segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Os melhores de 2012

Chega o fim-do-ano e malta cinéfila põe-se a elaborar as suas listas. Nós não somos diferentes e lançamo-nos ao trabalho de passar o ano em revista. Tarefa ingrata, cedo se percebeu. 2012 foi um ano complicado de analisar. A diferença entre os filmes de topo e os que lhes seguiram imediatamente em pontuação foi grande, levando a alguma concorrência - e muita indecisão - pelas últimas posições do top. Cortar revelou-se um mal necessário.

Do mesmo modo, recorreu-se ao corte no processo de selecção. Optamos por considerar apenas as obras com estreia absoluta (mundial) em 2012, descartando como critério a estreia em sala nacional durante o mesmo período. Caso contrário, figurariam seguramente neste lista nomes como McQueen, Tarr e Kaurismäki; ou policiais na Anatólia, filmes que não o são e assassinos adoráveis. E fora essas excepções, há ainda a ausência das fitas deste ano que nos escaparam. Entre os mais notáveis - ou, pelo menos, os mais falados - contam-se os últimos de Tarantino, PTA, Kim Ki-duk, Malick e Russell. Ou - e esta é mesmo imperdoável - o último de Manoel de Oliveira, que "fugiu" das salas sem que o tivéssemos visto.

Dos (muitos) que sobraram, a necessidade de escolher apenas dez pediu mais cortes. Burton, Mendes e Wright, apesar das críticas bastante positivas, não conseguiram encontrar o seu caminho para a lista. E num ano em que as surpresas mais agradáveis surgiram de quem abraçou a sua natureza (e, na sua maioria, simplicidade) - casos de CHRONICLE, DREDD ou MAGIC MIKE, por exemplo -, o estaminé maravilhou-se com a falsa-inocência de Anderson e Berger, foi arrebatado pela violência emocional de Sachs e Haneke, espantou-se com o virtuosismo demonstrado por Gomes, Carax, Paolo e Vittorio Taviani, e recebeu de braços abertos a maturidade de Chbosky, Trevorrow e até mesmo de uma animação. Recusando o pretensiosismo de seleccionar categoricamente os dez melhores filmes do ano, aqui ficam as escolhas da redacção do Matinée Portuense para 2012. Para o ano haverá mais - e, com sorte, melhor - Cinema.


1. AMOUR, de Michael Haneke (Alemanha/Áustria/França, 2012)

«Numa análise cuidada, o que Haneke cria aqui - e que lhe valeu uma segunda Palma em Cannes - não é um filme bonito. É, contudo, algo muito mais poderoso e comovente, uma demonstração cabal de honestidade que roça a brutalidade e se estende aos planos aparentemente mais inocentes - conceito ao qual, na verdade, Haneke acaba sempre por se furtar no seu trabalho - e ângulos mais inesperados.» (ATF)

2. TABU, de Miguel Gomes (Alemanha/Brasil/França/Portugal, 2012)

«Tem-se em TABU, de Miguel Gomes, um dos objectos mais singulares da cinematografia recente portuguesa. Não só pela época que revisita ou sequer pela opção de fotografar a preto-e-branco - O BARÃO, de Edgar Pêra, por exemplo, também se situa nesse espectro -, mas sobretudo no talento envolvido na repescagem e utilização de todo um leque de técnicas e mecanismos que há muito se julgavam caídos em desuso e que aqui conferem ao filme uma dimensão indescritivelmente mágica.» (ATF)

3. SAFETY NOT GUARANTEED, de Colin Trevorrow (EUA, 2012)

«Chegando o final do filme apenas se deseja mais. Se Kenneth realmente viaja no tempo é questão deixada mesmo para o último minuto e para quem está a ver o filme pela primeira vez é o minuto mais longo de todos, mas vale a pena. Tudo culmina num final que para uns poderá ser considerado um escape fácil de todas as questões colocadas, mas para outros será um final apropriado para um filme extraordinário.» (WJR)

4. HOLY MOTORS, de Leos Carax (Alemanha/França, 2012)

«Nem todas as questões que coloca obtêm resposta - nem será nessa direcção que se procura mover -, mas quando um exercício tão habilidoso como HOLY MOTORS surge fica a sensação que não se paga pelo destino, mas sim pela viagem. E que viagem, esta!» (ATF)

5. PARANORMAN, de Chris Butler e Sam Fell (EUA, 2012)

«Parte homenagem cinematográfica ao Terror - as referências vão desde os anos 50 aos 80 -, parte moral a ser apreendida, a sequência que abre PARANORMAN, das melhores do ano dentro do género, deixa logo claros dois dos seus principais objectivos: introduzir os mais jovens a um tipo de filmes (Terror) que, porventura, ainda não conhecerão, e reunir os mais crescidos com a sua criança interior.» (ATF)

6. BLANCANIEVES, de Pablo Berger (Espanha, 2012)

«O exagero do pathos mistura-se deliciosamente com a faena e o flamenco, num vaivém de planos por vezes freneticamente montados e que emprestam alegria e cor, passe a expressão, à história. É quando a câmara trava ou se fixa num qualquer ponto que a tristeza se instala. Filmada com uma beleza e cuidado impressionantes e seguida por uma banda-sonora esmerada, dificilmente se poderia imaginar homenagem mais bonita ao cinema europeu dos anos 20.» (ATF)

7. THE PERKS OF BEING A WALLFLOWER, de Stephen Chbosky (EUA, 2012)

«Facilmente nos apercebemos que a emoção retratada é principalmente a angústia, também bastante notória no ambiente geral do filme, assim como a solidão e a dificuldade de conviver com algo fora da norma estabelecida pela sociedade. É dirigido para aqueles que são, realmente, diferentes e que de certeza se identificam com algumas das personagens, daí a importância de desempenhos superiores por parte do elenco, o que se verifica e dá alma ao filme.» (WJR)

8. MOONRISE KINGDOM, de Wes Anderson (EUA, 2012)

«História proto-romântica de dois pré-adolescentes que, julgando-se apaixonados, fogem de casa num Verão, revela o talento do cineasta norte-americano em se imprimir em cada fotograma das suas obras. Assiste-se a um perfeccionismo já raro - exibido igualmente a nível dos departamentos, com o merecido destaque a ir para as fabulosas direcções de arte e de fotografia -, demonstração exemplar de um estilo visual característico que, estendido aos limites, se mostra capaz de suportar a fita.» (ATF)

9. KEEP THE LIGHTS ON, de Ira Sachs (EUA, 2012)

«No final, sobra pouco por onde nos agarrarmos, tamanho é o desalento com que Sachs nos deixa; resta, no entanto, alguma esperança e a certeza de que a vida continua, indiferente aos desamores que nos lança. A solução é fechar os olhos, respirar fundo e começar tudo de novo.» (ATF)

10. CESARE DEVE MORIRE, de Paolo e Vittorio Taviani (Itália, 2012)

«É nesse cruzamento entre dimensões - a documental e a ficcional, a da liberdade e a do encarceramento - que os irmãos Taviani, herdeiros contemporâneos do neorrealismo italiano, encontram a sua maior virtude. Através de um equilíbrio estudado - evidente também pela fotografia e sonoplastia cuidadas - criam uma libertação dentro do próprio presídio.» (ATF)

domingo, 30 de dezembro de 2012

Sunday Stills #18: "Amour"




Emmanuelle Riva e Jean-Louis Trintignant (respectivamente) em AMOUR, de Michael Haneke. A escolha destas stills em particular - representando plano e contra-plano - para a última edição do ano desta rubrica serve para destacar a cena à qual se remetem como uma das melhores do ano. O contra-campo cruel - e não haverá adjectivo que melhor lhe assente, parece-me - que Haneke adia durante longos segundos ilustra o fim da esperança (do público e da personagem) e a aceitação do destino inevitável que cedo se anunciou. Algures entre o ponto-sem-retorno e a confirmação fatalista do acontecimento que abre o filme, é exemplo do que de melhor se fez no Cinema em 2012. Até para o ano!

Life of Pi (2012)

É difícil balizar a dimensão Fantástica em LIFE OF PI. Ang Lee - que se vai revelando, acima de tudo, um contador de histórias - estica-a e deforma-a, extraindo-lhe o significado, negando-a numa primeira fase - através do pai, um homem da Ciência -, para depois a reencontrar na Natureza. Há tigres que partilham pequenos botes com miúdos naufragados, alforrecas e baleias que dão brilho à noite e ilhas carnívoras. O real e o imaginado fundem-se com tamanha perfeição que se torna impossível encontrar os pontos que os unem. O que passa diante dos nossos olhos é a extensão do que poderia ter passado e do que ainda está por passar - ideias que aqui se confundem -, num elogio às potencialidades do sonho e da imagem como narradoras.


Talvez por isso - e a par do inusitado da estória - o maior destaque da fita vá para a direcção de fotografia de Claudio Miranda, que se tem vindo a evidenciar, sobretudo, na exposição da beleza no Digital. As cores, sempre nos limites da saturação e do contraste, combinam-se em matizes impecavelmente idealizadas, pintadas em maravilhosos quadros vivos. Essa qualidade pitoresca, que se manifesta através da fixação mental dos fotogramas, cria todo um conjunto de texturas - e a sensação ganha ainda mais força, quer-me aparecer, pelo uso abundante de dissolves, adicionando e subtraindo-se camadas à imagem - em redor de uma narrativa excessivamente moralista. Acrescentando o 3D, e admitindo que em Life of Pi o uso da tecnologia faz sentido como em poucos outros filmes, obtém-se um objecto cinematográfico incrivelmente curioso e animado.

Ang Lee utiliza os elementos visuais como principal veículo da narrativa. A dimensão plástica não é tratada como uma dimensão em si, mas como meio preferencial do esbatimento das fronteiras entre as outras. Não será à toa que surgem, amiúde, planos em que o Céu e o Mar se tocam, fundindo-se - e em que o barco flutua entre os dois, como que suspenso em etérea leveza -, ou aquele impressionante travelling mental de Pi que vai das estrelas ao fundo do oceano em total fluidez. Quando o filme se prepara para terminar - encerrando, igualmente, a magia - é apresentada uma outra versão da estória, mais verosímil e sem imagética, perguntando-se ao espectador em qual delas prefere acreditar. Um último apelo à fé e inocência que se esperam, naquele ponto, cultivadas na audiência.

Mas é precisamente à audiência que cabe uma última análise a Life of Pi, um exame sério às duas horas de filme que teve pela frente. A moral que se prega - escondida sob uma falsa-escolha - invade cada segundo da fita, em tons de catecismo. O paternalismo - e isto de ter demasiados -ismos numa só peça nunca é bom - do «vais ouvir uma história que te vai fazer acreditar em Deus» torna-se aborrecido e tira parte do brilhantismo ao filme. O talento de Ang Lee chega à fábula e permite-lhe criar uma das obras mais belas do ano. Só que falta-lhe algo, porventura - e não querendo escrever que se insulta a inteligência do público, por não crer ser essa a sua intenção - o espaço para uma decisão livre. No fim, as cores morrem com a Fantasia e nós abandonamos a sala toldados por uma escolha que nunca chegou a ser nossa. E se na retina fica a beleza da visão, na mente ecoa uma simples pergunta, será que os filmes têm alma? Deixo a resposta para os membros da Academia, mais habituados a estes caminhos filosóficos do que eu.


Título Original: Life of Pi (China/EUA, 2012)
Realizador: Ang Lee
Argumento: David Magee (baseado no romance de Yann Martel)
Intérpretes: Suraj Sharma, Irrfan Khan, Adil Hussain, Tabu, Rafe Spall, Gérard Depardieu
Música: Mychael Danna
Fotografia: Claudio Miranda
Género: Aventura, Drama
Duração: 127 minutos



sábado, 29 de dezembro de 2012

Keep the Lights On (2012)

Uma década na vida de um casal é muito tempo. Tempo suficiente, aliás, para que lhes aconteça de tudo um pouco. Todas as relações passam por bons e maus momentos, por separações e reconciliações. Ou será que a regra não se aplica aos casais homossexuais? E porque raio não haveria de se aplicar? O casal de KEEP THE LIGHTS ON não é diferente dos tradicionais binómios homem-mulher. Conhecem-se, apaixonam-se, vão viver juntos, discutem e afastam-se.


Mas não se amam. Ou, pelo menos, não se amam da mesma maneira. O defeito não será da orientação sexual - o fenómeno verifica-se igualmente entre heterossexuais -, mas sim de carácter. Erik, o realizador de documentários, vive constantemente preocupado com Paul, o advogado. Paul, o toxicodependente, abandona frequentemente Erik, o namorado, em períodos de elevado consumo de drogas. Em Keep the Lights On não se fala de amor, pelo menos não do puro e sincero; ao invés, choca-se de frente com várias formas de dependência que destroem as personagens que nelas caem. Há uma clara agressão pelo sexo - veja-se o acto, por exemplo, de obrigar o companheiro a assistir a um encontro sexual com outro homem - que ultrapassa os limites da violência física. É-nos mostrada uma visão desencantada dos relacionamentos, uma desilusão latente que arrasa quaisquer noções românticas e que não se queda pela homossexualidade.

Quando gostar de cinema queer já não é - ou, pelo menos, não deveria ser - uma declaração obrigatória de preferência sexual, Ira Sachs apresenta um antídoto eficaz contra o preconceito. Keep the Lights On surge como um hábil exercício de aproximação entre realidades que se julgam diferentes, mas que, afinal, não o são. Thure Lindhardt e Zachary Booth - principalmente o primeiro, fabuloso - carregam o filme, auxiliados pela bela (e natural) fotografia de Thimios Bakatakis e, sobretudo, pela genial banda sonora de Arthur Russell, capaz de unir os fragmentos de dez anos de convivência. No final, sobra pouco por onde nos agarrarmos, tamanho é o desalento com que Sachs nos deixa; resta, no entanto, alguma esperança e a certeza de que a vida continua, indiferente aos desamores que nos lança. A solução é fechar os olhos, respirar fundo e começar tudo de novo.


Título Original: Keep the Lights On (EUA, 2012)
Realizador: Ira Sachs
Argumento: Ira Sachs, Mauricio Zacharias
Intérpretes: Thure Lindhardt, Zachary Booth, Julianne Nicholson, Sebastian La Cause, Souleymane Sy Savane, Paprika Steen
Música: Arthur Russell
Fotografia: Thimios Bakatakis
Género: Drama
Duração: 101 minutos



Anna Karenina (2012)

Imagino que Joe Wright se sinta confortável a dirigir filmes de época. A facilidade de trato do material que lhe chega da literatura - já adaptou, e bem, diga-se de passagem, Jane Austen e Ian McEwan - manifesta-se pela solidez das suas empresas no género, demonstrações de competência e talento. Depois de uma breve passagem pelo thriller de acção - o invulgar Hanna -, reveladora de algumas fragilidades, o britânico voltou aos Clássicos. E logo pela pena de Tolstoi e de ANNA KARENINA, uma obra cuja transposição para o grande ecrã não constitui, per se, uma estreia. O resultado final merece, no entanto, ser analisado com atenção e cuidado.

Exercício de quebra da quarta parede, a invasão do proscénio faz-se, contudo, no sentido inverso ao habitual; ou, pelo menos, com uma maior consciência da parte da audiência, que ultrapassa visualmente, em travelling, os limites da tela. O convite - mecanismo, no mínimo, curioso - causa ao início certa estranheza, mas cedo se entranha no espectador. E entre tanta teatralidade e fluidez lá se vai apresentando a trama, uma tragédia romântica de uma mulher dividida entre o amor e a honra. Só depois de já estarmos bem imersos na narrativa - e de conhecermos todos os pormenores e contornos do que por lá se passa - é que damos conta de um outro facto curioso: há em Anna Karenina uma quase supressão do corte, a vontade de tornar o ponto de interrupção entre planos o mais imperceptível possível. A valorização do raccord em detrimento do estrangulamento causado pela separação visível da acção confere ritmo ao filme e permite a abstracção do público em relação à história reciclada que tem pela frente, fruto do deslumbramento induzido.

O devir dos décors, acompanhado de perto pela fotografia e direcção artística, transforma a fita num completo espectáculo visual, empurrando para segundo plano tudo o resto. Fascinados pela talentosa realização de Joe Wright - que, arriscando, soube ultrapassar uns quantos contratempos no orçamento -, somos até capazes de deixar passar em claro algumas deficiências do filme, nomeadamente a tentativa descarada de se fazer de Anna uma espécie de proto-feminista ou as interpretações menos conseguidas do casal protagonista - ao qual se opõe Jude Law, irrepreensível na sua austeridade -, próximas do forçado. Assim, e apesar das falhas que apresenta, Anna Karenina sai daqui bem cotado e vivamente recomendado.


Título Original: Anna Karenina (Reino Unido, 2012)
Realizador: Joe Wright
Argumento: Tom Stoppard (baseado no romance de Lev Tolstoi)
Interpretes: Keira Knightley, Aaron Taylor-Johnson, Jude Law, Matthew Macfadyen, Kelly Macdonald, Domhnall Gleeson, Alicia Vikander, Olivia Williams
Música: Dario Marianelli
Fotografia: Seamus McGarvey
Género: Drama
Duração: 129 minutos


sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Safety Not Guaranteed (2012)

«This is the moment you live for.»

SAFETY NOT GUARANTEED, uma pérola do cinema independente, vem mais uma vez provar que um orçamento de milhões não compra a qualidade e o encanto de um filme. Com um argumento fantástico, personagens fabulosas e um desenvolvimento tão surpreendente que no fim nos deixa com um sorriso na cara.

Quando publicam anonimamente ,num jornal, um anuncio dizendo que procuram um companheiro para viajar no tempo, um escritor de uma revista, Jeff (Jake Johnson), e dois estagiários  Darius (Aubrey Plaza) e Arnau (Karan Soni), dessa mesma revista, partem numa viagem para descobrir o autor do anuncio e escrever um artigo sobre o mesmo. Eventualmente encontram Kenneth, o viajante do tempo, que acaba por aceitar Darius como sua aprendiz, isto enquanto Jeff se reencontra com uma ex-namorada e mostra a Arnau como se divertir. À medida que Darius e Kenneth se preparam para a tal viajem no tempo mais complicada se torna a sua relação e mais dificilmente se sabe se o que Kenneth diz é verdade ou se ele não passa de um maluco.

O filme consegue manter-nos constantemente na dúvida de forma consistente, deixando o público sempre com alguma questão em mente e embora acabe por não responder a todas, surpreende-nos ao virar de cada esquina. As personagens não poderiam ser mais adequadas e a forma como complementam o enredo e todo tema envolvido é genial, no final de contas isto não se trata apenas de viagens no tempo, mas sim de erros, fracassos e amores não correspondidos. Aubrey Plaza é quem mais brilha, desempenhando o papel de uma rapariga estranha, irónica e impassível que acaba por ceder emocionalmente ao único homem que é igualmente, se não mais, estranho. Rapidamente nos afeiçoamos às personagens e à história, o que torna mais fácil esquecer algumas falhas no enredo, que também acabam por ajudar para que tudo fique mais aberto a interpretação pessoal. A relação desenvolvida entre Darius e Kenneth é também contraposta pela solidão e amargura de Jeff, o que acentua muito mais toda a emoção que o filme transmite. Todas estas personagens sofrem um desenvolvimento intra e inter pessoal enorme e bastante significativo e é tudo desempenhado tão engenhosamente que é simplesmente brilhante.  

Chegando o final do filme apenas se deseja mais. Se Kenneth realmente viaja no tempo é questão deixada mesmo para o último minuto e para quem está a ver o filme pela primeira vez é o minuto mais longo de todos, mas vale a pena. Tudo culmina num final que para uns poderá ser considerado um escape fácil de todas as questões colocadas, mas para outros será um final apropriado para um filme extraordinário. 


Título Original: Safety Not Guaranteed (EUA, 2012)
Realizador: Colin Trevorrow
Argumento: Derek Connolly
Interpretes: Aubrey Plaza; Jake Johnson; Karan Soni; Mark Duplass; Mary Lynn Rajskub
Música: Ryan Miller
Fotografia: Benjamin Kasulke
Género: Comédia, Romance, Ficção-Científica
Duração: 86 minutos



Trailer de "The Place Beyond the Pines"

The Place Beyond the Pines, o filme que marca o reencontro entre o realizador Derek Cianfrance e Ryan Gosling após Blue Valentine, já conta com trailer. Com um elenco de qualidade - Ryan Gosling, Bradley Cooper, Eva Mendes e Rose Byrne, entre outros -, a fita tem estreia marcada nos EUA para Março de 2013.


Moonrise Kingdom (2012)

Elogio à (sua) infância, MOONRISE KINGDOM poderá muito bem ser um dos melhores filmes de Wes Anderson, se não mesmo o melhor. História proto-romântica de dois pré-adolescentes que, julgando-se apaixonados, fogem de casa num Verão, revela o talento do cineasta norte-americano em se imprimir em cada fotograma das suas obras. Assiste-se a um perfeccionismo já raro - exibido igualmente a nível dos departamentos, com o merecido destaque a ir para as fabulosas direcções de arte e de fotografia -, demonstração exemplar de um estilo visual característico que, estendido aos limites, se mostra capaz de suportar a fita.


Wes Anderson e Roman Coppola voltam a funcionar bem como dupla após The Darjeeling Limited. Criam uma narrativa doce e inocente, capaz de ultrapassar as falhas que apresenta  - quebra acentuada entre as suas metades; cansaço acumulado pela imagética forte com que Anderson teima em injectar cada segundo da fita - e de conquistar o espectador. Da junção daquelas crianças rejeitadas - incompreendidas pelas diferenças que exibem - resulta uma espécie de conto-de-fadas, uma demonstração de afecto por toda uma época e fase da vida.

Narrado por uma personagem que na aparência faz lembrar Steve Zissou - o biólogo marinho de outras andanças -, Moonrise Kingdom assume-se como uma viagem pela lembrança, marcada por uma nostalgia simpática. Na direcção de um elenco na sua maioria seu conhecido - são muitos os regressos de obras anteriores -, Anderson destaca-se pelo virtuosismo com que conduz esta sua incursão pela Nova Inglaterra dos anos 60. Falha, contudo, em controlar a veia criativa, exagerando na manifestação da sua visão bastante peculiar. Não é perfeito, mas também quem disse que a magia tinha de o ser?


Título Original: Moonrise Kingdom (EUA, 2012)
Realizador: Wes Anderson
Argumento: Wes Anderson, Roman Coppola
Intérpretes: Jared Gilman, Kara Hayward, Bruce Willis, Edward Norton, Bill Murray, Frances McDormand, Tilda Swinton, Jason Schwartzman, Harvey Keitel, Bob Balaban
Música: Alexandre Desplat
Fotografia: Robert D. Yeoman
Género: Comédia, Drama, Romance
Duração: 94 minutos


quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Frankenweenie (2012)

Aqui no estaminé andávamos esquecidos do talento de Tim Burton para o Humanismo. Não que desgostássemos completamente das suas obras mais artificiais - houve aqui quem tenha achado alguma graça a Alice in Wonderland (2010) ou a Dark Shadows (2012), aquela soap-opera tornada filme -, mas sentíamos a falta da veia que marcou a carreira do cineasta norte-americano no seu início. Burton parece ter ouvido os nosso lamentos, e deu luz a uma antiga ideia sua, este FRANKENWEENIE. O mesmo conceito que lhe valeu o despedimento da Disney na década de 80 - acharam-no muito negro para a miudagem -, produzido pelo gigante do entretenimento que o descartara décadas antes, em animação a preto-e-branco e formato familiar.


Um miúdo que tem como único amigo o seu cão, ressuscita-o após ter assistido ao seu atropelamento. Como a Feira de Ciências da escola se aproxima - e a competição é feroz -, os seus colegas de turma, ao descobrirem o segredo, vão fazer de tudo para reproduzir a experiência prometeica. É desta premissa tocante que nasce o filme; não se encontra, contudo, a ela limitado, cultivando morais em campos mais distantes. Lida-se com o luto (e a sua ausência) e com o medo em relação ao desconhecido. Não será por acaso que, ao ser despedido, o professor de ciências - personagem a fazer lembrar Vincent Price, sonorizada por Martin Landau - diz com pesar que hoje em dia todos se julgam cientistas. Ao receio pelo que não se conhece junta-se o pedantismo de disparar inanidades sobre o que não se sabe. Burton reconhece e expõe o defeito social, apelando ao conhecimento.

Não se estranhe, pois, que Burton imprima o seu estilo em cada momento desta sua segunda adaptação da estória - a primeira teve a forma de curta-metragem em live action -, reconduzindo frequentemente o público a outros momentos do seu trabalho. Cria-se uma nostalgia em relação ao que ficou para trás - que se prolonga através do regresso de algum do seu cast regular e da evocação de personagens lendárias do género - e que tarda em abandonar o espectador. Desse modo - e para quem gosta dos habituais mecanismos burtonianos - é complicado não adorar aquela pequena cidade, que parece toda ela extraída do imaginário clássico do Cinema de Terror, e quem lá habita. Entre o gótico e o expressionista, há em Frankenweenie um idealismo doce e inocente que nos faz recuar no tempo. É o regresso do Burton clássico.


Título Original: Frankenweenie (EUA, 2012)
Realizador: Tim Burton
Argumento: John August (baseado no argumento de Leonard Ripps e na ideia original de Tim Burton)
Intérpretes: Charlie Tahan, Catherine O'Hara, Martin Short, Martin Landau, Winona Ryder
Música: Danny Elfman
Fotografia: Peter Sorg
Género: Animação, Comédia, Ficção-Científica, Terror
Duração: 87 minutos


quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

The Amazing Spider-Man (2012)

Em 2002, Sam Raimi trouxe-nos uma das melhores adaptações da Marvel até à data, Spider-Man, seguido de 2 sequelas, mas após a sua retirada do quarto filme os produtores acharam, por bem, fazer um reboot completo da saga, com novo realizador e novos actores. THE AMAZING SPIDER-MAN, de Marc Webb, agora com uma nova história traz novas possibilidades que poderão, ou não, agradar os fãs.

Peter Parker (Andrew Garfield) descobre um segredo bem guardado sobre o seu pai, que trabalhava em conjunto com o Dr. Curtis Connor (Rhys Ifans). Quando tenta infiltrar-se nos laboratórios da Oscorp para entrar em contacto com Dr. Connor, é acidentalmente mordido por uma aranha radioactiva, consequentemente ganhando poderes extraordinários. Após conseguir falar com Dr.Connor e partilhar com ele a formula desenvolvida pelo seu pai, Connor põe a formula em pratica  sofrendo efeitos semelhantes aos de Peter, embora mais extremos.

Definitivamente uma abordagem completamente diferente, mais fiel à banda desenhada, da versão de Raimi. Talvez a maior fraqueza de The Amazing Spider-Man encontra-se no argumento, coisas que necessitariam de maior ênfase foram substituídas por cenas menos importantes e mais alongadas. Toda a transformação que Peter sofre é tratada de forma muito banal, assim como o facto de ser bastante mais despreocupado em relação à sua identidade secreta, que a certa altura deixa de ser tão secreta ou pelo menos bastante óbvia. No entanto, visualmente, o filme é apelativo, com uns efeitos especiais espectaculares que agradam qualquer um. As interpretações por parte das personagens, ainda que bem razoáveis, deixam um pouco a desejar e a certa altura são um pouco ambíguas e confusas. Andrew Garfield desempenha razoavelmente bem o papel de spider-man, mas com as inconsistências emocionais, que a personagem parece ter, é difícil perceber o que ele está para lá a fazer. Para uma personagem supostamente irónica mas simultâneamente tímida, este parece um pouco trapalhão e inseguro. Gostei particularmente de como optaram pelo lançador de teias criado por Peter, algo que é retratado na banda desenhada e que na versão de Raimi foi ignorado.

Apenas aqueles que prefiram uma abordagem mais fiel ao universo da Marvel, irão ver este filme como uma melhoria em relação ao de 2002, talvez não completamente, mas a um certo nível. No entanto, quem espera um upgrade significativo terá uma desilusão, mas geralmente não fica muito atrás do de Raimi e mesmo que não seja excelente ainda dá para rir de algumas situações, nem que seja pelo ridículo delas.


Título Orignal: The Amazing Spider-Man (EUA, 2012)
Realizador: Marc Webb
Argumento: James Vanderbilt; Alvin Sargent; Steve Kloves
Intérpretes: Andrew Garfield; Emma Stone; Rhys Ifans; Denis Leary; Martin Sheen; Sally Field; Chris Zylka
Música: James Horner
Fotografia: John Schwartzman
Género: Acção, Aventura, Fantasia
Duração: 136 minutos



terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Tabu (2012)

Tem-se em TABU, de Miguel Gomes, um dos objectos mais singulares da cinematografia recente portuguesa. Não só pela época que revisita ou sequer pela opção de fotografar a preto-e-branco - O Barão, de Edgar Pêra, por exemplo, também se situa nesse espectro -, mas sobretudo no talento envolvido na repescagem e utilização de todo um leque de técnicas e mecanismos que há muito se julgavam caídos em desuso e que aqui conferem ao filme uma dimensão indescritivelmente mágica. A entrada de Miguel Gomes na lista dos grandes cineastas da nossa praça - depois do surpreendente Aquele Querido Mês de Agosto - faz-se através de uma ligação Lisboa-África desmultiplicada em memórias e relatos.


Começando pelo magnífico prólogo, com ares de documentário, somos introduzidos, enquanto público, aos resquícios do Império e do Colonialismo. A um passado que já não existe e àquela paisagem luxuriante a que chamam África. A narração - que durante o filme vai revelando, sempre a seu tempo, todos os detalhes necessários à compreensão da narrativa - deixa logo claro que à vontade do coração não se podem sobrepor as de Reis ou Deus. A lembrança e o sonho são apresentados como elementos poderosos e capazes de guiar a experiência. De um lado temos aqueles que, não querendo recordar, vivem por eles atormentados; do outro, aqueles que têm como tarefa impedir que o que foi mas já não é morra no esquecimento. O que equivalerá a escrever que Aurora e Pilar - Laura Soveral e Teresa Madruga, respectivamente, fenomenais - são faces opostas de uma mesma moeda, atraindo-se até ao fim anunciado e que não tarda muito em chegar. Tudo para se perceber que o sufixo - Perdido - que cai de uma epígrafe para a outra foi, afinal, ganho através do tempo.

Do elenco à pós-produção, verifica-se em Tabu uma obra superior, colocada bem acima da média - quer nacional, quer internacional - e pautada por uma faculdade absolutamente assombrosa. Vê-lo é permitir que em nós penetre uma imagética forte, envolvida por uma musicalidade transcendente - apanágio da obra de Gomes -, que perdurará na nossa memória e não mais nos abandonará. Obrigatório.


Título Original: Tabu (Alemanha/Brasil/França/Portugal, 2012)
Realizador: Miguel Gomes
Argumento: Miguel Gomes, Mariana Ricardo
Intérpretes: Teresa Madruga, Laura Soveral, Henrique Espírito Santo, Isabel Muñoz Cardoso, Ana Moreira, Carloto Cotta, Manuel Mesquita, Ivo Müller
Fotografia: Rui Poças
Género: Drama, Romance
Duração: 118 minutos



Cesare deve morire (2012)

Foi com este CESARE DEVE MORIRE que os irmãos Taviani foram a Berlim buscar o Urso de Ouro e o Prémio do Júri Ecuménico. E não sem mérito, acrescente-se. Num festival cujos prémios normalmente se revestem de consciência social - vejam-se, por exemplo, os galardões concedidos a Tropa de Elite em 2008 ou a La teta asustada no ano seguinte -, ignorando muitas vezes filmes superiormente executados, seria quase natural desconfiar à partida da qualidade desta obra. E estar-se-ia, pois, a cometer um erro gravíssimo e enorme injustiça, perante aquele que será, porventura, um dos objectos cinematográficos mais curiosos do ano.

Filmar Shakespeare - ou uma das suas peças - atribuindo-lhe subtexto político não constituirá novidade; ainda para mais tratando-se de Julius Caesar, obra que versa a morte de tiranos que tentam a usurpação do poder. Muito menos o será filmar o teatro como ponto de partida. Mas rumo aonde? Ora, à liberdade, aonde mais haveria de ser? Postas as questões pertinentes - e ainda serão algumas -, parte-se de uma produção teatral de prisão. Escolhe-se representar uma peça que tem algo de motim em si, um grito de revolta sem heróis nem vilões. As celas e o pátio servem de cenários para os ensaios - e na verdade filma-se mais dos ensaios do que da representação final - com os prisioneiros-actores a identificarem-se, amiúde, com as personagens que interpretam. Há uma relação próxima entre sujeito e objecto, uma transposição da ficção para o real.

É nesse cruzamento entre dimensões - a documental e a ficcional, a da liberdade e a do encarceramento - que os irmãos Taviani, herdeiros contemporâneos do neorrealismo italiano, encontram a sua maior virtude. Através de um equilíbrio estudado - evidente também pela fotografia e sonoplastia cuidadas - criam uma libertação dentro do próprio presídio. Não é por acaso que se começa pelo final da peça - pelas palmas, ovações e conseguinte re-encarceramento -, para depois o repetir no final do filme. Da sua natureza circular sobressai a monotonia do quotidiano dos actores-prisioneiros (às tantas invertem-se os termos), presos não só ao edifício, mas também aos seus próprios pensamentos. Quando se esperava que abrandassem, fruto dos seus oitenta anos, os irmãos Taviani entregam em Cesare deve morire uma das suas obras mais ambiciosas, produto inteligente e de incontestável engenho. Está alcançada a (fugaz) libertação.


Título Original: Cesare deve morire (Itália, 2012)
Realizador: Paolo Taviani, Vittorio Taviani
Argumento: Paolo Taviani, Vittorio Taviani (baseado na peça de William Shakespeare)
Intérpretes: Cosimo Rega, Salvatore Striano, Giovanni Arcuri, Antonio Frasca, Juan Dario Bonetti, Vincenzo Gallo, Rosario Majorana, Fabio Cavalli
Música: Giuliano Taviani, Carmelo Travia
Fotografia: Simone Zampagni
Género: Documentário, Drama
Duração: 76 minutos


segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Quando os anjos descem à Terra

«Every time a bell rings an angel gets his wings.»

Natal é também sinónimo - como, de resto, quase tudo na vida - de cinefilia. De filmes e estórias, épicos e animações, para adultos e crianças. O Cinema reúne a família. Com a escolha dos filmes a variar de lar para lar, havia que se escolher um, entre muitos - e em jeito quase autista, à procura de consensos impossíveis de alcançar -, para destacar no blogue. A fava calhou-me em sorte, e eu, como não vou à bola com aqueles objectos hughesianos em que se deixava o miúdo sozinho em casa durante as festas, virei-me para algo familiar (e que já revi algumas vezes).


Cá por casa é tradição ver-se o IT'S A WONDERFUL LIFE. Não será o único filme que se vê durante a quadra - também há espaço para a bonecada que todos os anos inunda a programação da TV -, mas a obra de Capra, esse mestre do feel good, é a fita natalícia por excelência. Para quem não a conhece, além da recomendação, fica uma breve revista à estória: George vive a sacrificar-se por aqueles que lhe são próximos. Personificação do altruísmo, não há ninguém na pequena cidade de Bedford Falls que dele não tenha algo agradável a dizer. Ninguém a não ser o malvado Potter, senhorio sem escrúpulos. Quando na Véspera de Natal o seu tio perde o dinheiro reservado ao negócio, George considera o suicídio, levando a que Clarence, um anjo sem asas, seja enviado à Terra para salvar a sua vida.

Assim de repente - e admitindo que não será a melhor das suas obras -, tem-se em It's a Wonderful Life um exemplo cabal dos temas habitualmente desenvolvidos por Capra, bem como do seu engenho como realizador. Ele mesmo um imigrante italiano nos EUA, Capra sempre favoreceu nos seus filmes o homem comum, o everyman, nas suas lutas - tanto diárias, como extraordinárias - contra o Sistema. Estereotipa as personagens, representando-as em pólos completamente opostos: os bons são, geralmente, ingénuos e humildes, enquanto os maus surgem cínicos e genuinamente perversos. A Máquina mastiga o Bem até à exaustão, que, derrotado na individualidade, recorre ao colectivo para vencer a batalha. Se é moralista? É. Mas também é bonito que se farta.

Não é, por isso, de estranhar que se escolha Capra - e esta sua obra - para evidenciar os valores que o Natal veicula, ou que assim o espera fazer. Ou que neste estaminé tanto se aprecie o italo-americano, artífice de sonhos e magia. E que se escrevam coisas tão pirosas a seu respeito, de tanta inocência que nos preenche. Mas é assim que gostamos; e, mais importante, é assim que se quer esta época. Com os seus Georges, Clarences e Marys, que nos ensinam a trilhar os caminhos que levam à felicidade. Sem mais por escrever - e com a vontade de ir festejar com a família -, o Matinée Portuense gostaria de desejar aos seus leitores um bom Natal, com tudo de bom o que esta vida tem. E com muitos filmes, é claro, que isso não pode faltar.

António Tavares de Figueiredo

Universal Soldier: Day of Reckoning (2012)

Depois de ler algumas críticas surpreendentemente positivas em relação a UNIVERSAL SOLDIER: DAY OF RECKONING, tive que confirmar se, por obra de algo divino, esta saga já esquecida dos anos 90 tinha finalmente alcançado alguma qualidade. Mas tal como esperado, continua nos limites do degradante, do mais baixo que é possível atingir no mundo do cinema.

A sinopse nem vale a pena ser mencionada, se havia qualquer tipo de relação lógica com os filmes anteriores então eu não a vejo. Todo o argumento é confuso e retardado, grande parte dos diálogos são grunhidos e berros trocados entre personagens, seguidos de literais verborreias. Violência tão disparatada que dificilmente parece real e actores tão maus que é impossível distinguir que raio de emoção é suposto estarem a exprimir, tudo isto dá-nos Universal Soldier: Day Of Reckoning. Nunca saberei a razão pela qual houve alguém que tenha gostado desta trapalhada, é simplesmente uma perda de tempo enorme. 

Pessoalmente gostava de desaconselhar a visualização deste filme sem supervisão. Ao longo do filme poderão sofrer severos ataques epilépticos derivados da continua exposição a flashes. Acho que seria algo que deveriam avisar no inicio do filme, a mim custou-me imenso e certamente não serei o único. A meu ver, isto é mais uma desculpa para maus actores receberem algum dinheiro e não fiquem desempregados, ou isso ou então isto é tudo uma grande piada para irritar o público. Em ultima observação diria que este poderá não ser um filme que queiram ver, é um daqueles filmes que se equivale à qualidade dos filmes da Syfy, possivelmente pior. 


Título Original: Universal Soldier: Day of Reckoning (EUA, 2012)
Realizador: John Hyams
Argumento: John Hyams; Doug Magnuson; Jon Greenhalgh; Moshe Diamant
Intérpretes: Scott Adkins; Dolph Lundgreen; Jean-Claude Van Damme; Andrei Arlovski; Mariah Bonner
Música: Michael Krassner
Fotografia: Yaron Levy
Género: Acção, Ficção-Científica, Thriller
Duração: 114 minutos


domingo, 23 de dezembro de 2012

Sunday Stills #17: "It's a Wonderful Life"



James Stewart e Donna Reed em IT'S A WONDERFUL LIFE, de Frank Capra. O mais apoteótico dos filmes desta quadra tem a capacidade mágica de deixar toda a gente satisfeita. E o Natal é já esta semana!

sábado, 22 de dezembro de 2012

Trailer de "To the Wonder"

Foi exibido em Veneza - onde concorreu pelo Leão de Ouro - e pouco mais se soube de To the Wonder desde aí. Até agora. O novo filme de Terrence Malick - que parece interessado em reduzir os intervalos entre as suas obras - ganhou trailer. Visualmente deslumbrante (pelo que se pode ver), tem estreia marcada para Abril de 2013 nos EUA.


sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Trouble with the Curve (2012)

TROUBLE WITH THE CURVE sofre do mesmo mal que o próprio desporto em que se baseia, falta de emoção. Tal como no baseball raramente se encontra momentos de entusiasmo, este filme poucas vezes se torna interessante. Uma tentativa de mostrar que Eastwood ainda não envelheceu o suficiente para abandonar a carreira e até tentar dar luz às capacidades de Robert Lorenz, no final acaba por não se concretizar totalmente.

Gus (Clint Eastwood), um olheiro de baseball, faz uma ultima viagem para observar um potencial jogador para a sua equipa. No entanto, com a idade vêm as dificuldades, e a sua visão já não é o que era, por isso, um amigo, Pete (John Goodman), pede à filha de Gus, Mickey (Amy Adams), para o acompanhar e garantir que tudo corre bem. Numa mistela de maus relacionamentos familiares, olheiros rivais, interesses amorosos um pouco confusos e os prodígios escondidos de rabo de fora, temos Trouble With The Curve, onde o título se aplica adequadamente ao descrever a dificuldade que o filme tem em acertar.

Simplesmente mais um filme que não sobressai, onde todo o investimento apenas serviu para pagar aos actores, que também nada acrescentam. Pareceu-me mais uma tentativa de recriar o sucesso de Million Dollar Baby (2004), onde Lorenz foi assistente de direcção, cargo talvez mais apropriado. Mais estranho ainda será o contributo de Justin Timberlake, com o rumo que seria de esperar do enredo a sua participação, mais especificamente da personagem, não é muito compreensível. Depois temos o facto do filme ser tão previsível que bastam 10 minutos para perceber o rumo que tudo vai tomar. Mas temos pontos positivos, os últimos 20 minutos que quase conseguem salvar o filme da mediocridade, se não chegassem tão tarde, quem aguenta os primeiros 90 minutos poderá ter uma surpresa razoável.

Em geral, bastante medíocre. Não é, certamente, um filme que valha a pena ver com urgência. Demasiado previsível e fundamentalmente aborrecido, nem Eastwood, o único destaque, o safa, e tendo em conta a sua idade, é refrescante ver que ele ainda sabe o que faz.


Título Original: Trouble with the Curve (EUA, 2012)
Realizador: Robert Lorenz
Argumento: Randy Brown
Intérpretes: Clint Eastwood; Chelcie Ross; Ed Lauter; Amy Adams; Raymond Anthony Thomas; Clifton Guterman; Justin Timberlake
Música: Marco Beltrami
Fotografia: Tom Stern
Género: Drama
Duração: 111 minutos



It's The End Of The World As We Know It And I Feel Fine...

Chegou o dia profetizado pelos Maias e felizmente ainda aqui estamos, por isso, aqui no Matinée gostaríamos de desejar a todos os leitores uma boa passagem de Fim do Mundo.

O filme que viveu duas vezes

Há filmes que pedem que não se escreva rigorosamente nada - ou, na extrema necessidade de o fazer, muito pouco - sobre eles. Não porque tenham pouco para nos dizer - também os haverá desse tipo, mas são contas para outra altura -, mas porque nenhuma consideração tecida a seu respeito, por mais eloquente que seja, lhes fará alguma vez a justiça devida. VERTIGO, de Alfred Hitchcock, é exemplo gritante desse preceito, pedindo, como poucas outras obras, visualização atenta e em completa absorção.


Paradigma categórico de fita pensada do primeiro ao último momento, nada parece falhar na obra-prima de Hitchcock. Das cores à iluminação, dos décors ao figurino, do som à imagem, de Stewart a Novak, todos os elementos funcionam - e, mais importante, conjugam-se - na maior das precisões, fruto da direcção cuidada do britânico. Tem-se em Vertigo uma verdadeira e completa lição de Cinema - assim, com honras de capital e tudo -, exemplo irrepreensível do que mais tarde se tentaria reproduzir várias vezes sob a égide genérica do thriller psicológico. Na verdade, o que se tem aqui é algo muito mais complicado, uma representação intrincada da obsessão e sexualidade levada ao extremo dos sentidos.


Talvez por isso Vertigo tenha a necessidade - e aqui será mesmo caso disso - de se reviver a si mesmo, de se repetir quando entra em cena a cópia da cópia, já depois dela se ter extraído a cópia do original (que nunca se chega a ver com clareza). A vertigem do filme não nasce só das alturas e escadarias - apesar das belas cenas que lá se fazem -, mas também da própria narrativa, objecto raro em quase constante convolução. Não será de estranhar, portanto, que o espectador mais desatento corra o sério risco de se perder durante a viagem e não ser capaz de alcançar o seu destino. Para ele, o meu conselho será de paciência. E que insista uma vez mais, que a obra é merecedora de atenção, quiçá como nenhuma outra no Cinema.

António Tavares de Figueiredo

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VERTIGO, de Alfred Hitchcock, encontra-se em exibição nos cinemas UCI El Corte Inglés, em Lisboa, e UCI Arrábida, no Porto. Oportunidade única para experimentar a vertigem em sala, em cópia digital e versão restaurada, meses após ter sido eleito o melhor filme de sempre pela publicação britânica Sight & Sound.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

On the Road (2012)

Este ON THE ROAD é, no máximo, um caso curioso de paixão pelo movimento. Pelo beat, está claro. Nota-se que Walter Salles gosta do material que tem em mãos, mas fica a dúvida se alguma vez se sente confiante o suficiente para o explorar adequadamente. Fica-se, pois, preso a uma sucessão de episódios - alguns bem mais memoráveis do que outros - que causam alguma estranheza ao espectador e que acabam por não resultar lá muito bem em conjunto.

Mas se é verdade que se entrou aqui a matar em relação à fita, também o será que ela tem as suas virtudes. A imortalização de Neal Cassady por Jack Kerouac como um novo herói folk norte-americano encontra paralelo na visão romântica que Sal Paradise - escritor alter-ego do escritor - mantém de Dean Moriarty. As viagens, os encontros e desencontros, as despedidas, a roda-viva de personagens com quem se cruzam e convivem. E as drogas, o álcool, o tabaco e as orgias. É no cruzamento entre o excesso e a abstinência que o filme encontra a sua maior qualidade.


Salles pisca o olho ao road movie. A representação nómada da contra-cultura, obstinada a não ficar presa a um só lugar, encontra paralelo na do também seu Diarios de motocicleta, sobre Che Guevara e sua viagem pela América do Sul. Brindar ao Oeste significa andar para a esquerda no mapa; para quem começa em Nova Iorque, como é o caso dos protagonistas, tal significa todo um país para explorar. Viver no carro de mochila feita para o que der e vier. Estende-se, no entanto, a narrativa muito para além do necessário, esticando a duração do filme ao ponto de se arriscar perder a atenção da audiência no meio do frenesim. O brasileiro entra também ele no movimento, na loucura daquela juventude, jogando com a velocidade da montagem, por vezes um vaivém de planos colados em sufoco. Curiosamente, não consegue transpor esse espírito cinético para a estrutura externa da obra, quebrando o seu ritmo nos interstícios e arrastando-a penosamente para lá do interessante.

On the Road tem o potencial de se converter, num futuro mais ou menos próximo, em filme de culto junto da audiência adolescente, a par do que Control - infinitamente superior e igualmente com o protagonismo de Sam Riley - fez há alguns anos. Haverá quem resgate do fundo do armário boinas e golas-altas pretas e vá a encontros de poesia em cafés escurecidos pelo fumo de mil cigarros (ups, logo agora que não se pode fumar indoors). A rebeldia dos ícones culturais atrai sempre a malta jovem - na qual, de resto, me incluo também -, mas esta falha em cativar. Da sua natureza episódica, entre uma maioria de momentos mais discretos e comezinhos, surgem algumas das melhores sequências do filme, caso, por exemplo, das que contam com a fantástica presença de Viggo Mortensen e Amy Adams. Mas o melhor está mesmo reservado para o fim, quando Sal escreve, finalmente e de chofre, o seu livro num rolo de folhas corrido que se espalha por todo o chão do seu quarto. Quase vale a pena ver On the Road por esses breves minutos, que sabendo a pouco, são reveladores do talento de Salles como realizador. Quase. Porque se fôssemos somar - e, sobretudo, subtrair - câmaras ao filme o resultado da conta seria tendencialmente negativo. Leva cinco delas de boa vontade e um aviso acerca do seu grave desequilíbrio. O resto é apenas movimento.


Título Original: On the Road (Brasil/EUA/França/Reino Unido, 2012)
Realizador: Walter Salles
Argumento: Jose Rivera (baseado no livro de Jack Kerouac)
Intérpretes: Sam Riley, Garrett Hedlund, Kristen Stewart, Tim Sturridge, Kirsten Dunst, Danny Morgan, Alice Braga, Amy Adams, Viggo Mortensen, Steve Buscemi, Elisabeth Moss, Terence Howard, Tiio Horn
Música: Gustavo Santaolalla
Fotografia: Eric Gautier
Género: Aventura, Drama
Duração: 124 minutos


Trailer de "Pacific Rim"

2013 prevê-se um ano repleto de Ficção-Científica. Guillermo del Toro - realizador e produtor conhecido pelo apreço que mantém em relação à vertente visual das suas obras - apresenta Pacific Rim, por ele dirigido. O filme tem estreia agendada em Portugal para Julho de 2013.


quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

The Perks Of Being A Wallflower (2012)

Uma visão extremista da vida de um adolescente, a isso se resume THE PERKS OF BEING A WALLFLOWER, de Stephen Chbosky, autor do romance com o mesmo nome. Chbosky mostra que mesmo com capacidades realização medianas se consegue atingir algo bastante acima da média, apoiado por um elenco de topo.

Charlie (Logan Lerman) é um jovem de 15 anos, socialmente desajustado e tímido. Numa tentativa de fazer amizades nos seus primeiros dias do secundário, conhece Sam (Emma Watson) e Patrick (Ezra Miller), que o integram no seu grupo de desajustados que o guiam e apresentam a uma visão diferente da vida.

O que mais brilha neste filme é o desempenho dos actores, todos transmitem eficientemente as características emocionais das personagens e prendem-nos desde o inicio. Facilmente nos apercebemos que a emoção retratada é principalmente a angústia, também bastante notória no ambiente geral do filme, assim como a solidão e a dificuldade de conviver com algo fora da norma estabelecida pela sociedade. É dirigido para aqueles que são, realmente, diferentes e que de certeza se identificam com algumas das personagens, daí a importância de desempenhos superiores por parte do elenco, o que se verifica e dá alma ao filme. O mesmo não direi da realização de Chbosky, que embora não seja má, não se encontra ao nível necessário para estar a par do trabalho dos actores, e ainda se encontra em fase de amador com potencial para progredir.

Nunca li o livro, por isso não sei até que ponto foram representados os acontecimentos no filme, mas diria que alguns pontos importantes não foram claramente esclarecidos, apenas nos deixam com indicações superficiais, abatendo um pouco a tensão criada em certas partes. No entanto, as diversas referências à cultura alternativa são muito bem vindas, desde uma banda sonora facilmente reconhecível ao shadow cast de Rocky Horror Picture Show, interpretado pelas personagens. Definitivamente um filme que deverá agradar o público geral, excepto aqueles que não o entenderem e o interpretarem de forma literal.


Título Original: The Perks Of Being A Wallflower (EUA, 2012)
Realizador: Stephen Chbosky
Argumento: Stephen Chbosky
Intérpretes: Logan Lerman; Dylan McDermott; Kate Walsh; Ezra Miller; Emma Watson; Mae Whitman; Erin Wilhelm; Reece Thompson
Música: Michael Brook
Fotografia: Andrew Dunn
Género: Drama
Duração: 102 minutos



terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Trailer de "Los amantes pasajeros"

O novo filme de Pedro Almodóvar - que já revelou querer explorar a sci-fi no seu próximo projecto - ganhou trailer. Los amantes pasajeros é uma comédia, e tem estreia marcada em Portugal para 18 de Abril de 2013.


segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

The Hobbit: An Unexpected Journey (2012)

Após 9 anos de espera, Peter Jackson regressa com mais um capítulo de uma das melhores sagas de fantasia das últimas décadas. THE HOBBIT, a prequela de Lord Of The Rings, chega finalmente e o resultado poderá não estar a altura das expectativas. Com a grande aderência do público é de esperar uma afluência de desilusões, talvez não para todos, mas a grande maioria não receber o que, provavelmente, esperava.

The Hobbit, passa-se 60 anos antes dos acontecimentos em LotR e acompanha Bilbo Baggins (Martin Freeman) numa aventura pela Terra Média, com companhia de um grupo de Anões e Gandalf (Ian McKellen). O grupo procura derrotar o dragão, Smaug, que se apoderou do reino dos Anões à 150 anos atrás. Surgem caras familiares e O Anel faz a sua primeira aparição assim como um grande Mal que ameaça aterrorizar a Terra Média.

Como já tinha sido anunciado, The Hobbit será uma trilogia a concluir nos próximos 3 anos, numa tentativa de seguir os passos da trilogia anterior. No entanto, a qualidade poderá não seguir os mesmo passos. Agora em 3D e em 48 fps, é uma experiência única, diferente de pessoa para pessoa, embora possa ser um desafio para os olhos se habituarem à nitidez. Para mim foi como estar a ver um clip de um video jogo de aventura bastante extenso, principalmente nas cenas de acção, com coreografias e efeitos especiais tão perfeitos que parecem mesmo tirados de um jogo. E para agravar a situação, tudo culminava numa típica boss fight, o que me deixou boquiaberto, mas não num bom sentido. Isto é bastante claro na sequência de fuga do reino dos goblins, parecendo muito artificial e previsível, destruindo completamente o trabalho dos efeitos especiais que são de cortar a respiração.

"BOSS FIGHT"

O ponto alto do filme é o facto de se integrar na perfeição à imagem de LotR, os cenários, personagens e ambiente, foram criados com um pormenor incrível o que me faz crer que Jackson ainda não perdeu o jeito. As actuações são óptimas, julgo não haver nenhuma que não deixasse a desejar. A banda sonora de Howard Shore, fantástica como sempre, traz boas memórias e uma enorme nostalgia, um trabalho digno de admiração. Assim como os cenários que são grandiosos e com a banda sonora dão aquela sensação de algo épico que até agora só LotR nos proporcionava, algo que inicialmente agarrou uma legião de fãs à obras de Tolkien. Mas embora tenha muito de bom, também tem muito de mau, o que deitou abaixo muitas das expectativas catastroficamente grandes.  

Existem diversos error que impedem este filme de sobressair, e o primeiro que gostava de referir é o pouco ênfase que é dado ao desenvolvimento das personagens, nomeadamente de Bilbo Baggins, que tem súbitas epifanias e surtos de coragem aos quais não é dada a importância devida, aliás grande parte das suas aparições em cenas pareciam um pouco insignificantes. O maior problema será definitivamente a artificialidade de certos elementos, seguido da fraca coesão entre algumas cenas que nos impedem de absorvidos pela história e facilmente nos perdemos. Não se trata de um filme mau, nada disso, até é bastante bom, mas as falhas são impossíveis de ignorar e num filme que cria expectativas tão altas isto é um erro fatal. De certa forma, é compreensível, ao contrário de LotR, que se apoiava em três livros, The Hobbit tem apenas um como apoio e a necessidade(?) de o estender para uma trilogia parece-me um pouco forçado, uma tentativa de ordenhar até ao último cêntimo a obra de Tolkien. 

Temos então um começo razoável a esta nova trilogia, resta esperar pelo futuro. Não é o que se esperava, algo majestoso, mas ainda se safa e poderá descer um pouco as expectativas para os seguintes e impedir, assim, uma desilusão em massa. Confio que Jackson ainda tem truques na manga e os seguintes serão uma melhoria, à altura do universo de Tolkien.


Título Original: The Hobbit: An Unexpected Journey (EUA/Nova Zelândia, 2012)
Realizador: Peter Jackson
Argumento: Fran Walsh; Philippa Boyens; Peter Jackson; Guillermo Del Toro; J.R.R. Tolkien (The Hobbit
Intérpretes: Ian McKellen; Martin Freeman; Richard Armtage; Ken Stott; Graham McTavish; William Kircher; Dean O'Gorman James Nesbitt; Stephen Hunter; Aidan Turner; John Callen; Christopher Lee
Música: Howard Shore
Fotografia: Andrew Lesnie
Género: Fantasia, Aventura
Duração: 169 minutos