À falta de ideias novas reciclam-se estórias antigas. Só à luz desta máxima se explica a recente tendência hollywoodesca de adaptar a chick flick todo o material possível e imaginável. Nem os contos infantis escapam à corrente, sexualizados ao limite do permitido e redesenhados segundo os moldes românticos de Twilight, percusor da moda. Red Riding Hood é cópia a papel químico da saga de vampiros e lobisomens pinga-amores, reciclando a fonte original e adaptando à sua realidade os lugares-comuns do género em que se enquadra, indo, inclusive, buscar a realizadora do primeiro tomo da série ja mencionada. Catherine Hardwicke quis repetir o sucesso, mas a coisa não lhe correu de feição. Aqui vale tudo para fazer render o thriller, desde desrespeitar os canônes do whodunnit, fornecendo pistas impossíveis ao espectador, até reduzir virtualmente todas as aparições da fera a matanças inócuas. Desde cedo é fácil perceber o rumo que a estória inevitavelmente vai tomar e a ordem pela qual as personagens irão ser mortas. E entre anacronismos e buracos no argumento vai-se fazendo a fita, quebrando o espírito do mistério sem nunca, no entanto, dificultar a sua resolução, negando qualquer traço de originalidade que pudesse existir.
É fácil encontrar os motivos que levam alguém a gostar de Red Riding Hood. Complicado é percebê-los. Amanda Seyfried tem talento para mais, mas continua a errar na escolha de papéis, Shiloh Fernandez e Max Irons são abomináveis como protagonistas masculinos, safando-se pela aparência, e nem Virginia Madsen, Julie Christie e Lukas Haas escapam a este cemitério na forma de filme. Billy Burke, reciclado da saga Twilight, é caso à parte, passando rapidamente dos 8 aos 80: ou nem aparece em cena, ou, quando aparece, resolve intrigas e mistérios qual deus ex machina, qual quê. O que torna ainda mais estranho que o pior da fita passe mesmo pelo sotaque imbecil que Gary Oldman adopta para a sua personagem. As referências ao material original que se foram desencantar ao baú são, na sua globalidade, despropositadas e diminuem ainda mais, se possível, o valor da fita. O resultado final é lamentável. Pior, parece que as adolescentes de hoje em dia têm o desejo bizarro de serem mordidas por criaturas de caninos afiados.
Realizador: Catherine Hardwicke
Argumento: David Johnson
Intérpretes: Amanda Seyfried, Gary Oldman, Billy Burke, Shiloh Fernandez, Max Irons, Virginia Madsen, Lukas Haas, Julie Christie, Adrian Holmes
Música: Alex Heffes, Brian Reitzell
Fotografia: Mandy Walker
Género: Fantasia, Mistério, Terror, Thriller
Duração: 100 minutos
Amei este filme 5*/5*
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