sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Warm Bodies (2013)

Rom-com-zom.

Andámos nós décadas a fio a enfiar, literalmente, coisas na cabeça dos zombies para agora descobrirmos que bastava amá-los. Afinal, os humanos são todos uns malvados e exterminam tudo o que lhes aparece pela frente. É essa a noção-base de WARM BODIES, de Jonathan Levine, uma espécie de crítica social - muito tímida, é certo, mas que marca presença - através da comédia romântica.


Esqueceram-se, talvez, é que o mesmo - ou, pelo menos, algo muito semelhante - já havia sido feito com Fido (2006), de Andrew Currie - objecto ainda mais esquisito ambientado numa América similar à da década de 50, e que colocava um morto-vivo domesticado apaixonado pela sua dona -, que, de resto, resultava bem melhor no capítulo da crítica. A matança dos zombies é comparada a um genocídio - ou à segregação racial, no caso de Fido -, um acto que demonstra a brutalidade dos vivos para com os mortos. E, enfim, uma história de amor, por pouco original que seja, acaba por ser o mecanismo perfeito para unir as espécies, quase como uma reconciliação com o passado - a queda de um muro, metafórico e literal - e as atrocidades cometidas. Aqui será entre R, um zombie com consciência, e Julie, a filha do líder da resistência. Esse reciclar de lugares-comuns, das convenções da comédia romântica - o atrair dos opostos, por exemplo -, limita o potencial do filme, reduzindo o alcance da mensagem.

O sacrifício do conteúdo pela forma leva Levine a apostar num conjunto de tiques característicos do género e do público-alvo a que aponta. A tendência de fechar, lentamente, os planos na cara dos protagonistas ou de preencher quase todos os segundos da fita com música revela a imaturidade de Warm Bodies enquanto filme. Aos bons momentos sucedem-se outros mais comezinhos, num esforço gritante de reduzir a complexidade da narrativa. No fim, sai-se da sala com a sensação de que alguma coisa poderia ter corrido melhor. Não sendo um mau filme, deixa algo a desejar.


Título Original: Warm Bodies (EUA, 2013)
Realizador: Jonathan Levine
Argumento: Jonathan Levine (baseado no romance de Isaac Marion)
Intérpretes: Nicholas Hoult, Teresa Palmer, Analeigh Tipton, Rob Corddry, Dave Franco, John Malkovich
Música: Marco Beltrami, Buck Sanders
Fotografia: Javier Aguirresarobe
Género: Comédia, Romance, Terror
Duração: 98 minutos



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