sábado, 16 de junho de 2012

Real Steel (2011)

Rocky a vapor.

Lançado depois da época alta dos blockbusters, Real Steel prometia pouco. Claro que nomes como Spielberg, Zemeckis (produtores executivos) ou Danny Elfman (banda sonora original) lhe davam algum encanto, mas era difícil encará-lo como um filme sério, algo mais do que um produto da nova Hollywood, procurando facturar à custa de histórias recicladas e público incauto. Mas e se a história reclicada fosse da autoria de Richard Matheson (o mesmo que escreveu I Am Legend) e a fita contasse com fotografia de Mauro Fiore (vencedor de um Oscar pelo seu trabalho em Avatar)? Com tantos nomes grandes envolvidos na produção, sem contar com o elenco, era complicado não sentir a mínima curiosidade em relação a Real Steel. Seria tão mau como o esperado? Haveria algo que salvasse da fúria dos críticos um filme que estaria condenado logo à partida?

Num futuro próximo, o boxe robótico tornou-se o desporto-rei. As multidões deliram com tecnologia a andar à porrada com tecnologia (ou com touros, como no início do filme) e não é de estranhar que cedo após o aparecimento da modalidade se tenha criado uma Liga Mundial com robots de tudo o que é sítio a combaterem pelo primeiro lugar e o cinto de campeão. Os humanos também têm lugar nesta actividade, mas apenas como controladores à distância dos dispositivos mecânicos. Charlie Kenton é um antigo pugilista que, com a decadência do seu desporto, se voltou para a variante robótica do boxe. Sem grande jeito para a coisa, vai perdendo robots uns atrás dos outros, gastando todo o seu dinheiro na procura do lutador que finalmente lhe dê a fama e a fortuna que tanto quer. Só que em vez de um robot encontra Max, o filho que há muito deixou para trás. Charlie tem em Max uma hipótese de se redimir dos erros do passado, mas será ele capaz de se tornar um pai quando tudo a que está habitudo é ser um lutador?

Pai ausente, filho abandonado, robot-lutador desprezado - a tríade em que este Real Steel monta alicerces. Não fosse o último elemento e seria um drama familiar sofrível, desprovido de particular interesse e com um casting pouco mais do que inadequado. Com robots pugilistas à mistura passa a filme de acção sci-fi com um bocadinho de drama à parte. O cinema tem destas coisas. Personagens planas, enredo previsível, muita CGI e um final demasiado family-friendly. Tudo o que normalmente estraga um filme aqui faz com que ele resulte. Hugh Jackman e Evangeline Lilly, nomes maiores do elenco, aparecem demasiado discretos para o bem da película. Do lado oposto do espectro, Dakota Goyo e os efeitos visuais surgem em destaque, salvando o que havia para salvar de um filme que se esperava mediano. Não dizendo que é bom, o resultado final poderia ter sido bem pior. No geral, Shawn Levy, habituado a comédias familiares, assina em Real Steel um filme de acção competente. Dizer mais do que isso seria exagerar, menos seria injusto. Mediania no espectro cinematográfico do início ao fim, com o meio a fazer lembrar o suficiente Rocky para evitar traçar paralelos óbvios entre as duas obras.


Título Original: Real Steel (EUA/Índia, 2011)
Realizador: Shawn Levy
Argumento: John Gatins, Dan Gilroy, Jeremy Leven (baseado no conto de Richard Matheson)
Intérpretes: Hugh Jackman, Dakota Goyo, Evangeline Lilly, Anthony Mackie, Kevin Durand, Karl Yune, Olga Fonda
Música: Danny Elfman
Fotografia: Mauro Fiore
Género: Acção, Desporto, Drama, Ficção-Científica
Duração: 127 minutos


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