Uma das culturas mais afectadas pelas ondas de fervor histórico que periodicamente assolam Hollywood é a da Antiga Grécia. Rica em História, lendas e mitologia, fornece material suficiente às fornalhas da indústria, obrigadas pelo lucro a produzir mais em quantidade do que em qualidade. Já se escrevia sobre a discrepância entre potencial e produto final a propósito de Clash Of The Titans (remake do clássico com Laurence Olivier e Maggie Smith), filme de formato e temática semelhantes aos do mais recente IMMORTALS. Pegar em personagens lendárias - sejam elas deuses, semi-deuses ou humanos - e colocá-las num modelo narrativo ao jeito do cinema norte-americano de acção/aventura há muito que não constitui novidade. Desta feita foi a vez de Teseu. Favorecido pelos deuses, o seu objectivo é impedir que o rei Hipérion use o mítico arco de Épiro para libertar os titãs e subjugar a Humanidade.
Se também na premissa se retoma o template utilizado noutras produções, Immortals destaca-se, no entanto, na sua vertente mais visual, com Tarsem Singh a afirmar que pretendia dar à imagem a aura de uma pintura Renascentista. Os constantes jogos de luz e sombra - utilização abundante do chiaroscuro - dão à película uma interessante componente gráfica, apesar de, por vezes, demasiado escura, impossibilitando o acompanhamento da acção. O tratamento da imagem assemelha-se ao de 300, de Zack Snyder, revelando-se, contudo, ligeiramente mais cansativo de assistir. Singh desperdiça parte do elenco (John Hurt e Freida Pinto têm talento para mais, Stephen Dorff continua mediano) e coloca Henry Cavill como um Teseu que nem aquece, nem arrefece, frente-a-frente a um Mickey Rourke cada vez mais habituado a fazer de vilão atormentado pela morte da família.
Num filme sobre mitologia Clássica que figura proeminentemente deuses e titãs Singh toma algumas liberdades curiosas em relação à estória. Algumas, como as de tornar o Minotauro um homem (monstruoso, é verdade, mas mesmo assim apenas um homem) ou de desfigurar e mutilar as hordas de Hipérion, acentuam o carácter derivativo de Immortals. No fundo, acabam por resumir bem o espírito do próprio filme: não sendo particularmente bom - ou sequer razoável -, encaixa-se perfeitamente no modelo que se propôs seguir.
Realizador: Tarsem Singh
Argumento: Charley Parlapanides, Vlas Parlapanides
Intérpretes: Henry Cavill, Mickey Rourke, Freida Pinto, Stephen Dorff, Luke Evans, John Hurt, Joseph Morgan, Anne Day-Jones, Isabel Lucas
Música: Trevor Morris
Fotografia: Brendan Galvin
Género: Ação, Drama, Fantasia
Duração: 110 minutos
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