«When you're asked to dance, you dance.»
Nunca fui um grande apreciador de filmes de dança, devo confessar; salvo raras excepções, chego mesmo a abominar o género, abstendo-me, na generalidade, de ver tal classe de filmes. Contudo, tenho de dar aqui a mão à palmatória, e admitir que The Maiden Danced to Death foi um filme que me agradou imenso, tanto que o vi duas vezes numa questão de apenas dois ou três dias. Nada mau para um simples filme de dança, certo?
Errado. The Maiden Danced to Death não é um simples filme de dança. Na verdade, a dança ocupa um papel muito mais periférico no filme do que à primeira vista é dado a entender. Desengane-se quem espera encontrar em The Maiden Danced to Death algo na linha de Step Up, em que todos os problemas são resolvidos por um intrincado número musical e tudo fica bem depois dos protagonista suarem um pouco ao som de uma batida incessante e repetitiva. E ainda bem - The Maiden Danced to Death revela-se a quem o vê como um drama ligeiro, com muitas (por vezes, demasiadas) questões por detrás da dança.
Steve (Endre Hules, que aproveita e também realiza a película) é um húngaro "americanizado" que regressa à sua Hungria natal para encontrar o irmão mais novo, Gyula (Zsolt László), à frente da trupe de dançarinos que Steve havia fundado duas décadas antes e casado com a sua antiga namorada, Mari (Bea Melkvi). Steve concorda, então, em financiar e produzir um espectáculo da sua antiga companhia de dança, dirigido por Gyula, que atravessava sérias dificuldades financeiras. O que Gyula desconhece é que Steve é movido por um desejo de vingança não tão claro quanto seria de esperar.
O trio de protagonistas, todos húngaros, por sinal, são a alma do filme: mesmo com algumas falhas, a sua representação é consistente, proporcionando ao espectador uma experiência cinematográfica agradável. Aliás, o maior elogio que lhes pode ser feito é de que a sua interpretação fez com que nomes como os de Deborah Kara Unger, Gil Bellows e Stephen McHattie (já bem mais estabelecidos no panorama cinematográfico internacional) não acrescentassem nada de significativo à película. No pólo oposto, ficaria a interpretação de Emoke Zsigmond (a Gabi do filme), que embora bonita, não tem o talento suficiente para rivalizar com os demais actores húngaros da produção.
As cenas de dança estão bem executadas, mas, como já se disse antes, não serão o maior chamariz do filme. Não obstante, é engraçado ver dança tradicional húngara exibida no grande ecrã. A fotografia e o trabalho de edição, à excepção de umas quantas transições e cortes bruscos, é razoável (Vilmos Zsigmond, o director de fotografia da película, ganhou um Oscar de Melhor Cinematografia por Close Encounters of the Third Kind, em 1977, tendo no currículo mais umas quantas nomeações à estatueta dourada por trabalhos posteriores).
Quem procurar um drama ligeiro para assistir numa noite de sábado passada em casa terá em The Maiden Danced to Death uma boa alternativa. Não será o melhor filme de sempre, mas há coisas bem piores a aparecerem nos nossos cinemas todas as semanas. Ninguém perderá nada por o ver, e, quem sabe, podem até gostar. A título de curiosidade, falta ainda publicar aqui no blog uma entrevista exclusiva com Bea Melkvi, uma das protagonistas do filme. Mais uma razão para verem The Maiden Danced to Death.
Título Original: The Maiden Danced to Death (Canadá/Hungria/Eslovénia, 2011)
Realização: Endre Hules
Argumento: Endre Hules
Intérpretes: Endre Hules, Zsolt László, Bea Melkvi, Deborah Kara Unger, Emoke Zsigmond, István Zámbó, Krisztián Kolovratnik, Viktoria Kerekes
Música: David Burns, Ferenc Kiss
Fotografia: Zoltan Honti, Vilmos Zsigmond (director de fotografia)
Género: Drama
Duração: 100 minutos
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