação -, tudo na obra contribui para a formação de um objecto surreal, penetrante e intenso. O que me faz desconfiar que, provida de um significado concreto, a obra poderia ser ainda melhor; não o tendo, é apenas esquisita.

António Tavares de Figueiredo

domingo, 28 de abril de 2013

Sunday Stills #34: "After Hours"



Depois do breve hiato na rubrica, voltamos ao fotograma da semana com Martin Scorsese. E logo com um dos seus filmes mais ignorados - ou menos vistos -, AFTER HOURS. O humor negro de Scorsese esticado aos limites, naquela que é, para mim, a sua melhor obra dos anos 80.

sábado, 27 de abril de 2013

É o Amor (2013)

Inicialmente uma encomenda do Curtas Vila do Conde, É O AMOR marca um afastamento de João Canijo em relação aos bairros sociais que se habituou a filmar. Talvez por isso pareça, à partida, mais alegre e luminoso do que essas obras passadas, objectos pesadíssimos - até pelas técnicas utilizadas para retratar a confusão desses espaços - e representativos de certa degradação.


Também por ser um documentário assumido se faz no sentido contrário ao do anterior Sangue do Meu Sangue, ficção com aproximação ao documental. Aqui é Anabela Moreira, a actriz - e logo uma das melhores da sua geração -, que se imiscui entre as "pessoas reais", na construção de uma personagem para um filme que não existe. Essa vontade de ensaiar um movimento diametralmente oposto ao que se lhe era esperado - mais na linha de Trabalho de Actriz, Trabalho de Actor, um making-of documental com a ficção [a necessidade de entranhar as personagens nos actores] como ponto de partida - será, porventura, o que de mais curioso se encontra em É o Amor.

Não se estranha, portanto, o à vontade com que Canijo documenta, filmando casamentos e momentos mais íntimos, quase como se nem estivesse ali - lá está a sua abordagem observacional a vir ao de cima, o seu lado mais fly on the wall -, deixando as emoções transparecerem sem recurso a artifícios de maior. Ou a sua capacidade de guiar o filme através da música, dando-lhe vida. Menos conseguidas são, contudo, as entradas de Anabela no seu video-diário, em contraste com o tom alegre do resto da fita, virtualmente desnecessárias do ponto de vista emocional, exactamente por estarem já bem definidas noutros trechos da obra. Veja-se, a título de exemplo, aquele magnífico zoom-out perto do fim - e que quase justifica, per se, as mais de duas horas de filme -, com Anabela a chorar no banco de trás da carrinha ao som de Zezé Di Camargo; ou ainda um outro, mais próximo do início, que a coloca isolada na lota. São esses momentos que, demonstrando a rara habilidade de Canijo em captar com a câmara momentos extraordinariamente fortes, melhor ilustram as diferenças entre a actriz citadina e as mestras que acompanha.

Houve alguém que, no final da sessão - que contou com a presença do realizador e do elenco -, comparou a obra a Douro, Faina Fluvial, de Manoel de Oliveira. E não sem a sua razão, acrescente-se. Mas é precisamente na diferença entre as duas obras - que é como quem diz, na recusa de Canijo em abdicar completamente de uma dimensão artificial - que É o Amor falha. É quando se subtrai às Caxinas e se coloca  a câmara na mão de Anabela que mais se sentem os defeitos da visão planeada e se duvida da qualidade do que se tem pela frente. É preciso voltar às mestras, com Sónia Nunes à cabeça, a alma do filme, para se recuperar o encanto, por momentos perdido, do Amor sobre o qual tanto falam.

O que me leva a uma última conclusão: acho que, à semelhança da Anabela, ainda não compreendi totalmente o que isto do Amor. Mas, porra, até eu o acho lindo!


Título Original: É o Amor (Portugal, 2013)
Realizador: João Canijo
Argumento: João Canijo, Anabela Moreira
Intérpretes: Anabela Moreira, Sónia Nunes, Cassilda Pontes, Paula Saraiva
Género: Documentário
Duração: 135 minutos





Maio na Cinemateca

Como os cortes na cultura afectam a programação da Cinemateca Portuguesa, uma instituição de utilidade pública:

Em resultado disto, a Cinemateca anuncia para o próximo mês de maio um programa de características distintas do habitual, em que, à exceção do que é importado temporariamente no âmbito de parcerias previamente acordadas (neste caso, com a FLAD), e uma vez que se trata exclusivamente de material existente no acervo (próprio ou depositado) da instituição, o princípio organizador é apenas o das sessões individuais, sem os normais ciclos temáticos ou de autor.

em Cinemateca Portuguesa

Uma situação verdadeiramente lamentável na divulgação da cultura em Portugal.

terça-feira, 23 de abril de 2013

8 ½ Festa do Cinema Italiano 2013: a família-Estado e a Máfia-negócio, no aperitivo para o fim-de-semana

Admito que é tentador comparar os primeiros dias de um festival de Cinema ao aperitivo de uma refeição. Ainda para mais, sendo o festival dedicado ao Cinema italiano - como é este 8 ½ Festa do Cinema Italiano -, país dado a estas aventuras gastro-cinematográficas. E com comensais habituados a comer tão bem - com os olhos, é claro -, a fasquia só poderia ser elevada.

Sirva-se, portanto, È STATO IL FIGLIO e L’INTERVALLO, obras de estreia a solo de Daniele Ciprì e Leonardo di Costanzo, respectivamente, aperitivos à altura para uma manjar satisfatório. Uma, a estória - ou será história? - de uma família tornada Estado, adepta de tornar desgraças em ganhos, a outra, prisão de dois adolescentes rechonchudos num prédio devoluto, cortesia da Máfia local. Sem indigestões - guardadas para ocasiões futuras -, está aberto o apetite!

È STATO IL FIGLIO, de Daniele Ciprì (Itália, 2012)

Creio, não querendo ser injusto para com o autor, que o grande problema de È STATO IL FIGLIO reside no excesso de ambição cultivado por Daniele Ciprì na sua estreia a solo em longas-metragens. Não que a ambição, principalmente quando bem gerida, seja má (e já lá voltaremos), mas a sensação com que fiquei no final no filme foi a de um passo que, por ser claramente maior do que a perna, saiu em falso. E que, exactamente por não ter onde se apoiar, resulta num trambolhão.

Louve-se, no entanto, o tema escolhido por Ciprì - que acumula a direcção de fotografia com a cadeira de realizador -, bem como alguns dos mecanismos encontrados para o desenvolver. Principalmente o contador-de-desgraças, sentado numa repartição das Finanças, que conta a quem o queira ouvir a história de uma família de classe baixa seduzida pela promessa de dinheiro. A alegoria pensada, ao transformar a família num falso-Estado - que se endivida para saldar outras dívidas e "hipoteca" os próprios filhos a troco do bem-estar económico - perde-se, infelizmente, na impaciência de Ciprì em explorar, redundando em planos frequentemente inconsequentes e ângulos estrambólicos que não encontram justificação em qualquer opção estética coerente. È stato il figlio vale, ainda assim, pelo clímax - filmado com rara clarividência -, momento ímpar de intensidade dentro da obra. Pena que o resto se quede tantos furos abaixo. (ATF)





L’INTERVALLO, de Leonardo di Costanzo (Alemanha/Itália/Suíça, 2012)

Mas se há momentos escrevi que o excesso de ambição prejudicou a estreia a solo de Ciprì, o mesmo não posso dizer da de Leonardo di Costanzo, que a soube dosear melhor. O que faz com que L’INTERVALLO - talvez por ser anti-climático, e, por isso, não viver apenas para um momento - pareça um filme bastante mais equilibrado do que È stato il figlio, fazendo maravilhas de um espaço, à partida, limitador.

Influenciado pela estética neorrealista - e, já agora, pelo cinéma vérité, na câmara que, pela proximidade, provoca os sujeitos -, di Costanzo prende dois adolescentes num prédio abandonado e desprovido de qualquer personalidade. E que, de tão vazio, os obriga, enquanto ocupantes forçados daquele espaço, a interagir com ele, quebrando as suas limitações. Às tantas, imaginam que estão num reality show e levam flores a um fantasma que se julga vaguear pelos corredores quando anoitece. Há qualquer coisa de muito inteligente na obra de di Costanzo, na ideia de não querer ficar agarrado a convenções que não lhe servem. A Máfia aqui também não é a de outros filmes - a de Gomorra, por exemplo, de Matteo Garrone, um monumento do Cinema moderno à sua maneira, é um visão quase-hollywoodesca, com as personagens a citarem Tony Montana -, longe da violência que lhe é habitualmente associada, mais interessada em negociar os termos da libertação da rapariga (o rapaz só lá está para a guardar).

E já que estamos em maré de comparações - e voltando às linhas iniciais -, percebe-se que, em comunidades governadas pelo crime organizado, se consegue mais com menos. No Cinema, o caso é semelhante. E L'intervallo, não sendo perfeito, prova-o bem, especialmente quando comparado a filmes como È stato il figlio. No fim, sobram as decisões tomadas. (ATF)

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Los amantes pasajeros (2013)

Não me lembro de alguma vez ter começado uma resenha neste espaço - ou noutro qualquer, verdade seja dita - pelos próprios títulos. Que é como quem diz, pelo início em si. Também por aí se verá a rara habilidade de Pedro Almodóvar, do qual sou confesso admirador, enquanto autor, avançando logo com uns néons coloridos - e quase epilépticos - ao som de um Für Elise latino. É nesse tom alegre que abre, e se prolonga, LOS AMANTES PASAJEROS, vaudeville aeronáutico de uma tripulação que voa, literalmente, em círculos.


E voa-se em círculos porque não se pode aterrar. Ou porque, aterrando, não haveria filme. Assim, temos um grupo de pessoas, passageiros da primeira classe, hospedeiros e pilotos, presos num mesmo espaço; e, já agora, a um mesmo destino. E enquanto se procura uma solução para o problema, vão-se entregando ao deboche algo kitsch urdido por Almodóvar - apenas ele conseguiria imaginar algo assim -, cenas tão insólitas que, encaixadas, só poderiam fazer sentido. E que, isoladas, não fariam nenhum. Vejam-se, por exemplo, as primeiras cenas na cabina: a torrente de disparates disparados por um dos hospedeiros, amante do piloto, que, incapaz de mentir, admite toda a trapalhada aos passageiros que irromperam por ali adentro. Segue-se uma outra confissão do co-piloto - todos muito honestos -, pretenso heterossexual, que tentou uma felação ao piloto, sem sucesso. Parecendo que não - e admito que, sem o ver, ainda menos sentido fará a sequência conforme descrita -, as peças funcionam em conjunto.

De resto, as principais características do Cinema almodovariano mantêm-se: a cor rica e vibrante, as personagens extravagantes - e há-as para todos os gostos, da vidente virgem aos hospedeiros gays, passando pela dominatrix veterana e paranóica -, a exploração sexual, simultâneamente saudável e viciada. E viciante, que, às tantas, já ninguém quer parar. E confunde-se tudo numa orgia, entre gente acordada e adormecida - fabuloso paralelismo entre os casais, que invertem a posse da consciência na relação -, gente sóbria e intoxicada. Com o som a rebentar nos limites do volume, envolvendo tudo e todos naquele avião possivelmente condenado.

Depois dos labirintos hitchcockianos de uma outra Toledo - e, nem de propósito, o avião sobrevoa a mesma cidade quando se conhece o imbróglio -, uma comédia a romper com os dramalhões aos quais se havia colado. Obra menor ou não - e haverá sempre quem sinta a necessidade de a catalogar com tão injusto rótulo -, é refrescante dar de caras com um filme tão descaradamente vivo e alegre, com momentos tão burlescos como três hospedeiros efeminados a interpretarem um número de cabaret de I'm So Excited, das Pointer Sisters, em pleno corredor da primeira classe. Ou o próprio final, uma nova orgia, desta feita de espuma, que congela o último plano, um chapéu de piloto lançado para o ar. Los amantes pasajeros abraça, em toda a sua despreocupação, a pulsão idiossincrática de Almodóvar, a vontade de transgredir convenções sociais ultrapassadas. Existissem mais filmes assim, tão dados ao nonsense do Cinema em si, e o Mundo seria um lugar melhor. Se não, pelo menos um mais feliz.


Título Original: Los amantes pasajeros (Espanha, 2013)
Realizador: Pedro Almodóvar
Argumento: Pedro Almodóvar
Intérpretes: Javier Cámara, Carlos Areces, Raúl Arévalo, Lola Dueñas, Cecilia Roth, Antonio de la Torre, Hugo Silva, José Luis Torrijo, José María Yazpik, Guillermo Toledo, Blanca Suárez, Antonio Banderas, Penélope Cruz
Música: Alberto Iglesias
Fotografia: José Luis Alcaine
Género: Comédia
Duração: 90 minutos


quarta-feira, 17 de abril de 2013

Paulette (2012)

Comédia aparentemente soft, PAULETTE revela-se, numa análise posterior, um filme bem menos naif do que inicialmente se julga. Não sendo extraordinário - não exageremos nos elogios -, a dimensão social que esconde debaixo dos gags imediatos - e nem sempre bem trabalhados - confere-lhe todo um novo valor. Um valor que, podendo facilmente passar despercebido, acrescenta qualidade ao trabalho apresentado.


Numa Europa arrasada pela crise, filmar uma velhinha, molesta e racista, que vende droga para sobreviver parece mais acertado do que nunca. A reforma não lhe chega, o marido, entretanto falecido, perdeu o restaurante para - e por culpa dos, segundo Paulette - os chineses e a filha causou-se com um polícia negro. O tráfico de droga, que se assume como o negócio preferencial do bairro onde vive, é a solução para os seus problemas, permitindo-lhe algumas das comodidades que se viu obrigada a abandonar. As temáticas de exclusão abordadas por Jérôme Enrico permitem firmar a obra num plano mais sério - ainda que nunca se abandone a tal comédia ligeira ou os gags -, dando-lhe fundo de crítica social. Igualmente interessante é a opção de retratar a velhice nestes moldes, tão distantes dos de gravíssimos monólitos como Amour, de Michael Haneke, e Away from Her, de Sarah Polley.

Há ainda um conceito, mais ou menos óbvio, de reabilitação por detrás de Paulette. Se a personagem - interpretada por Bernadette Lafont, absolutamente carismática - começa o filme a dizer ao neto que não gosta dele por ser preto, depressa muda de atitude perante o miúdo. O mesmo se aplica ao próprio negócio da droga, e à relutância em vender a crianças da primária. São esses pequenos pormenores que fazem com que a obra de Enrico descole do actual marasmo cómico, amiúde vazio de conteúdo. Vale, pela perspicácia demonstrada na reprodução de algumas situações, o preço do bilhete.


Título Original: Paulette (França, 2012)
Realizador: Jérôme Enrico
Argumento: Laurie Aubanel, Jérôme Enrico, Bianca Olsen, Cyril Rambour
Intérpretes: Bernadette Lafont, Carmen Maura, Dominique Lavanant, Françoise Bertin, André Penvern, Ismaël Dramé, Jean-Baptiste Anoumon, Axelle Laffont, Paco Boublard
Música: Michel Ochowiak
Fotografia: Bruno Privat
Género: Comédia, Crime, Drama
Duração: 87 minutos


terça-feira, 16 de abril de 2013

Nos Bragas #2

Quinta-feira, dia 18 de Abril, JE, TU, IL, ELLE, de Chantal Akerman, no Cineclube FDUP.

Design por Teresa Chow

Outra estreia absoluta é a de Chantal Akerman, cineasta que, inspirada na Nouvelle Vague francesa, construiu um percurso único marcado pelo experimentalismo e pela desmontagem das fronteiras entre a ficção (e da narrativa convencional que a ela costumamos associar) e o documentário, num universo pontuado pelas noções de linguagem, tempo e espaço (arquitectónico, também), mas também de solidão ou de intimidade. Je, tu, il, elle (1976) está aí para nos fazer mergulhar nesta idiossincrática filmografia.

em Cineclube FDUP

Às 18h15, na sala 0.01 (piso do bar). Entrada gratuita.

domingo, 14 de abril de 2013

Sunday Stills #33: "Sleeping Beauty"



Depois de uma semana mais parada, o regresso à actividade pelo habitual fotograma da semana. A escolha recai sobre SLEEPING BEAUTY, a provocadora estreia de Julia Leigh. Acordemos, pois, do sono, que já se faz tarde.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Promised Land (2012)

Há muito do Cinema clássico norte-americano em PROMISED LAND. Começando, desde logo, pela clara inspiração nos filmes de Frank Capra - aqueles monumentos ao everyman e ao poder da comunidade - e nos thrillers das corporações - é fácil pensar em, por exemplo, Erin Brockovich, de Steven Soderbergh -, para os quais o filme tende. Nada de novo, portanto.


Não se julgue, no entanto, que o filme representa um mero exercício de reciclagem. Ou não fosse realizado por Gus Van Sant - ainda que manietado, uma vez mais, por argumento alheio -, um dos autores mais interessantes da actualidade. E, por sinal, um dos mais ligados ao legado de Capra, também. Não se estranhe, por isso, o seu envolvimento numa narrativa que opõe uma grande companhia de extracção de gás natural a uma pequena comunidade rural. Ou o hábito de, filmando à distância, fechar muitos dos planos - mérito da competente fotografia de Linus Sandgren - na cara das personagens.

Num filme tão sólido a nível técnico e artístico - Matt Damon e Frances McDormand, não deslumbrando, lá o vão aguentado -, e em que o argumento se revela o elo mais fraco, havia muito pouco por onde errar. Humanizem-se as personagens, demonizem-se as empresas - as malvadas!, só pensam no lucro imediato -, e deixe-se o espectador a sós com a sua consciência: a decisão afigura-se fácil, e a fórmula - que vem de um Capra que encravava as engrenagens da Máquina com o povo - continua a resultar. Quanto mais não seja, Promised Land prova que Gus Van Sant, mesmo quando não pode ser genial, se mantém uns quantos degraus acima da média.


Título original: Promised Land (Emirados Árabes Unidos/EUA, 2012)
Realizador: Gus Van Sant
Argumento: John Krasinski, Matt Damon, Dave Eggers
Intérpretes: Matt Damon, Frances McDormand, Hal Holbrook, Titus Welliver, Rosemarie DeWitt, John Krasinski, Scoot McNairy, Lucas Black
Música: Danny Elfman
Fotografia: Linus Sandgren
Género: Drama
Duração: 106 minutos



Nos Bragas #1

Esta quinta-feira, dia 11 de Abril, o Cineclube FDUP exibe MAMMA ROMA, de Pier Paolo Pasolini.

Design por Teresa Chow

Mamma Roma (1962) mergulha-nos no neo-realismo - tardio e, por isso, mais sofistificado, como que prenunciador das derivas estéticas difusas por vir - de um dos nomes maiores do cinema italiano (e da arte italiana, em geral, do século XX): Pier Paolo Pasolini, em estreia absoluta no Cineclube FDUP, traz-nos a histórica Anna Magnani num dos seus mais comoventes papéis.

em Cineclube FDUP

Às 18h15, na sala 0.01 (piso do bar). Entrada gratuita.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Black & White 2013: os seleccionados (Vídeo)

Já foram anunciados as obras seleccionadas para a competição deste ano do Black & White.

De 22 a 25 de Maio de 2013, a Escola das Artes da Universidade Católica no Porto volta a abrir portas à estética a duas cores. A 10ª edição do Festival Audiovisual Black & White, que recebe vídeos, áudio e fotografias a preto e branco, levará a competição obras provenientes dos 4 cantos do mundo.

Com características únicas a nível mundial, a iniciativa nasceu da necessidade de responder a uma crescente sensibilidade do público para a especificidade do preto e branco, abandonando o preconceito que relaciona esta estética com obras dos primórdios do cinema.

Além da aposta em vídeos e fotografias a duas cores, o festival estimula igualmente a criação de ambientes sonoros que remetam para o "preto e branco".

Ao longo de quatro dias, para além das competições, serão levadas a cabo diversas actividades ligadas ao mundo audiovisual, desde artist talks, screenings, até extensões de outros festivais internacionais. As noites serão também animadas com um programa cultural paralelo.

Foram escolhidas para a secção de Vídeo do certame:

  • 1949, de Paul Florian Muller (Alemanha, ficção – 17:00)
  • 20 HZ, de Ruth Jarman e Joe Gerhardt (Reino Unido, experimental – 5:00)
  • ANDERSARTIG, de Dennis Stein-Schomburg (Alemanha, animação – 4:30)
  • DELL' AMMAZZARE IL MAIALE, de Simone Massi (Itália, animação – 6:00)
  • DEUS ET MACHINA, de Koldo Almandoz (Espanha, ficção – 8:35)
  • DOUBLE TAKE, de J. Tobias Anderson (Suécia, animação – 1:41)
  • FONTELONGA, de Luís Costa (Portugal, documentário – 14:00)
  • FOR THOSE WHO STAY, de Vasco Mendes (Portugal, experimental – 3:26)
  • FROM DAD TO SON, de Nils Knoblich (Alemanha, animação – 5:16)
  • HAMAIKETAKOA, de Telmo Esnal (Espanha, ficção – 4:00)
  • HERMENEUTICS, de Alexei Dmitriev (Rússia, Experimental – 3:15)
  • HOOJI, de Marcello Quintella e Boynard (Brasil, ficção – 17:50)
  • HOTEL AMENITIES, de Julia Guillén Creagh (Espanha, ficção – 14:00)
  • LET EVERYONE CREATE THEIR OWN TITLE, de Jason Wen (Reino Unido, documentário – 8:00)
  • LOOKING FOR SOMETHING (PART ONE: A WINTER VISIT), de Fjodor Donderer (Alemanha, experimental – 12:30)
  • MILK GLASS, de Egor Chichkanov (Rússia, video musical – 5:10)
  • NEGOTIATING REPRESENTATION IN ISRAEL AND PALESTINE, de Huw Wahl. (Israel/Palestina/Reino Unido, documentário – 14:23)
  • NEST, de Tornike Bziava (Geórgia, ficção – 19:00)
  • NON-CITIZENS, de Aliona Gloukhova (Bielorrússia, animação – 12:28)
  • PELUQUERO FUTEBOLERO, de Juan Manuel Aragon (Espanha, ficção – 12:55)
  • SOB / UNDER, de Nuno Prudêncio (Portugal, ficção – 15:00)
  • THE BUTTON, de Ieva Miskinyte (Lituânia, animação – 5:48)
  • THE FEAST, de Boris Seewald (Alemanha, ficção – 3:24)
  • THE FINAL BELL, de Lionel Michaud (França, ficção – 18:51)
  • TIN & TINA, de Rubin Stein (Espanha, ficção – 12:00)
  • WARMTH, de Victor Asliuk (Bielorrússia, documentário – 20:00)

A 10ª edição do Festival Black & White decorrerá entre 22 e 25 de Maio, na Escola das Artes da Universidade Católica no Porto.

domingo, 7 de abril de 2013

Sunday Stills #32: "Green Street Hooligans"



Ontem, no final de A.C.A.B.: ALL COPS ARE BASTARDS - exibido no 8 ½ Festa do Cinema Italiano -, lembrei-me do hooliganismo de Lexi Alexander, bem mais fofinho. Sobre o filme italiano escreverei noutra altura; por ora, deixo um fotograma de GREEN STREET HOOLIGANS, da alemã.

sábado, 6 de abril de 2013

Porto Surf Film Festival, Dia 3

Nunca imaginei acabar uma Páscoa a ver filmes de surf. O Porto Surf Film Festival trocou-me as voltas e proporcionou-me a inesperada oportunidade. Testemunho passado - e que bem passado - pelo Wladimir Jr. Ribeiro, calhou-me assistir às duas últimas sessões do festival. E não saí desiludido do auditório da Biblioteca Almeida Garrett.

A BROKEDOWN MELODY, de Chris Malloy (EUA, 2004)

Antologia de histórias e vivências ligadas ao surf enquanto filosofia - e, na sua maioria, afastadas da sua vertente competitiva -, A BROKEDOWN MELODY mantém grande parte das características geralmente associadas ao subgénero. Assumir-se-á, assim, como um híbrido entre documentário e fita de desporto, misturando narrações em voz-off com planos de gente a praticar a modalidade em vários pontos do globo.

Mas filmar da Jamaica ao Peru, envolvendo tantas localizações e pessoas diferentes, poderá ter-se revelado um projecto demasiado ambicioso. Nasce dessa multiplicidade de situações a sensação de uma fita algo desconjuntada, falta de um fio condutor claro e capaz de ligar todos os seus componentes. Ficam, contudo, a magnífica fotografia de David Homcy, Sonny Miller e Scott Soens - há momentos em que as cores quase extravasam os limites do contraste -, a banda sonora interessantíssima, com músicas de Eddie Vedder, Jack Johnson e Kings of Convenience, e a ideia de que A Brokedown Melody consegue, mesmo que apenas a espaços, ser um obra elegante e de rara beleza. (ATF)


SURFING WITH THE ENEMY, de Scott Braman e Adam Preskill (Cuba/EUA, 2011)

Dois cineastas norte-americanos a rodarem em Cuba; a ideia já daria, por si só, pano para mangas. Mas o que Scott Braman e Adam Preskill descobriram no seio da comunidade surfista cubana é algo de verdadeiramente incrível. O título, SURFING WITH THE ENEMY, apropria-se ao resultado. Resta é descobrir quem é o inimigo no meio disto tudo. Passem-se algumas linhais gerais do filme em revista, não se fosse despejar no leitor informação sem especial sentido: em Cuba, surfar, se não proibido, é visto com maus olhos pelas autoridades. O perigo de alguém se escapulir da ilha com a ajuda de uma prancha é grande - a distância para outros países, o Haiti, a Jamaica, ou até mesmo os EUA, não é enorme -, e desagrada os responsáveis de Havana. O medo é tanto, aliás, que não se pode, sequer, estar perto da praia à noite. Outrossim, as associações e organizações privadas não são permitidas. A comunidade surfista é, portanto, semi-clandestina, para além de pouco desenvolvida.

O que torna ainda mais caricato que a meio surjam uns quantos oficiais do governo - produtores de TV, historiadores e funcionários de ministérios - a gabarem o espírito empreendedor dos surfistas, apoiando a prática da modalidade. Percebe-se também daí o lado activista da obra - e o envolvimento de Lance Henriksen enquanto narrador -, expondo a paranóia de um regime, dirigida neste caso em particular contra um grupo relativamente restrito de pessoas. No final, explica-se o porquê de tanta rigidez: um membro do governo confessa que os surfistas pertencem à vanguarda da sociedade, associada à rebeldia e ao desejo de maior abertura. O medo deixa de ser que eles surfem para os EUA, para passar a que eles mudem Cuba a partir de dentro. Fechou-se com chave de ouro. (ATF)

Trailer de "Only God Forgives"

O novo filme de Nicolas Winding Refn, a julgar pelo trailer - de faixa vermelha, avisa-se -, promete. ONLY GOD FORGIVES, protagonizado por Ryan Gosling, estreará, ao que tudo indica, ainda este ano.


sexta-feira, 5 de abril de 2013

Porto Surf Film Festival, Dia 2

A primeira edição de Porto Surf Film Festival continua pelo seu segundo dia. A proximidade à Páscoa não ajuda na adesão do público, mas ainda se preenchem algumas cadeira. E se o primeiro dia foi uma surpresa, no segundo esperava uma qualidade semelhante. Assim o foi.

Começou o dia com um filme bastante peculiar, SINGLEFIN: YELLOW, e acabamos com umas viagens às águas mais frias dos países nórdicos, com SEA FEVER.

SINGLEFIN: YELLOW, de Jason Baffa (EUA, 2005)

Neste pequeno filme de uma hora, seguimos os caminho de uma prancha de surf amarela especial enquanto é passada de mão em mão por diversos surfistas, usada nas mais diversas condições aquáticas. Funcionando quase como algo simbólico, esta prancha amarela aguarda eternamente pelo próximo fanático de surf para a levar a um lugar diferente.

Um filme bem feito que transmite bem a sua mensagem, que há muitas coisas que todos os surfistas partilham e não são só as pranchas. Com umas imagens bonitas com um ambiente relaxado que acaba por transmitir tudo o que realmente importa neste desporto. SINGLEFIN: YELLOW é, definitivamente, um que vale a pena ver, não só pelos amantes do surf. (WJR)


THICKER THAN WATER, de Jack Johnson, Chris Malloy, Emmett Malloy (EUA, 2000)

Este documentário é bastante agradável de se ver, é um conceito simples, imagens de um grupo de pessoas a praticar surf nos mais variados lugares, ao som de musica boazinha. Talvez a simplicidade da coisa e o efeito relaxante da música sejam o que torna este pequeno filme diferente, talvez o rumo indefinido de toda o filme e as gravações amadoras sejam o que impeça o publico de gostar. A divergência de opiniões em relação a THICKER THAN WATER é capaz de ser consideravelmente grande, mas por cá nem se achou mau de todo.

Thicker Than Water não passa de uma tentativa satisfatória a algo consistente, não tem muito para dar, mas o que dá ainda é bastante sólido e por isso não penso que seja uma completa perda de tempo, embora não valha mais que a primeira visualização. (WJR)

SEA FEVER, de Ken O'Sullivan (Irlanda, 2009)

SEA FEVER é um documentário mais focada num só local, Irlanda, e explora toda a história do surf de alguns indivíduos e do país, assim como uma das maiores ondas que lá reside. Certamente, é um filme bastante direto ao assunto e é competente no que transmite, conhece-mos famílias ligadas ao surf, alguns dos melhores locais e muita ligação entre gerações através deste desporto.

Temos também a oportunidade de ver algumas das condições mais desconfortáveis para a prática do surf, sendo um país nórdico é muito complicada encontrar céu limpo e pouco vento à beira mar. Algumas das imagens que provêm destas condições são muito bem conseguidas e atrairão o mais atento dos observadores. (WJR)

«I do not fear death»

Não me lembro de alguma vez termos assinalado por aqui a morte de alguém. Ou de a termos, sequer, mencionado. Acho que escrevo pelos restantes redactores do Matinée Portuense que preferimos ver o Cinema de uma forma positiva, celebrando quem já partiu através das suas obras. Esta ocasião, contudo, não podia passar em claro.

Morreu ontem Roger Ebert, um dos mais influentes - se não mesmo o mais - críticos de cinema a nível mundial. Com uma carreira de 46 anos, na imprensa escrita - escrevia para o Chicago Sun-Times - e na televisão, dedicou-se a promover a excelência na Sétima Arte. Publicou, ainda, mais de duas dezenas de livros e tornou-se, em 1975, o primeiro crítico de Cinema a receber um Pulitzer.

Numa nota mais pessoal, Ebert foi um dos "responsáveis" - juntamente com um punhado de outros críticos - pela minha introdução nestas brincadeiras cinéfilas. Gostaria de deixar estas suas linhas - donde se destaca, logo a abrir, «I know it is coming, and I do not fear it, because I believe there is nothing on the other side of death to fear.» - como forma de lembrar a sua memória. Foi-se o homem, mas ficou a obra.

Obrigado, Mr. Ebert.

Nero em dose dupla

Hoje, filmes com Franco Nero em Coimbra e no Porto. Cortesia do 8 ½ Festa do Cinema Italiano.

KEOMA (1976), de Enzo G. Castellari

Às 16h30, no Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra.

DJANGO (1966), de Sergio Corbucci

Às 19h30, no Cinema Passos Manuel, no Porto.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Mais insano do que o insano

Nas ruas de Nova Iorque.














TAXI DRIVER (1976), de Martin Scorsese

Cena quase-surreal - e das mais emblemáticas daquele que é considerada por muitos a sua obra-prima - nas ruas de Nova Iorque, a conversa entre Scorsese e De Niro atinge proporções verdadeiramente sinistras. Estará Travis Bickle a interagir com o seu subconsciente? Será aquele passageiro, mais insano do que o insano, um sinal de que Bickle não conseguirá escapar à violência que o rodeia? Seja qual for o significado dado, o trecho em questão é um dos mais atmosféricos do Cinema.

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33 anos após a sua estreia em Portugal, TAXI DRIVER, de Martin Scorsese, regressa esta quinta-feira, 4 de Abril, às salas de cinema nacionais. A reposição, em cópia digital restaurada, insere-se no programa da Columbia Tristar Warner, em parceria com a UCI Cinemas, de exibição em sala de Clássicos da História do Cinema. As sessões terão lugar nos cinemas UCI Arrábida 20, em Vila Nova de Gaia, e UCI El Corte Inglés, em Lisboa.