segunda-feira, 26 de março de 2012

This Must Be the Place (2011)


 «Home is where I want to be.» - Cheyenne (Sean Penn) é uma antiga estrela de rock deslocada do mundo em que vive. Os seus dias passam indistintos entre si, marcados pela letargia característica de um homem que nunca soube o que era crescer. Quando descobre que o seu pai está a morrer, Cheyenne resolve visitá-lo, não chegando a tempo, porém, de o encontrar com vida. Cheyenne decide, então, embarcar numa viagem pelo interior Americano em busca do homem que torturou o seu pai durante a II Guerra Mundial.

This Must Be the Place é um claro piscar de olho ao road movie, um dos géneros mais queridos do público americano. Contudo, o filme escapa à tentação de se aproximar demasiado da cinematografia norte-americana, preferindo manter alguns dos elementos particulares do cinema europeu. Os enredos secundários expandem-se para além da narrativa principal, conferindo ao filme profundidade, embora nem sempre sejam claros ou fiquem completamente resolvidos. Quase irrepreensível do ponto de vista técnico, a fotografia de Lucas Bigazzi destaca-se pela sua beleza e qualidade bem acima da média. A banda sonora original da autoria de Will Oldham e David Byrne é um deleite para os fãs da pop dos anos 80, com o vocalista dos Talking Heads a fazer uma breve aparição no filme como ele próprio.

A grande atracção do filme é, no entanto, um Sean Penn caracterizado à la Robert Smith, vocalista dos The Cure, mas com personalidade muito própria. Penn apresenta-nos uma personagem marcada pelas suas inseguranças, que vai crescendo e perdendo a sua aparente fragilidade ao longo do filme. Judd Hirsch surge também em bom plano como o caçador de nazis Mordecai Midler. O elenco conta ainda com Frances McDormand e Harry Dean Stanton.

Por esta altura, Sorrentino é já um nome bem conhecido de quem acompanha o que de melhor se faz no cinema europeu. O ritmo lento que o realizador italiano confere ao filme não agradará a toda a gente, mas é exactamente o que se pedia para uma obra como esta, permitindo explorar em profundidade todo o potencial da história. This Must Be the Place é, essencialmente, um filme de auto-descoberta e reconciliação com o passado. O Prémio do Júri Ecuménico do Festival de Cannes e as honras de encerramento na 32ª edição do Fantasporto justificam-se, portanto, para aquele que é, discutivelmente, um dos melhores filmes de 2011.


Título Original: This Must Be the Place (França/Irlanda/Itália, 2011)
Realizador: Paolo Sorrentino
Argumento: Umberto Contarello, Paolo Sorrentino
Intérpretes: Sean Penn, Frances McDormand, Judd Hirsch,
Eve Hewson, Harry Dean Stanton
Música: David Byrne, Will Oldham
Fotografia: Luca Bigazzi
Género: Comédia, Drama
Duração: 118 minutos

 

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