sexta-feira, 27 de julho de 2012

Banda Sonora: Especial Marés Vivas 2012 dia #3

Ao terceiro do festival, a destruição! Billy Idol e Gogol Bordello tomaram de assalto o palco no Cabedelo e a festa prolongou-se noite adentro, alimentada a ritmos alucinantes e batidas contagiantes.

  • Rebel Yell, de Billy Idol.
A fama que Billy Idol granjeou na década de 80 permitiu que as suas músicas fossem incluídas em vários filmes da época ou produções posteriores que invocassem o tema. Rebel Yell, uma das mais conhecidas, figura na banda sonora de filmes como Sixteen Candles, obra adolescente da autoria de John Hughes.

  •  Start Wearing Purple, de Gogol Bordello.
Longe vão os tempos em que Eugene Hutz e os seus Gogol Bordello eram desconhecidos do grande público. Com uma sonoridade que poderia muito bem ter saído de um qualquer delírio de Emir Kusturica, Hutz e companhia contribuíram para a banda sonora de filmes como Filth and Wisdom e Everything Is Illuminated. Esta, Start Wearing Purple, fez parte do último, estreia como realizador de Liev Schreiber, que conta com o próprio Hutz como co-protagonista.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

God Bless America (2011)

Numa sociedade governada pelo narcisismo e a arrogância do ser humano God Bless America trás uma boa solução para os males do mundo, cortando literalmente esse mal pela raiz. Bobcat Goldthwait conseguiu mais um projecto bom ao nível de World's Greatest Dad, e tenta passar uma mensagem de forma sangrenta e por vezes psicótica.

Frank (Joel Murray) está divorciado, a única filha odeia-o, um dia é repentinamente despedido por tentar socializar com uma colega de trabalho e descobre que tem um tumor cerebral. Com a vida completamente virada do avesso, pensa que o suicídio é a única opção, no entanto ao observar os comportamentos de certas pessoas na televisão chega à conclusão de que não é ele que deve morrer. Acompanhado por Roxy (Tara Lynne Barr), uma adolescente que partilha os mesmo ideais de Frank, viajam pelos Estados Unidos a livrar a população de todas as pessoas que prejudicam a sociedade, ou que são simplesmente desprezíveis. 

Uma comédia negra que contraria toda a cultura pop actual, transmite que tudo o que há de errado na sociedade se deve à população aderente ao que é mainstream, que corrompe o nosso sentido moralidade. Gosto particularmente dos monólogos de Frank, para além de bem elaborados são também bastante esclarecedores e curiosamente correctos, assim como os de Roxy, que, mesmo com diferenças, vão em encontro com os ideais de Frank. Enquanto Frank prefere concentrar-se nas pessoas que são vis e mesquinhas, Roxy segue uma linha de pensamento mais agressiva e acha que todos os que seguem os padrões da sociedade moderna como zombies merecem morrer, desde os que dão high fives a todos os envolvidos em qualquer programa de reality show. Isto em parte é um filme para hipsters, esses deverão adorar este filme.

Penso que as actuações foram bastante boas, principalmente a de Joel Murray, não é actor de muito protagonismo mas tem um desempenho fantástico em God Bless America por isso fiquei bastante satisfeito. Tara Lynne Barr mostra também estar à altura no seu papel secundário de adolescente maníaca, quase no mesmo patamar de Ellen Page em Super. A realização de Bobcat Goldthwait consegue mais uma vez ser bastante consistente, assim como o argumento, no qual a única falha será o eventual desvio da mensagem na qual acaba por se perder no desenvolvimento e culmina num final apropriado mas simultâneamente vazio, incoerente e com pouco significado. 

Dito isto, é um filme com potencial e uma execução satisfatória, no entanto fica-se apenas pela tentativa de transmitir uma mensagem não conseguindo bem atingir o necessário. Um daqueles filmes que ou se compreende ou se acha um completo desperdício de tempo e sangue falso. 


Título Original: God Bless America (EUA, 2012)
Realizador: Bobcat Goldthwait
Argumento: Bobcat Goldthwait
Intérpretes: Joel Murray; Tara Lynne Barr; Mackenzie Brooke Smith; Melinda Page Hamilton; Rich McDonald; Guerrin Gardner; Kellie Ramdhanie; Andrea Harper; David Mendenhall
Fotografia: David Hopper; Jason Stewart
Género: Comédia, Crime
Duração: 105 minutos



quinta-feira, 19 de julho de 2012

Banda Sonora: Especial Marés Vivas 2012 dia #2

Poucas horas depois da "tareia" distribuída pelos Wolfmother e pelos meninos bonitos da indie britânica é já hora de preparar o revivalismo dos The Cult e para o motim dos Kaiser Chiefs.

  • She Sells Sanctuary, de The Cult.
O grande êxito dos The Cult, aqui na forma videoclip oficial, serviu já de tema para a banda sonora de filmes como Layer Cake e Gone in Sixty Seconds.

  •  I Predict A Riot, de Kaiser Chiefs.
Ricky Wilson e companhia na sua versão rixa de bar contribuíram para a banda sonora de Whip It, a estreia directorial de Drew Barrymore.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Banda Sonora: Especial Marés Vivas 2012 dia #1

No primeiro dia do Festival Marés Vivas TMN 2012 as honras de encabeçar o cartaz ficam por conta de Wolfmother e Franz Ferdinand.

  • Woman, de Wolfmother.
A banda de hard-rock australiana contriubuíu com alguns temas da sua autoria para a banda sonora de alguns filmes de ambiente teen e alternativo recentes. Woman, o seu maior êxito, figura no reportório de filmes como Lesbian Vampire Killers ou MacGruber.

  •  Darts Of Pleasure, de Franz Ferdinand.
Os senhores da cena indie escocesa, liderados por Alex Kapranos, também não são estranhos às bandas sonoras de filmes. Em 2004 contribuíram com Darts of Pleasure para o filme The Edukators e em 2010 com No You Girls para My Soul To Take, de Wes Craven.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Trailer de "Rise of the Guardians"

Rise of the Guardians, com produção executiva de Guillermo del Toro, conta a história de uma equipa de personagens de lendas e contos infantis que junta forças para travar os ataques do malvado Pitch. Com vozes de Chris Pine, Alec Baldwin, Hugh Jackman e Jude Law, entre outros, é uma pena termos de esperar até 29 de Novembro para o podermos ver. Até lá, sempre há o trailer para ir saciando a curiosidade.


segunda-feira, 16 de julho de 2012

Citações: "Apocalypse Now"

(o sentimento em dia de exame é parecido)

«I love the smell of napalm in the morning.»
Lt. Col. Bill Kilgore

Robert Duvall em Apocalypse Now.

Trailer de "Oz: The Great and Powerful"

Foi apresentado na Comic-Con um trailer para Oz: The Great and Powerful, o novo filme de Sam Raimi. A história de como o Feiticeiro se tornou a criatura mais poderosa de Oz muito antes de Dorothy ter lá ido parar conta com James Franco no papel central da trama e Mila Kunis, Rachel Weisz e Michelle Williams como as bruxas. O resultado final só sai lá para Março do ano que vem, mas que o trailer tem bom aspecto, lá isso tem!


sábado, 14 de julho de 2012

Trailer de "Frankenweenie"

Foi divulgado durante a Comic-Con em San Diego um novo trailer para Frankenweenie de Tim Burton. O filme tem estreia marcada em Portugal para 18 de Outubro.


quinta-feira, 12 de julho de 2012

Citações: "Hard Candy"

«I shouldn't have teased you. I shouldn't have made you think there was a way out of this.»
Hayley

Ellen Page e Patrick Wilson em Hard Candy.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Red Riding Hood (2011)

À falta de ideias novas reciclam-se estórias antigas. Só à luz desta máxima se explica a recente tendência hollywoodesca de adaptar a chick flick todo o material possível e imaginável. Nem os contos infantis escapam à corrente, sexualizados ao limite do permitido e redesenhados segundo os moldes românticos de Twilight, percusor da moda. Red Riding Hood é cópia a papel químico da saga de vampiros e lobisomens pinga-amores, reciclando a fonte original e adaptando à sua realidade os lugares-comuns do género em que se enquadra, indo, inclusive, buscar a realizadora do primeiro tomo da série ja mencionada. Catherine Hardwicke quis repetir o sucesso, mas a coisa não lhe correu de feição. Aqui vale tudo para fazer render o thriller, desde desrespeitar os canônes do whodunnit, fornecendo pistas impossíveis ao espectador, até reduzir virtualmente todas as aparições da fera a matanças inócuas. Desde cedo é fácil perceber o rumo que a estória inevitavelmente vai tomar e a ordem pela qual as personagens irão ser mortas. E entre anacronismos e buracos no argumento vai-se fazendo a fita, quebrando o espírito do mistério sem nunca, no entanto, dificultar a sua resolução, negando qualquer traço de originalidade que pudesse existir.

É fácil encontrar os motivos que levam alguém a gostar de Red Riding Hood. Complicado é percebê-los. Amanda Seyfried tem talento para mais, mas continua a errar na escolha de papéis, Shiloh Fernandez e Max Irons são abomináveis como protagonistas masculinos, safando-se pela aparência, e nem Virginia Madsen, Julie Christie e Lukas Haas escapam a este cemitério na forma de filme. Billy Burke, reciclado da saga Twilight, é caso à parte, passando rapidamente dos 8 aos 80: ou nem aparece em cena, ou, quando aparece, resolve intrigas e mistérios qual deus ex machina, qual quê. O que torna ainda mais estranho que o pior da fita passe mesmo pelo sotaque imbecil que Gary Oldman adopta para a sua personagem. As referências ao material original que se foram desencantar ao baú são, na sua globalidade, despropositadas e diminuem ainda mais, se possível, o valor da fita. O resultado final é lamentável. Pior, parece que as adolescentes de hoje em dia têm o desejo bizarro de serem mordidas por criaturas de caninos afiados.


Titulo Original: Red Riding Hood (Canadá/EUA, 2011)
Realizador: Catherine Hardwicke
Argumento: David Johnson
Intérpretes: Amanda Seyfried, Gary Oldman, Billy Burke, Shiloh Fernandez, Max Irons, Virginia Madsen, Lukas Haas, Julie Christie, Adrian Holmes
Música: Alex Heffes, Brian Reitzell
Fotografia: Mandy Walker
Género: Fantasia, Mistério, Terror, Thriller
Duração: 100 minutos


Wimbledon (2004)

Poucos são os eventos desportivos capazes de atrair a cobertura que cabe ao Torneio de Wimbledon. Vedetas internacionais da modalidade disputando o prémio maior perante bancadas completamente preenchidas e uma aristocracia insular que observa a rede quase misturada com os seus súbditos. A difusão dos mídia só veio alargar a festa, com transmissões televisivas e comentarios de antigas estrelas do desporto (no filme é John McEnroe que faz as vezes de analista de serviço). Parece emocionante, não é? Alguém deve ter achado o mesmo e decidiu produzir uma comédia romântica entre dois tenistas durante o Torneio. Aliás, e melhor ainda, entre uma jovem estrela em ascensão (Kirsten Dunst) e um já mais velho praticante da modalidade que nunca alcançou o estrelato, apesar de ter estado lá perto (Paul Bettany), que se conheceram quando o segundo entrou por engano no quarto de hotel da primeira. É curioso o timing do encontro: Peter Colt, prestes a terminar a carreira profissional, conhece Lizzie Bradbury durante a primeira participação da americana no Grand Slam inglês. O resto são peripécias típicas de uma comédia romântica pouco mais do que sofrível, papel químico de uma fórmula usada até à exaustão, interrompida apenas por breves momentos de ténis com bolas introduzidas na imagem durante a pós-produção. Se o aceitarmos como isso, Wimbledon é engraçado. Caso contrário, não fará muito sentido perder tempo a vê-lo.

Todos os cinéfilos têm os seus guilty pleasures. Wimbledon é um dos meus. Como comédia não é particularmente divertido, como filme romântico não traz nada de novo ao género. E, contudo, vejo-me quase sempre obrigado a parar o que quer que esteja a fazer no momento em que vejo o filme na programação de um qualquer canal da cabo que o decida transmitir em dia de poucas ideias. Há coisas assim na vida, e esta é uma delas. Todos nós temos, pelo menos, um amigo que não consegue explicar as suas escolhas e outro mais causídico na defesa dos seus argumentos. Em relação a Wimbledon, vejo-me no meio das duas figuras, dividido entre o ridículo de gostar de um exercício de cinema de mérito duvidoso e a ainda mais descabida consciência da sua falta de qualidade. Algo de muito errado se passa quando o maior pecado de uma fita passa pelo desperdício de elenco, relegando nomes como James McAvoy, Bernard Hill ou Sam Neill para papéis secundários com pouca ou nenhuma expressão na história. Mas como em tudo neste Mundo, os cães ladram e caravana passa, atirando-me de novo para o sofá sempre que Peter Colt, tenista mediano, caminha pela primeira e última vez rumo ao court central londrino, pronto para derrotar em nome do Reino Unido e da sua amada a arrogante vedeta americana que lhe faz frente. E tudo isto enquanto ouve uma vozinha dentro da sua cabeça dizendo-lhe que está velho e o melhor seria mesmo desistir. É obra! O resto fica para pensar noutro dia, na presença de melhores filmes.


Titulo Original: Wimbledon (EUA/França/Reino Unido, 2004)
Realizador: Richard Loncraine
Argumento: Adam Brooks, Jennifer Flackett, Mark Levin
Intérpretes: Paul Bettany, Kirsten Dunst, Sam Neill, Jon Favreau, Bernard Hill, Eleanor Bron, Nikolaj Coster-Waldau, Austin Nichols, James McAvoy
Música: John Colby, Ed Shearmur
Fotografia: Darius Khondji
Género: Comédia, Desporto, Romance
Duração: 98 minutos


terça-feira, 10 de julho de 2012

La Piel Que Habito (2011)

Almodóvar, nome maior da cinematografia espanhola, não é um cineasta vulgar. Autor num tempo de realizadores, as dinâmicas e romances insólitos entre protagonistas são peça central da sua obra. Em La Piel Que Habito não se quebra a regra, aliando-se a violência ao sexo, o masculino ao feminino naquela que será, porventura, a obra mais artística e perturbadora do passado recente do espanhol. Em jeito quase hitchcockiano, Almodóvar conduz o seu público através de um labirinto meticulosamente construído dentro da estória, controlando na perfeição o tempo em que cada pedaço de informação é divulgado.

Baseado em Mygale (Tarântula) de Thierry Jonquet, a fita assume desde cedo contornos de thriller psicossexual. A rapariga trancada num quarto, prisioneira de um Frankenstein moderno, ajuda a essa formulação. Presume-se que Vera (Elena Anaya) é amante do rico médico dono da propriedade, Robert (Antonio Banderas), mesmo que, em retrospectiva, nada nos seja mostrado nesse sentido. Marilia (Marisa Paredes), a governanta é cúmplice na trama, por motivos na altura desconhecidos. O que levaria alguém, ainda para mais uma mulher, a manter trancada dentro de um quarto artisticamente minimalista uma jovem aparentemente inocente? Através de flashbacks, confidências e sonhos vai-se descobrindo o passado e os segredos de cada personagem, os acontecimentos em comum entre eles e a relação que são forçados a ter uns com os outros. Vera nem sempre foi Vera, Robert não abomina as suas criações/aberrações, Marilia tem demasiado a esconder da sua vida. Almodóvar constrói um thriller competente, fazendo valer os seus galões de brilhante realizador, sobretudo, nos primeiros 40 minutos da fita. O acumular da tensão é notável, a tentativa de suicídio, o retorno do filho pródigo, a faísca que, ardendo, impulsiona a estória. Assentar um filme numa sensação de desconforto que nunca chega a desaparecer não é fácil. Nem com a chegada de Zeca, El Tigre, personagem insólita, a aura se dissipa. O melhor que o ladrão vestido de felídeo selvagem consegue fazer é arrancar alguns risos nervosos à audiência antes de também ele contribuir para a tensão vivida naquela casa.


Almodóvar volta a assumir-se como um dos melhores realizador da actualidade. Capaz de tirar o melhor dos seus actores, capta com a sua câmara o que de mais verdadeiro as suas personagens conseguem transmitir. Elena Anaya, deslumbrante, e Jan Cornet no papel de Vicente complementam-se bem e entregam interpretações de enorme qualidade. Até Banderas surge em bom nível, viril e sexual como de costume, encarnando de forma credível o cientista louco que lhe coube no filme. Entre o descontrolo e a frieza, a musa masculina do cineasta espanhol vai levando a sua avante, calando, por momentos, aqueles que o acusam de vir a perder o fulgor de outros tempos. Os secundários, mais discretos, não se afastam da competência dos principais. Todos eles vão vivendo, convivendo e sobrevivendo numa Toledo quente e quase turística, a ritmos diferentes que, infelizmente para uns, felizmente para outros, se cruzam, formando e desfazendo triângulos de vértices e lados diferentes. Aliás, a figura geométrica é mesmo conceito recorrente na fita, pautando as relações entre as personagens, guiando dinâmicas entre trios, raramente surgindo em cena mais do que três figuras em simultâneo.

Longe do dramalhão, La Piel Que Habito aproxima-se mais do romance de faca e alguidar. Mas uma faca e alguidar cirúrgicos. Tudo no filme tem propósito. Nada aparece por acaso. Almodóvar esperou quase trinta anos para apresentar a sua obra mais artística e bizarra. Em campos hitchcockianos o espanhol guia-se bem, mantendo algumas das características mais marcantes que já nos habituamos a ver no seu cinema. Estética visual vibrante e rica (a direcção de fotografia é soberba), mulheres fortes, mesmo que não nasçam assim, romances estranhos e arriscados. O rasto que fica atrás é de sangue e sofrimento, o futuro é incerto. O sadismo e o voyeurismo como objectos de estudo do cinema. Deste lado da tela, nós, público, que observamos personagens que nos são desconhecidas; do outro, Robert, que observa num ecrã gigante oportunamente montado no seu quarto uma mulher que ele mesmo criou mas que a cada dia que passa vai sabendo menos quem é. Pode nem ser o melhor trabalho de Almodóvar, mas é um dos que mais prazer dá ver.


Título Original: La Piel Que Habito (Espanha, 2011)
Realizador: Pedro Almodóvar
Argumento: Pedro Almodóvar, Agustín Almodóvar (baseado no romance de Thierry Jonquet)
Intérpretes: Antonio Banderas, Elena Anaya, Marisa Paredes, Jan Cornet, Roberto Álamo, Blanca Suárez, Eduard Fernández
Música: Alberto Iglesias
Fotografia: José Luis Alcaine
Género: Drama, Terror, Thriller
Duração: 117 minutos


domingo, 8 de julho de 2012

American Reunion (2012)

Após 13 anos desde o primeiro filme, o elenco original regressa para uma última aparição. Para quem já conhecia os primeiros filmes e já era fã, será difícil resistir à tentação de ver American Reunion, de Jon Hurwitz e Hayden Schlossberg. Embora possa não fazer justiça a certas expectativas, o sentimento de nostalgia será algo constante ao longo da visualização.

Pouco mais de 10 anos após acabado o secundário, Jim, Oz, Finch, Kevin e Stifler voltam à sua cidade natal para participar na reunião da turma. Agora todos mais velhos, alguns casados e com filhos, no entanto não irá correr tudo como planeado, já que velhos hábitos são difíceis de esquecer.

Infelizmente, não é capaz de superar os seus dois primeiros antecessores, ao que parece a utilização das mesma piadas até à exaustão não é um bom alicerce em sequelas. No entanto foi tudo pelo que estava à espera, o desgraçado do Jim com um azar dos diabos, Finch com o seu ar pseudo-intelenctual, Kevin com as sua inseguranças e Stifler que não mudou nada nos últimos 10 anos. American Reunion, acima de tudo, aposta na nostalgia, com muito déjà vu, e perde toda a novidade e o encanto que atraiu o público nos primeiros filmes, e mesmo assim consegue ser um bom fina, para quem cresceu a ver os filmes da série American Pie, de certeza que irão concordar. E só de pensar que foram filmes de à 10 anos atrás, quando parece que foi ontem a ultima vez que os vi, mas são anos que se nota bem nas caras dos protagonistas. 

O argumento é cheio de elementos semelhantes a certos acontecimentos nos dois primeiros filmes e apoia-se bastante nas características imutáveis das personagens, e embora repetitivo, consegue ser bastante satisfatório. Jon Hurwitz e Hayden Sclossberg conseguem um bom trabalho na realização, ao evocar tudo o que era transmitido pelo primeiro filme, claramente com os fãs em mente. Este filme resume-se a isso mesmo, os fãs, é feito exclusivamente para eles, quem não gostou do primeiro também não irá gostar deste, e quem não viu nenhum dos anteriores é favor de ir vê-los, é um filme feito para relembrar os bons velhos tempos, para quem após estes anos todos ainda não perdeu o sentido de humor rude e imaturo.

Recomendo apenas a fãs dos filmes anteriores, as outras pessoas não irão gostar, visto ser quase uma réplica dos seus antecessores, é para pessoas que não só prezam a continuidade como gostam de ter algo como um tie-in mais completo da vida dos protagonistas.


Titulo Original: American Reunion (EUA, 2012)
Realizador: Jon Hurwitz; Hayden Schlossberg
Argumento: Adam Herz; Jon Hurwitz; Hayden Schlossberg
Intérpretes: Jason Biggs; Alyson Hannigan; Chris Klein; Thomas Ian Nicholas; Tara Reid; Seann William Scott; Mena Suvari; Eddie Kaye Thomas; Jennifer Coolidge; Eugene Levy
Música: Lyle Workman
Fotografia: Daryn Okada
Género: Comédia
Duração: 113 minutos


sábado, 7 de julho de 2012

Trailer de "Savages"

Já estreou nos EUA mas só chega às salas nacionais dia 27 de Setembro. Savages, o mais recente filme de Oliver Stone, conta a história de dois pequenos traficantes de droga cuja namorada foi raptada pelo líder de um cartel mexicano. Vale a pena visitar o canal do Youtube da fita.


quinta-feira, 5 de julho de 2012

Super (2010)

Nem todos os super-heróis precisam de ter poderes e filmes como Defendor, Special e Kick-Ass já o provaram. Super, de James Gunn, vem apenas reforçar a ideia embora não tenha nada que já não tenha sido explorado anteriormente. Será fácil encontrar imensas semelhanças a Kick-Ass, e mesmo não sendo do mesmo calibre, também tem o seu certo encanto, é sempre divertido desfrutar de um pouco de violência excessiva em nome da justiça.

Frank (Rainn Wilson) é um pobre desgraçado que vê a sua vida virada do avesso quando a mulher, Sarah (Liv Tyler), o deixa por um traficante de droga. Após ter recorrido à polícia, sem sucesso, decide utilizar métodos menos ortodoxos para tentar salvar a mulher, enquanto espanca alguns criminosos pelo caminho. Frank, agora conhecido como Crimson Bolt, combate o crime com a ajuda de uma chave de tubos. A única pessoa que acaba por descobrir a sua verdadeira identidade é Libbie (Ellen Page), uma rapariga viciada em banda desenhada que faria de tudo para se tornar parceira do Crimson Bolt, e consegue-o embora por vezes sofra de ataques momentários de psicopatia.

O filme não é dotado de grande qualidade, mas consegue ser engraçado em certas alturas, as cenas de violência são bastante gráficas, ridículas e em excesso, cada uma melhor que a anterior e tal se podia esperar quando a arma de eleição é algo tão grosseiro. Tudo melhora com a introdução da personagem de Ellen Page, que interpreta uma rapariga que tudo sabe sobre super-heróis e a ideia de se tornar na ajudante de um dá-lhe uma energia e vontade homicida incrível, e com um desempenho deste só se pode dar os parabéns à actriz. Rainn Wilson não fica atrás, desempenhando o papel de um homem miserável que pouco tem por dar graças e que desenvolve um grande espírito de justiça. O argumento é simples e engraçado, com diálogos que roçam a idiotice mas melhoram o factor cómico. A nível de realização, para James Gunn não será um aperfeiçoamento tendo em conta o seu projecto anterior, Slither, no entanto consegue atingir um certo nível de consistência.  

Para quem se diverte com bastante violência e momentos cómicos, este é uma escolha a ter em consideração, que irá proporcionar um bom entretenimento. Também para quem aprecia o tipo de filmes como os já mencionados, Kick-Ass e Defendor, o que não deverá ser visto como um plágio mas mais como uma nova adição a um género bastante peculiar.


Título Original: Super (EUA, 2012)
Realizador: James Gunn
Argumento: James Gunn
Intérpretes: Rainn Wilson; Ellen Page; Liv Tyler; Kevin Bacon; Gregg Henry; Michael Rooker
Música: Tyler Bates
Fotografia: Steve Gainer
Género: Acção; Crime; Comédia
Duração: 96 minutos



terça-feira, 3 de julho de 2012

Anonymous (2011)

Já não há nada sagrado neste mundo. Num tempo em que se ridicularizam Igrejas e cultos e se critica abertamente governos e celebridades (a liberdade de expressão a isso permite, e ainda bem) nem Shakespeare escapa ao escrutínio público. E se o mais famoso dramaturgo de todos os tempos não fosse o autor das obras que lhe têm vindo a ser creditadas? A ideia não é nova, mas deve ser a primeira vez que é adaptada ao grande ecrã. Em tempo de teorias da conspiração tudo serve para atrair o público. Brincar com a identidade de Shakespeare de maneira mais ou menos séria não é excepção. Mas comecemos pelo início.

Um táxi rasga as ruas a uma velocidade vertiginosa. Chove a potes. O carro pára à porta de um teatro e dele sai um homem já de certa idade que, ao que parece, está atrasado para uma representação. Sobe ao palco e apresenta ao público que o ouve a velha teoria Oxfordiana que afirma que William Shakespeare não foi, de facto, o autor das obras que lhe são atribuídas. Corta-se então para a história, e do teatro passa-se para a Londres do século XVI. A premissa, já apresentada, e o rumo do filme estão traçados. Foge-se ao estilo de whodunit (nem chega a ser um mistério a autoria das peças e sonetos) e envereda-se pela intriga política. Motivado pela sucessão do trono, Edward de Vere, Conde de Oxford, divulga as muitas peças que escreveu através de Ben Jonson, dramaturgo contemporâneo. O estatuto social do primeiro não lhe permite reclamar a sua obra, a necessidade do segundo em se manter longe da prisão torna-o o veículo perfeito para que tal aconteça. Entre eles anda Shakespeare, actor fanfarrão e quase analfabeto, bebendo e ganhando fama à custa dos dois. Elizabete está também longe da imagem de Rainha Virgem, parindo bastardos a torto e a direito. E por detrás de quase todos encontram-se os Cecil, pai e filho, conselheiros reais que ambicionam a subida de Jaime da Escócia ao trono inglês. Em teoria parece complicado, na prática é bem mais fácil seguir a teia do seria de esperar. Mesmo quando se metem pelo meio flashbacks que pouco mais fazem do que quebrar o ritmo da acção e divagações de gente bêbeda em pubs ora exultando, ora negando o génio de Shakespeare.

É engraçado encontrar Roland Emmerich longe do seu habitual "cinema-catástrofe". Não que o alemão seja um cineasta particularmente competente, mas longe do género que geralmente explora mostra ser capaz de apresentar um filme, pelo menos, mais sério do que os seus projectos anteriores. O orçamento continua astronómico e a direcção de actores mediana (os desempenhos variam dentro do elenco), mas Anonymous é mais do que gente famosa a tentar salvar o Mundo. Apenas Inglaterra, se tanto. Os pontos fracos da fita são contrabalançados com algumas decisões inteligentes, como a de colocar o veterano Derek Jacobi a narrar o prólogo. O figurino e a direcção artística são de louvar. A fotografia e o som também. Só onde a técnica não consegue chegar é que a obra treme um pouco, o suficiente para se estranhar a farsa e o enredo. O melhor que se pode dizer é que se acaba o filme com menos relutância em aceitar Shakespeare como uma fraude do que quando se inicia. O que sobra é estória.


Titulo Original: Anonymous (Alemanha/Reino Unido, 2011)
Realizador: Roland Emmerich
Argumento: John Orloff
Intérpretes: Rhys Ifans, Vanessa Redgrave, Sebastian Armesto, Rafe Spall, David Thewlis, Edward Hogg, Xavier Samuel, Sam Reid, Jamie Campbell Bower, Joely Richardson
Música: Harald Kloser, Thomas Wanker
Fotografia: Anna Foerster
Género: Drama, Histórico, Thriller
Duração: 130 minutos


segunda-feira, 2 de julho de 2012

Chronicle (2012)

Toda a premissa de uma história de super-heróis baseia-se no factor moralidade da personagem que obtém os poderes sobre-humanos, ou seja, que os usará para combater as injustiças e o crime. Claro, tal factor nunca é muito explorado e simplesmente supõem-se que se trata de uma personagem de bom carácter que só pensa em praticar boas acções, excepto se for o vilão, que apenas vive para a destruição sem sentido e o caos. Chronicle, de Josh Trank, vem por de parte todas essas suposições e trás ao de cima uma nova - e se um grupo de adolescentes normais, nos tempos actuais, recebessem um conjunto de habilidades telecinéticas que lhes permitisse fazer o impossível? Seria muito difícil de imaginar o pior? 

Andrew (Dane DeHaan) é um típico jovem socialmente desajeitado, cujo as únicas amizades se resumem a Matt (Alex Russel), um primo complacente, e pertence a uma família disfuncional, onde o pai é um reformado bêbedo que liberta as frustrações no filho e a mãe incapacitada com uma doença terminal. Quando é quase forçado a ir a uma festa pelo primo, os dois acompanhados por Steve (Michael B. Jordan) encontra um buraco suspeito no meio dos bosque, no qual entram e encontram um artefacto que lhes atribui a capacidade de controlar objectos com a mente. Abrem assim a porta para alcançar o impossível, tudo nas mãos de adolescentes emocionalmente instáveis.

Não há muitos filmes do estilo found footage que se possam considerar bons, desde Blair Witch Project tem sido um género em ascensão e como o já mencionado não foi algo que me agradou, tenho, por hábito, baixas expectativas. No entanto, este foi uma agradável surpresa. Estive disposto a descartar a ideia de um adolescente, que não é portador de grandes fundos monetários, possuir uma câmara de filmar de 500-700$, para mim é a grande falha em todo o enredo. Mas, isso à parte, é um filme bastante realista, leva a sério todo o dilema de o que fazer se por mero acaso se ganha super poderes, e sinceramente seria difícil acreditar que a primeira ideia a vir à cabeça seria combater o crime, não, aliás neste filme tal ideia nem chega a ver a luz do sol. Em vez disso, limitam-se a praticar e usar os poderes para pregar partidas inofensivas e divertirem-se, como adolescentes normais fariam. Resumindo, o argumento consegue ser bastante cuidadoso, não revela a mais nem a menos, toda a origem e identificação do artefacto que as personagens encontraram é mantida na escuridão de modo a dar a sensação de realidade, a juntar o facto de ser tudo apenas imagens que foram gravadas com uma câmara de mão por um grupo de amigos. As actuações também são bastantes boas, tanto que realmente senti empatia por algumas delas, e todo o ambiente trágico do inevitável fim torna-se bastante credível. Os efeitos especiais, são óptimos para o pretendido e tendo em conta o baixo orçamento, foi uma grande conquista, não chegam a ser muito extravagantes durante maior parte do filme, mas o suficiente para manter o público entretido e intrigado.

O tema inclinado para os super-heróis, e visto que é algo contado do ponto de vista de adolescentes, é perfeito para um público alvo mais jovem e consegue recriar atitudes e comportamentos típicos de uma vida sem grandes responsabilidades nem consideração pelas consequências, ainda mais quando se deixam governar pelas emoções e hormonas instáveis, o que naturalmente costuma dar mau resultado. Em retrospectiva, acho que nem as sábias e inspiradoras palavras de Ben Parker conseguiriam incutir algum bom senso na cabeça das personagens.

Finalmente, é um filme a ver, sem dúvida, óptimo conceito, excelente argumento, e acima de tudo uma execução impressionante. Com a pouca afluência de qualidade nos filmes do género, este sim, é uma lufada de ar fresco, digno de umas quantas visualizações.


Título Original: Chronicle (EUA/Reino Unido, 2012)
Realizador: Josh Trank
Argumento: Max Landis; Josh Trank
Intérpretes: Dane DeHaan; Alex Russel; Michael B. Jordan; Michael Kelly; Ashley Hinshaw; Bo Petersen; Anna Wood
Fotografia: Matthew Jensen
Género: Ficção-Cientifica, Thriller; Drama
Duração: 84 minutos




Restless (2011)

Ao contrário do grosso de cineastas que tentam explorar a perda da inocência das suas personagens, Gus Van Sant tenta, acima de tudo, preservá-la. A primeira opção é quase sempre a mais fácil, mas os grandes cineastas podem dar-se ao luxo de explorar a outra via e criar verdadeiros hinos à catarse. Restless é exemplo disso mesmo, misto de alegria juvenil e sentimentalismo latente. Juntar um rapaz obcecado por funerais (Henry Hopper) a uma rapariga com um cancro em fase já terminal (Mia Wasikowska) só poderia dar nisso, mesmo que pelo meio exista o fantasma de um piloto japonês (Ryo Kase) que, por vezes, parece existir apenas pela sua própria vontade. Não que o resultado final não seja fascinante, até porque o é, mas esperar algo diferente seria irrealista.

A geração de cineastas independentes que surgiu durante os anos 80 foi pródiga em gente capaz de fazer sua toda a dor do mundo e disfarçá-la debaixo de camadas e camadas de simbolismo, por vezes, obscuro. Do rapaz que perdeu os pais num acidente de carro e se vê limitado pelos fantasmas que cria à rapariga com três meses de vida e uma mãe alcoólica é difícil evitar pensar que mal terão feito os protagonista de Restless para sofrerem o destino que Jason Lew e Gus Van Sant lhes decidiram dar. A verdade é que más coisas acontecem a gente boa mais frequentemente do que seria desejável, e que ambas as personagens, por muito mal que se encontrem, continuam a ter pessoas que se preocupam com elas.

Belo? Claro. Idílico? Também. Perfeito? Não. As falhas no argumento multiplicam-se e acaba por não se perceber se o fantasma do kamikaze que Enoch vê é real ou produto da sua imaginação. Perto do final, Annabel também diz ser capaz de o ver, mas, mais uma vez, resta saber se não passou de um artifício para aliviar a ansiedade do namorado em relação à sua iminente partida. Restless acaba, no entanto, por ser um interessante exercício de cinema, sendo capaz, no momento próprio, de troçar do melodrama em que por vezes quase cai. A banda sonora (fantástica escolha de cantigas, e uma das próximas a servir de playlist no meu leitor de música) e a fotografia pouco saturada ajudam à atmosfera lírica da película, não atrapalhando o efeito pretendido por Van Sant. Seja como for, Restless faz bem à alma, mesmo que, no fundo, pareça o feel good de todo um rol de filmes coming-of-age.


Titulo Original: Restless (EUA, 2011)
Realizador: Gus Van Sant
Argumento: Jason Lew
Intérpretes: Henry Hopper, Mia Wasikowska, Ryo Kase, Schuyler Fisk, Jane Adams
Música: Danny Elfman
Fotografia: Harris Savides
Género: Drama, Romance
Duração: 91 minutos



domingo, 1 de julho de 2012

Trailer de "The Man with the Iron Fists"

Foi divulgado o primeiro trailer de The Man with the Iron Fists. Realizada por RZA, fundador dos Wu-Tang Clan, e com um elenco encabeçado por nomes como Russell Crowe, Jamie Chung e Lucy Liu a fita tem estreia prevista nos EUA para o final deste ano.