quarta-feira, 11 de julho de 2012

Wimbledon (2004)

Poucos são os eventos desportivos capazes de atrair a cobertura que cabe ao Torneio de Wimbledon. Vedetas internacionais da modalidade disputando o prémio maior perante bancadas completamente preenchidas e uma aristocracia insular que observa a rede quase misturada com os seus súbditos. A difusão dos mídia só veio alargar a festa, com transmissões televisivas e comentarios de antigas estrelas do desporto (no filme é John McEnroe que faz as vezes de analista de serviço). Parece emocionante, não é? Alguém deve ter achado o mesmo e decidiu produzir uma comédia romântica entre dois tenistas durante o Torneio. Aliás, e melhor ainda, entre uma jovem estrela em ascensão (Kirsten Dunst) e um já mais velho praticante da modalidade que nunca alcançou o estrelato, apesar de ter estado lá perto (Paul Bettany), que se conheceram quando o segundo entrou por engano no quarto de hotel da primeira. É curioso o timing do encontro: Peter Colt, prestes a terminar a carreira profissional, conhece Lizzie Bradbury durante a primeira participação da americana no Grand Slam inglês. O resto são peripécias típicas de uma comédia romântica pouco mais do que sofrível, papel químico de uma fórmula usada até à exaustão, interrompida apenas por breves momentos de ténis com bolas introduzidas na imagem durante a pós-produção. Se o aceitarmos como isso, Wimbledon é engraçado. Caso contrário, não fará muito sentido perder tempo a vê-lo.

Todos os cinéfilos têm os seus guilty pleasures. Wimbledon é um dos meus. Como comédia não é particularmente divertido, como filme romântico não traz nada de novo ao género. E, contudo, vejo-me quase sempre obrigado a parar o que quer que esteja a fazer no momento em que vejo o filme na programação de um qualquer canal da cabo que o decida transmitir em dia de poucas ideias. Há coisas assim na vida, e esta é uma delas. Todos nós temos, pelo menos, um amigo que não consegue explicar as suas escolhas e outro mais causídico na defesa dos seus argumentos. Em relação a Wimbledon, vejo-me no meio das duas figuras, dividido entre o ridículo de gostar de um exercício de cinema de mérito duvidoso e a ainda mais descabida consciência da sua falta de qualidade. Algo de muito errado se passa quando o maior pecado de uma fita passa pelo desperdício de elenco, relegando nomes como James McAvoy, Bernard Hill ou Sam Neill para papéis secundários com pouca ou nenhuma expressão na história. Mas como em tudo neste Mundo, os cães ladram e caravana passa, atirando-me de novo para o sofá sempre que Peter Colt, tenista mediano, caminha pela primeira e última vez rumo ao court central londrino, pronto para derrotar em nome do Reino Unido e da sua amada a arrogante vedeta americana que lhe faz frente. E tudo isto enquanto ouve uma vozinha dentro da sua cabeça dizendo-lhe que está velho e o melhor seria mesmo desistir. É obra! O resto fica para pensar noutro dia, na presença de melhores filmes.


Titulo Original: Wimbledon (EUA/França/Reino Unido, 2004)
Realizador: Richard Loncraine
Argumento: Adam Brooks, Jennifer Flackett, Mark Levin
Intérpretes: Paul Bettany, Kirsten Dunst, Sam Neill, Jon Favreau, Bernard Hill, Eleanor Bron, Nikolaj Coster-Waldau, Austin Nichols, James McAvoy
Música: John Colby, Ed Shearmur
Fotografia: Darius Khondji
Género: Comédia, Desporto, Romance
Duração: 98 minutos


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