terça-feira, 12 de março de 2013

Nem pareceram 70 anos

Não é todos os dias que um filme celebra 70 anos. Melhor, não é todos os anos que um filme como ANIKI BÓBÓ celebra a data. Para assinalar a efeméride, o Fantasporto exibiu a obra no Grande Auditório do Rivoli - em horário privilegiado -, numa sessão que contou com a presença de Manoel de Oliveira e Fernanda Matos.


Sobre a enchente de jornalistas e a selvajaria que teve lugar no átrio do Rivoli não se escreverá aqui - até porque o Nuno Reis, do Antestreia, já o fez, e muito bem, diga-se de passagem -, merecendo o nosso destaque o filme em si. Nunca me tinha apercebido, até o ver projectado em grande ecrã, do quão bem envelheceu Aniki Bóbó. Do tema - a hipocrisia na sociedade - ao trabalho técnico, a estreia de Oliveira nas longas ficcionais mantém-se, ainda hoje, uma obra actual e necessária de ser (re)descoberta.

O filme que antecipou o neorrealismo italiano num ano - OSSESSIONE, de Luchino Visconti, obra que alguns críticos colocam na origem do movimento, só estrearia em 1943 - revelaria logo no início da sua carreira a preocupação de Manoel de Oliveira com a sociedade e os seus problemas. E o amor pelo Porto - que aqui filma como só ele sabe, em belos planos da Ribeira -, a sua cidade (que é também nossa). Em tempos de «um micro-país chamado Lisboa», é sempre bom recordar que há mais Portugal. E vê-lo tão bem representado. Pelo que fez - e pelo que ainda lhe falta fazer -, a Manoel de Oliveira, Decano dos realizadores, o nosso mais sincero obrigado.

«Aniki-bébé, Aniki-bóbó, Passarinho Tótó, Berimbau, Cavaquinho, Salomão, Sacristão, Tu és Polícia, Tu és Ladrão.»

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