A crescente necessidade de reutilizar velhos clássicos e adapta-los para o público o moderno, numa tentativa, por vezes fraca, de amealhar mais uns trocos sobrepõem-se à necessidade de criar algo com qualidade. Muitas vezes destroçando o que tentam reimaginar a já duradoura vaga de reboots não deixam a salvo nenhuma das boas memórias que tivemos em frente ao ecrã quando éramos mais novos. A Nightmare On Elm Street (1984), de Wes Craven, não escapou ileso e teve a sua readaptação em A NIGHTMARE ON ELM STREET (2010), realizado por Samuel Bayer. Sem gosto nem surpresa, desfere mais um golpe num franchise que já há muito cometeu suicídio. Juntamente Friday the 13th, Halloween, Texas Chainsaw Massacre e muitos outros, ninguém está a salvo. Numa industria onde o dinheiro fala mais alto todas as vacas são ordenhadas sem consideração.
Originalidade é o que falta neste reboot, derrubado pela inexistência de conteúdo novo, com um argumento desinteressante, uma realização medíocre e um elenco de fantoches descartáveis sem talento,ou assim deram a entender. Somos defrontados com o mais genérico dos filmes de terror, quase obrigados engolir a receita que já todos provamos em demasia. Cenas, literalmente, copiadas do filme original e personagens genéricas sem qualquer tipo de personalidade. Será quase como ver hora e meia de gado a ser guiado para o matadouro, um matadouro lento, com problemas de voz e indecisão sobre a sua própria identidade.
Freddy Krueger (Jackey Earle Haley), um dos vilões mais cruéis e ameaçadores volta para aterrorizar os nossos sonhos, desta vez com uma nova táctica, aborrecer-nos de morte. Agora com uma origem ligeiramente diferente poderá ser apenas mais uma alma atormentada a procura de retribuição? Ainda bem que não. No entanto Freddy é reduzido a mais um mero assassino com poderes sobrenaturais, sem mistério e completamente exposto desde o inicio. Para Jackey Earle Haley talvez os sapatos de Robert Englund sejam demasiado grandes para encher, tanto a sua pequena estatura e voz de fumador crónico não o beneficiam nos diálogos, já por si fracos.
A Nightmare On Elm Street falha ultimamente na completa falta de qualquer personagem que cause algum tipo de destaque, indeciso na escolha do herói e confuso no caminho que segue o enredo. Nunca chega a haver um sentimento claro de urgência ou perigo e as cenas mais assustadoras dificilmente são eficazes. Tudo perde interesse muito rápido, onde nada de emocionante acontece é complicado manter os olhos abertos - se o Freddy me assombrasse eu estava morto nos primeiros 10 minutos de filme.
Para um remake que tenta incessantemente ser diferente, pouco é realmente reinventado ou acrescentado. No que é apenas mais um ponto baixo do terror, A Nightmare On Elm Street se perderá nos anais do género como uma das mais fracas adições a um franchise clássico mas fundamentalmente ultrapassado.
Realizador: Samuel Bayer
Argumento: Wesley Strick; Eric Heisserer, Wes Craven (história original)
Intérpretes: Jackey Earle Haley, Kyle Gallner, Rooney Mara, Katie Cassidy, Thomas Dekker, Clancy Brown
Música: Steve Jablonski
Fotografia: Jeff Cutter
Género: Terror
Duração: 95 minutos
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