Alguma vez apanharam tamanho murro nas gónadas que chega para provocar o vómito? Se não, então preparem-se pois este filme irá fazer isso mesmo e não será nada misericordioso. Meat, de Victor Nieuwenhujis e Maartje Seyferth, pode ser considerado por muitos algo bastante experimental e surreal, enquanto que por outros será como levar com um saco de cimento, cheio de informação confusa e inútil, na cara. De certeza algo que redefine o significado de 'mau'.
Todo o enredo do filme é confuso e um pouco aleatória mas percebe-se claramente que trata da vida de um talhante, com um severo problema no que toca a limites e ética de trabalho, que se diverte a fornicar com a namorada (?) enquanto trabalha e nos intervalos tenta seduzir a sua jovem empregada com o que serão, provavelmente, os comentários eróticos mais porcos e elaborados da história de todos os comentários eróticos. Bem, entretanto, no meio de uma confusão de eventos estranhos, o pobre talhante acaba morto e mais curiosamente o detective encarregue do caso é incrivelmente parecido com o talhante (é o mesmo actor). A partir disto tudo descarrila como um comboio sem rodas a alta velocidade, entre fetiches, violações, suicídios, bovinos e suínos que aparecem de surpresa e cenas pornográficas de baixa qualidade tudo acontece levando a um clímax final ainda mais estranho com uma música bastante apropriada.
Não existem muitos filmes que considere difíceis de ver mas Meat entra definitivamente nessa lista, aliás não é bem o facto de ser difícil de ver, que até nem é assim tanto, é mais pelo facto de me ter deixado completamente furioso após a visualização, ainda por cima numa sessão da uma da manhã depois de um dia cheio de desilusões cinematográficas.
Existe no filme uma certa tentativa de criar algo com um estilo de art cinema ao mostrar os cantos mais horrendos das perversão e prazer do ser humano, infelizmente fica-se por aí. A extrema falta de coesão entre toda a história e os eventos faz com que tudo caía por terra, mesmo os pontos minimamente positivos que suportam o filme, como palitos suportam um elefante adulto, acabam por passar completamente despercebidos ao público, que fica indeciso se deverá soltar umas grandes gargalhadas ou sair a meio e exigir o dinheiro de volta. Há também uma mistura imensa e aparentemente aleatória de tipos de filmagem diferentes durante o filme, desde planos completamente absurdos a visões nocturnas, câmaras de mão, cores invertidas e fast-motion, tudo isto e muito mais filmado pelas mãos de orangotangos, mas como isso também não era o suficiente a edição também piora já que parece algo feito à ultima da hora num computador do século passado.
Toda a imagem do filme é grotesca e, surpreendentemente, transmite de forma eficaz o tema, mas continua a ser apenas mediana. As actuações são minimamente aceitáveis mas, como já referi anteriormente, não chegam para suster todo o peso do que é um dos maiores pedaços de excremento cinematográfico que existe. Uma realização que chega a ser ridícula, se não soubesse diria que foi tudo produto de uma má trip causada por algum super alucinogénico.
Se possível, este é o filme a evitar, completamente desnecessário e exasperante que ninguém devia ver. Só sinto pena por todos os pobres espectadores do Fantasporto 2012 que pagaram bilhete para a sessão deste filme.
Título Original: Vlees (Países Baixos, 2010)
Realizador: Victor Nieuwenhujis; Maartje Seyferth
Argumento: Maartje Seyferth
Intérpretes: Titus Muizelaar; Nellie Benner; Hugo Metsers; Elvira Out
Fotografia: Victor Nieuwenhujis
Género: Crime, Drama
Duração: 85 minutos