Todos os anos surgem no horizonte uns quantos biopics. O género é óptimo para quem anda à caça de prémios e a malta da Academia costuma gostar de fitas sobre a vida de celebridades. Não será, por isso, de estranhar que este HITCHCOCK, de Sacha Gervasi, tenha aparecido. Os bastidores de Psycho servem de mote a um olhar - atento? - à relação entre Alfred Hitchcock e Alma Reville, a sua mulher e colaboradora de longa data. Mas será que a fórmula resulta?
Ou melhor, será que a fórmula resulta quando aplicada a um dos cineastas mais completos - e complexos - do século XX? A questão até pode ser demasiado redutora, mas é um excelente ponto de partida para uma análise à obra em questão. Até porque todo o filme funciona à base de simplificações. Sacha Gervasi, sentido necessidade de se afastar do cânone hitchcockiano - terrenos onde lhe seria difícil triunfar -, simplifica Hitchcock e as suas relações às formas mais básicas, encaixotando-as. Será esse o principal defeito do seu filme - e de uma direcção que revela alguma inexperiência -, a transformação de Hitchcock numa caricatura de si mesmo.
Porque Hitchcock, o filme - e, já agora, o personagem, interpretado por Anthony Hopkins -, não será, em si, péssimo. Mas quando se coloca uma das personalidades mais influentes do Cinema como um conjunto de silhuetas e maneirismos mais ou menos tipificados é sinal de que algo está mal. E nem as senhoras - Helen Mirren e Scarlett Johansson quase irrepreensíveis nos seus papéis - ou as inúmeras referências à obra do britânico são capazes de apagar essa sensação. Mediano.
Realizador: Sacha Gervasi
Argumento: John J. McLaughlin (baseado no livro de Stephen Rebello)
Intérpretes: Anthony Hopkins, Helen Mirren, Scarlett Johansson, Danny Huston, Toni Collette, Jessica Biel, James D'Arcy, Kurtwood Smith, Michael Stuhlbarg
Música: Danny Elfman
Fotografia: Jeff Cronenweth
Género: Biografia, Drama
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