Em 1989, andavam Kevin Costner e Ray Liotta a lançar bolas num milheiral - Field of Dreams, de Phil Alden Robinson -, a América estava longe de imaginar que no novo milénio um dos seus desportos nacionais seria reduzido a estatística e aritmética. As bases já haviam sido escritas anos antes, é verdade, mas a teoria só passa a facto quando é finalmente posta em prática. Billy Beane, antigo jogador de basebol convertido em director-geral de uma equipa californiana, precisa de reconstruir o seu esquadrão com pouco dinheiro à disposição. Contrata um recém-licenciado em Economia e aposta a sua carreira numa visão revolucionária do jogo. Se há duas décadas se dizia a célebre «If you build it, he will come», em MONEYBALL o princípio passa quase pelo mesmo: se construíres a equipa certa, as vitórias hão-de aparecer.
O que se tenta explicar é que o basebol é, essencialmente, um jogo do números: o que se gasta, o que se recebe, as percentagens dos jogadores e os pontos conquistados. O que realmente importa é uma relação custo-qualidade aplicada ao desporto; se for bom mas demasiado caro, não interessa. Os olheiros, ligados à tradição, desdenham da abordagem e criticam quem vê o jogo como um conjunto de fórmulas e equações. A primeira vez que surgem em cena - e chega a ser caricato a forma como o fazem - aprovam e eliminam uma série de candidatos com base na sua aparência, na da namorada e noutras tretas que tal. O saber correr, lançar e/ou bater são avaliados individualmente sem que se tenha em consideração o contributo dessas acções para a equipa como resultado. Afirma-se algures na fita que a questão não deve passar por comprar jogadores, mas antes centrar-se em obter vitórias. E como diz Billy - Brad Pitt obcecado com junk food e tabaco de mascar -, um homem capaz de se rir das piadas que lhe dirigem por se saber superior a elas, o resultado do último jogo da temporada é o único do qual os adeptos se lembram.
No final acaba por ser mais importante mudar o modo como se vê o jogo do que ganhar o campeonato. A ideia da vitória moral (a melhor desculpa para derrotas difíceis de engolir), fruto de uma liderança sólida e de um compromisso para com o plano traçado. Bennett Miller - que uns anos antes havia dirigido Capote - volta a causar boa impressão (trata-se apenas da sua segunda longa-metragem), numa realização contida mas repleta de nuances. Pausada e reflectiva, a narrativa avança lentamente, deixando talvez demasiado espaço e tempo para que as noções abordadas se apoderem da audiência. Não obstante, trata-se de um argumento sólido - nota-se a mão de Aaron Sorkin -, capaz de aproveitar o melhor dos seus protagonistas e da história. Justifica a visualização.
Realizador: Bennett Miller
Argumento: Steven Zaillian, Aaron Sorkin, Stan Chervin (baseado no livro de Michael Lewis)
Intérpretes: Brad Pitt, Jonah Hill, Philip Seymour Hoffman, Robin Wright, Chris Pratt, Stephen Bishop
Música: Mychael Danna
Fotografia: Wally Pfister
Género: Biografia, Desporto, Drama
Duração: 133 minutos
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