Vamos começar a nossa viagem de Halloween pelos últimos 10 anos do cinema de terror com SAW (2004), de James Wan. Já passaram 10 anos desde que James Wan trouxe uma nova visão macabra ao grande ecrã, com a difícil tarefa de dar voltas aos estômagos mais fortes e surpreender os mais perspicazes. Bem, talvez não tenha sido tão eficaz na surpresa, mas de certo que estômagos foram virados. Saw, rapidamente se tornou em filme de culto para publico mais sedento de sangue e veio para satisfazer os fetiches mais sombrios, originando seis sequelas com muitas das mortes mais desnecessariamente complicadas que já se viu em filme, culminando num dos enredos mais desnecessariamente complicados de que me lembro. Alguma vez se perguntaram de quantos plot twists seriam precisos para quebrar um argumento? Esta saga responde a essa pergunta e ainda nos leva mais além.
Adam (Leigh Whannell) e Lawerence (Cary Elwes) são dois desconhecidos que acordam acorrentados numa casa de banho e são forçados a participar nos jogos perversos de um assassino em série. Com as suas vidas, e das suas família, em risco, a vontade de viver é a chave para a vitória e de entre os dois apenas um a poderá atingir. Uma situação que põe também os próprios actores à prova, 100 minutos é muito tempo para ver dois homens e um morto presos numa casa de banho (ironicamente, imagino que daria uma excelente comédia), felizmente temos Dany Glover no papel de David Tapp, um detective que ainda não está demasiado velho para perseguir incessantemente o assassino, entrando também, inconscientemente, no seu plano diabólico.
Enquanto acompanhamos o enlouquecer das personagens, já por si instáveis, face aos desafios, somos abalroados com talvez a quantidade ideal de violência física e psicológica, num enredo insípido com uma boa dose de sequências indutoras de epilepsia e um clímax tão arrogante que não consigo deixar de gostar. O plot twist acaba por se tornar num dos, se não mesmo no, elementos cruciais de toda a franquia, tendo este primeiro filme aberto o apetite para os seguintes.
Todo o enredo gira à volta de Jigsaw, um assassino em série que coloca as suas vitimas em situações de vida ou morte, onde terão de ultrapassar desafios dolorosos (eufemismo) e possivelmente fatais na esperança de conseguir sobreviver, o que quase nunca acontece. Tudo parte de um plano supremo para ensinar os imorais a darem valor à vida. Tendo em conta as sequelas e todas as explicações delas provenientes, não se trata de um argumento propriamente coeso, no final, provavelmente, sobram demasiadas questões. Nunca há um claro desenvolvimento de personagens, tudo se desenrola de forma consistente e, eventualmente, previsível. Apenas com personagens tão desinteressantes e vazias tal enredo faria sentido, o que infelizmente é o ponto mais fraco de todos os filmes.
Fundamentalmente, Saw abriu portas a um novo limiar de violência gratuita no grande ecrã e James Wan recebe pontos pela ousadia e alguma originalidade que trouxe a um género que pouco mais tinha para oferecer. Embora nem sempre bom pelas personagens e pelo verdadeiro sentido de terror, chega a compensar pela estranha e satisfatória experiência que proporciona. Uma boa maneira para começar a semana.
Realizador: James Wan
Argumento: Leigh Whannel, James Wan
Intérpretes: Leigh Whannel, Cary Elwes, Danny Glover, Ken Leung, Dina Meyer, Michael Emmerson
Música: Charlie Clouser
Fotografia: David A. Armstrong
Género: Crime, Mistério, Terror, Thriller
Duração: 103 minutos
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