O ressurgimento do musical como género cinematográfico, através da sua vertente jukebox - da qual Moulin Rouge!, de Baz Luhrmann, se assume ainda hoje um dos expoentes máximos -, deu a Terrance Zdunich a oportunidade de concretizar os seus projectos em filmes. Depois de Repo! The Genetic Opera - aquela distopia em que as empresas podiam recuperar os órgãos que financiavam em caso de incumprimento -, THE DEVIL'S CARNIVAL encaixa-se novamente na linha obscura que marcava o seu antecessor, sofrendo de muitos dos mesmos defeitos.
Não que não haja um cuidado visível a nível visual - caracterização, figurino e direcção artística resultam muito bem em relação ao ambiente geral da história -, mas a realização de Darren Lynn Bousman - que repete a cadeira ocupada no tal Repo! The Genetic Opera - deixa-se dominar pela lógica videoclip. A vontade de filmar as canções como singles, e que leva à repetição exaustiva da fórmula plano dos intérpretes-plano da narrativa, mancha o filme, reduzindo-o a um objecto de curiosidade fugaz.
Zdunich e Bousman aprenderam, no entanto, a limitar a duração das suas fitas, dividindo-as em supostos capítulos. No fim sobra a certeza de que os poucos momentos de inesperada originalidade - e aquele em que uma das personagens diz, em jeito de queixume, «a rebel in Hell, how original» é particularmente engraçado - não chegam, infelizmente, para compensar o resto de The Devil's Carnival. E se alguns temas ficam no ouvido - o que já acontecia no filme anterior -, a simples lembrança do seu lugar na narrativa basta para nos fazer sentir culpados por os querer cantar.
Realizador: Darren Lynn Bousman
Argumento: Terrance Zdunich
Intérpretes: Emilie Autumn, Dayton Callie, Briana Evigan, Sean Patrick Flanery, Jessica Lowndes, Bill Moseley, Paul Sorvino, Alexa Vega, Terrance Zdunich
Música: Saar Hendelman, Terrance Zdunich
Fotografia: Joseph White
Género: Fantasia, Musical, Terror
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